Dacia Sandero Stepway TCe 100 "bi-fuel" (fotos de João Apolinário)

Condução fácil mas pouco envolvente

Suspensão muito confortável

Capót mais alto no Stepway

Barras articuladas são opcional

Designação passou das portas para a grelha

Mais 37 mm de altura ao solo no Stepway

Distância entre eixos aumentou 15 mm

Redutor para abastecer de GPL

Depósito de GPL no lugar da roda suplente

Capacidade da mala é de 328 litros

Materiais do habitáculo melhoraram

Painel de instrumentos merecia outro desenho

Prático ecrá tátil central

Novos tipos de materiais no Sandero

Caixa manual de seis velocidades bem escalonada

Boa posição de condução

Os bancos são novos e mais confortáveis

Espaço acima da média na segunda fila

A nova geração do Sandero evoluíu em todas as áreas, do estilo ao habitáculo, passando pela dinâmica. A versão TCe 100, um “bi-fuel” gasolina/GPL também melhorou, mas será que ainda faz sentido? Nada como ir para a estrada e fazer as contas.

 

A Dacia diz que esta versão TCe 100 “bi-fuel” do Sandero Stepway também é um híbrido, o que não está errado. Claro que não tem nenhum tipo de eletrificação, mas a verdade é que se pode mover propulsionado por dois tipos de combustível, pois tem um motor que consome gasolina ou GPL.

Deixando de lado as definições teóricas e avançando para a prática, esta nova geração do Sandero ganhou muito em termos de estilo exterior, mantendo uma ligação com o modelo anterior, mas numa interpretação mais moderna.

Mais ainda nesta versão Stepway com o visual “off road” que se tornou na preferida de 60% dos compradores portugueses. Além de ter mais 37 mm de altura ao solo, proteções de carroçaria e para-choques ao estilo “TT” ainda acrescenta um capót mais alto que a versão normal do Sandero, para lhe dar um visual mais marcante.

Em opção, existem barras de tejadilho articuladas, que se podem montar na posição longitudinal ou transversal, evitando ter que usar outros suportes transversais.

Por dentro é outro carro

Por dentro, o Sandero também melhorou substancialmente, com utilização de materiais de melhor qualidade, acabamentos mais cuidados e mais equipamento, como um ecrã central tátil. O espaço para passageiros continua a ser um dos seus trunfos, ficando ao nível de um bom modelo do segmento B, por preços do segmento A.

A posição de condução é um pouco mais alta que na versão “normal”, não muito mas o suficiente para se perceber a diferença. As regulações do volante e do novo banco têm amplitude suficiente e o condutor vai sentado com conforto e bom apoio lateral.

GPL melhor integrado

Tal como na geração anterior, o arranque é sempre feito com o motor a funcionar a gasolina. Mas depois há um novo botão, muito melhor integrado que no passado, para mudar para GPL.

Com o motor ainda frio e fazendo essa comutação em andamento, nota-se um ligeiro soluço, que desaparece quando as temperaturas normais de funcionamento são atingidas.

A integração do sistema GPL está melhor que no passado também pela existência de um computador de bordo que dá os consumos em separado, quando se usa a gasolina ou o GPL. O depósito de GPL ocupa o lugar da roda suplente, nada mais. Por isso não rouba espaço à mala, que tem 328 litros.

O bocal de abastecimento de GPL fica ao lado do que serve para o depósito de gasolina, existindo um redutor que está guardado na mala. Em sí, o abastecimento de GPL não é tão simples como “meter” gasolina, mas não é complexo nem demorado.

Motor 1.0 turbo de 100 cv

O motor é o recente 1.0 TCe que nesta configuração tem 100 cv, transmitidos às rodas da frente por uma caixa manual de seis relações, que não é muito rápida.

Arranque muito suave, com o motor de três cilindros a fazer pouco ruído e com disponibilidade dos 170 Nm de binário desde regimes baixos. Mas nota-se um acréscimo de força a partir das 2500 rpm, quando o turbocompressor atinge a pressão máxima.

Como é hábito na Dacia, as relações de caixa estão muito bem escolhidas, dando sempre a impressão de serem mais curtas que o geral da concorrência, o que dá ao conjunto uma boa agilidade em cidade.

Mesmo na autoestrada, a rolar a 120 km/h, com o motor perto das 2500 rpm, há sempre a sensação de que o motor vai no mínimo esforço e que ainda tem uma boa reserva de potência, caso necessário.

Alternando entre gasolina e GPL, as diferenças de ruído, de disponibilidade a baixos regimes e de potência, são muito poucas ou nenhumas. O motor não altera o seu desempenho quando funciona a GPL.

A aceleração 0-100 km/h anunciada é de 11,9 segundos e a velocidade máxima de 177 km/h.

Mesma plataforma do Clio

A plataforma é a mesma CMF-B do novo Clio, com suspensão MacPherson, à frente e eixo de torção, atrás. O acerto dá clara prioridade ao conforto e isso nota-se bem quando o piso não é perfeito. O Sandero faz valer o maior curso da versão Stepway, passando por buracos e bandas sonoras com grande indiferença.

Claro que os pneus de perfil alto (205/60 R16) também dão uma ajuda importante ao conforto e são a prova de que não é preciso usar jantes de 17 ou 18” num carro deste tamanho para lhe dar um ar convincente.

Claro que o preço a pagar por esta suspensão e por estes pneus é uma dinâmica em curva que perde um pouco de precisão e, sobretudo, de entusiasmo na condução. A inclinação lateral é sensível e a atitude na entrada em curva é ligeiramente subviradora.

Mas isso só se torna óbvio quando se aumenta a velocidade em estradas com muitas curvas, o que está longe de ser a vocação do Sandero Stepway. Até porque a direção transmite pouco tato da estrada e o ESC entra em ação com alguma frequência.

E quanto gasta?

Guiado de forma um pouco mais tranquila, o Sandero Stepway controla bem as transferências de massas, sem exagero nas inclinações laterais, transmitindo uma sensação de controlo claramente superior à do seu antecessor.

Quanto aos consumos, fiz dois testes, ambos em ambiente citadino. Utilizando apenas gasolina, registei um consumo de 7,4 l/100 km. Passando para o GPL, o computador de bordo marcou 10,2 l/100 km, também em cidade.

A GPL custa 20% menos

Mas estes valores têm que ser cruzados com o custo do litro de gasolina (1,33 euros) e do GPL (0,76 euros) para se chegar ao custo por cada 100 quilómetros.

No caso de usar gasolina, esse valor é de 9,8 euros, quando se passa para o GPL, o custo por 100 quilómetros baixa para os 7,7 euros. Ou seja, 20% mais barato a GPL.

Outro “detalhe” interessante é a autonomia total. Tomando os valores de consumos que obtive e as capacidades anunciadas para os depósitos de gasolina e de GPL, conclui-se que um depósito de gasolina chega para fazer 640 km e um depósito de GPL dura 490 km. Em ambos os casos, circulando em cidade. Ou seja, uma autonomia total de 1130 km.

Conclusão

Depois de testar o novo Dacia, é fácil perceber por que razão o modelo tem sido o preferido dos compradores particulares europeus. E a nova geração, muito evoluída, deverá ter argumentos para reforçar essa preferência. A versão “Bi-fuel” a gasolina e GPL é uma boa escolha pois custa 13 800 euros de preço base, apenas mais 250 euros que a versão a gasolina TCe 90. Consome 20% menos e a única limitação será o menor número de postos de abastecimento de GPL.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Dacia Sandero Stepway TCe 100 “bi-fuel”

Potência: 100 cv

Preço: 13 800 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

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