Citroën C3 Aircross 2021 (fotos de AIFA/Jorge Cunha)

Agora há 70 combinações de cores disponíveis

O conforto dos bancos é a maior diferença na condução

O C3 Aircross não tem medo de caminhos todo-o-terreno

Boa posição de condução, mais alta que o normal

Ecrã tátil aumentou de dimensões

Bancos Advanced Comfort fazem uma grande diferença

Banco traseiro desliza em 150 mm

Capacidade da mala varia de 410 a 520 litros

A altura ao solo é de 178 mm o que protege o fundo

Nova decoração do terceiro vidro lateral

Motores 1.2 a gasolina e 1.5 Diesel disponíveis

O C3 Aircross recebeu um restyling, novos bancos, mais equipamento e está de novo pronto para a luta, na cidade ou fora de estrada. Primeiro teste, que mostrou a sua faceta de todo-o-terreno.

 

Os “restylings” são uma necessidade de qualquer modelo, geralmente após três ou quatro anos depois de ser lançado. Mas são também uma oportunidade para se voltar a promover o modelo e para o reencontrar, recordando os seus pontos fortes e menos fortes.

Foi o caso deste primeiro teste ao renovado C3 Aircross, lançado originalmente em 2017, e tendo chegado a ocupar o quinto lugar nas vendas do segmento, em Portugal. Só que, de então para cá, o segmento mudou muito.

Os B-SUV não param de aumentar a sua quota de mercado na Europa, são o tipo de carro cujas vendas mais crescem e há uma razão óbvia para isso: entre os SUV, têm a dimensão e o preço que melhor se adapta a uma grande parte dos compradores.

Metade já compra SUV

Em Portugal, já são 47,1% de todo o segmento B que, no nosso país é o segmento mais vendido, representando 46,4% do mercado de veículos ligeiros de passageiros.

Tal é a apetência deste segmento que algumas marcas chegam a ter dois B-SUV diferentes à venda, para aproveitar ao máximo a procura. Após quatro anos, era óbvio que o C3 Aircross precisava de uma renovação.

Mas antes de ir ao detalhe daquilo que mudou, um percurso em estrada e autoestrada chegou para reavivar a memória do que é o C3 Aircross. Primeiro, ao volante de um 1.2 PureTech automático de 130 cv e depois com um 1.5 BlueHDI manual de 110 cv.

O reencontro

A posição de condução é mais alta do que vários concorrentes, o que deve satisfazer os adeptos do género. A posição e regulação do volante é muito boa, bem como dos pedais e da alavanca da caixa, seja da manual ou da automática.

A grande novidade a este nível é a substituição dos anteriores bancos pelos Advanced Comfort, usados também pelo C5 Aircross