Dacia Jogger 1.0 TCe 7L Extreme (fotos de João Apolinário)

Distância entre-eixos é de 2,90 metros

Estilo "a puxar" aos SUV

Pneus de alto perfil ajudam ao visual "off road"

Luzes de trás na vertical

O novo membro da família Dacia

Barra rodam 90 graus e levam 80 kg de carga

Luzes de dia em LED têm forma de "Y"

Jantes negras fazem parte do nível Extreme

Sensação de qualidade bem trabalhada

Painel de instrumentos muito simples

Ecrã tátil fácil de usar

Comandos da climatização separados e de rodar

Caixa manual não é muito rápida

Só falta um pouco mais de apoio lateral aos bancos da frente

Muito espaço na fila do meio

Mesas tipo avião nos lugares 2A e 2C

Dois adultos cabem na terceira fila

Com sete lugares em uso, mala reduz-se a 160 litros

Com a terceira fila rebatida, a mala leva 565 litros

Dinâmica segura e previsível

Extreme é o nome da Série limitada do Jogger

Condução pouco interativa, mas fácil

Suspensão muito confortável

Carros com sete lugares são associados a famílias com mais de três filhos, são uma necessidade, mais do que uma escolha. Mas a Dacia quer mostrar que não é preciso ter quatro filhos para comprar um Jogger.

 

Monovolumes, essa palavra que se tornou sinónimo de aborrecimento, de última escolha, de opção feita à força, só porque não há outra maneira de transportar uma família numerosa.

A Dacia também já teve um, o Lodgy, que correspondia mais ou menos ao que disse no primeiro parágrafo mas que deixou de ser fabricado. Os clientes querem a “aventura” de um SUV, não a monotonia de um MPV. Mesmo que percam em versatilidade.

O novo membro da família Dacia

Pergunto-me como foi possível modelos como o Espace e o Scénic terem tido tanto sucesso? Antes de serem remetidos ao esquecimento. Mas as modas são modas, e não vale a pena contrariar.

Três-em-um

A Dacia diz que o Joger é uma espécie de “três-em-um” por juntar a versatilidade de um MPV, a silhueta de uma carrinha e o aspeto de um SUV. Honestamente, tenho dificuldade em encontrar qualquer dessas “qualidades” no novo modelo.

Distância entre-eixos é de 2,90 metros

Mas isso não quer dizer que o Jogger não tenha um lugar no mercado. Um lugar solitário, pois nem a Dacia consegue identificar rivais diretos. Mas consegue identificar clientes alvo.

Começando pelo princípio, o Jogger partilha a plataforma CMF-B com o Sandero, acrescentando um módulo que lhe faz aumentar a distância entre-eixos de 2,60 m para 2,90 m e chegar aos 4,55 m de comprimento, contra os 4,09 m do Sandero.

5 ou 7 lugares

A altura máxima é 13 cm maior o que permite montar três filas de bancos no habitáculo e chegar aos sete lugares de lotação máxima. Mas há uma versão de cinco lugares, para quem quiser maximizar a capacidade da mala.

 

Na versão de cinco lugares, a mala leva 708 litros até à chapeleira e com todos os lugares em uso. Na versão de sete lugares, a capacidade da mala, também com cinco lugares em uso é de 565 litros.

Com a terceira fila rebatida, a mala leva 565 litros

A terceira fila é composta por dois bancos que dobram as costas para cima do assento e se podem retirar do carro, um a um. Não são pesados, nem é uma manobra complicada de fazer.

Muito espaço nas três filas

A segunda fila também se pode rebater: costas em cima dos assentos e depois puxa-se tudo para a vertical. A “gruta” resultante é gigantesca: 2085 litros até ao tejadilho.

Claro que, com sete a bordo, a mala reduz-se muitíssimo, ficando-se pelos 160 litros, mas com uma maneira de levar a chapeleira no fundo da mala restante.

Com sete lugares em uso, mala reduz-se a 160 litros

O espaço impressiona também com os sete lugares em uso. Desde logo porque a segunda fila leva mesmo três adultos, com razoável conforto. O acesso à terceira fila não é um drama, porque as portas traseiras são compridas.

E depois de lá chegar há espaço para dois adultos. Não é daqueles que só servem para crianças e até tem vidros de abertura em compasso.

Anfiteatro

Para manter toda a gente bem disposta, a segunda fila é 55 mm mais alta que a da frente e a terceira é 25 mm mais alta que a segunda. Ao estilo anfiteatro, para todos poderem espreitar para a estrada.

Muito espaço na fila do meio

Do habitáculo, o que mais há a dizer é que tem porta-objetos com um total de 23 litros de capacidade e várias soluções práticas: ganchos, tomadas USB, luzes interiores e um suporte para o smartphone, anexo ao ecrã tátil central.

Sensação de qualidade bem trabalhada

De resto, a qualidade dos materiais parece melhor do que é, devido a alguns acabamentos inteligentes e aplicações têxteis de bom gosto: “low cost” é a última coisa que vem à cabeça de quem se sente num Jogger.

Edição limitada Extreme

O sucesso da Dacia deu-lhe até coragem para lançar esta série limitada Extreme, com mais equipamento, acabamentos mais cuidados e detalhes de decoração no interior, que fazem o Jogger ter um ar ainda mais apetecível.

Barra rodas 90 graus e levam 80 kg de carga

Por fora, o degrau entre a altura dos vidros das portas da frente e das de trás dá-lhe um ar utilitário curioso. As barras do tejadilho podem rodar-se 90 graus e levar 80 kg de peso e os farolins traseiros estão arrumados na vertical, para deixar a tampa da mala ser o maior possível.

Jantes negras fazem parte do nível Extreme

A altura ao solo é de 200 mm, graças em parte aos pneus de alto perfil, que lhe dão o tal visual “off-road”: 205/60 R16. Mas a tração é apenas às rodas da frente, não há opção 4×4.

Simples e eficaz

Face a um Sandero Stepway, a posição de condução é em tudo semelhante: boa colocação do volante, que tem ajustes suficientes; banco confortável, com apoio lateral suficiente.

O painel de instrumentos é bastante simples e o ecrã tátil central também, mas cumprem a sua função segunda aquele lógica da Dacia: “não é preciso mais.”

Painel de instrumentos muito simples

O motor mais potente da gama é o 1.0 TCe de 110 cv, o conhecido três cilindros turbo de injeção direta do Grupo Renault. Tem 200 Nm de binário máximo às 2900 rpm, mas às 1750 rpm a curva já subiu aos 190 Nm.

Em cidade

Ao volante, a primeira sensação que se tem é que o Jogger é comprido, basta olhar para os retrovisores. O que obriga a algumas cautelas ao negociar cruzamentos em ruas mais apertadas. Tem que se dar um “desconto”.

Dinâmica segura e previsível

A disponibilidade do motor é suficiente, em cidade, existindo um botão para o modo Eco, que muda o mapa do acelerador para um mais inerte. Foi neste modo que fiz o meu habitual teste de consumos, que resultou num valor de 6,8 l/100 km.

É um valor bom, para um motor não híbrido, algo que deverá chegar só em 2023. Mas foi um valor obtido apenas com o condutor a bordo.

Caixa manual não é muito rápida

Os pneus e a suspensão altos dão ao Jogger um pisar muito confortável, o mau piso é-lhe quase indiferente.

Gasta muito pouco

Na autoestrada, o meu teste de consumo a 120 km/h resultou num valor de 5,2 l/100 km, que só se pode elogiar. Neste tipo de vias, nota-se que a insonorização face ao ruído de rolamento e do motor está bem feito. Só sobram alguns silvos aerodinâmicos menos agradáveis.

Ecrã tátil fácil de usar

Conduzido com um pouco mais de pressa, em estradas com algumas curvas, percebe-se que os pneus altos não contribuem para uma dinâmica muito precisa. Nem a direção tem um tato muito interativo.

Melhor ir devagar

A caixa manual também se mostrou um pouco lenta e nem sempre precisa, com um escalonamento longo, que explica os consumos em autoestrada. Quando se pede mais aos motor, fica a perceber-se que realmente lhe custa dar tudo o que tem abaixo das 2000 rpm.

Extreme é o nome da Série limitada do Jogger

Ao banco também lhe falta mais apoio lateral e, na altura de travar forte, é claro que o tamanho e a altura se fazem sentir, apesar de os 1233 kg não serem um problema.

Muito seguro

A Dacia anuncia a aceleração 0-100 km/h em 10,5 segundos, um bom “tempo”, mas não me parece que o condutor típico do Jogger esteja muito preocupado com isso.

Condução pouco interativa, mas fácil

Talvez lhe interesse saber que o comportamento dinâmico passa do neutro a subvirador, numa entrada mal calculada em curva, o que se resolve facilmente: desacelera-se. E a traseira mantém-se no seu sítio, sem nenhum nervosismo.

Conclusão

Como transportador de sete passageiros ou de apenas cinco, com imenso espaço para bagagens, o Jogger tem uma versatilidade que poderá agradar a quem goste simplesmente de carrinhas grandes, com visual “off road”. Tem tudo o que é essencial e alguma coisa mal, nesta versão Extreme de sete lugares que custa 20 800 euros. A versão de entrada, de cinco lugares, custa 17 000 euros. Dá que pensar, não dá?…

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Dacia Jogger 1.0 TCe 7L Extreme

Potência: 110 cv

Preço: 20 800 euros

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

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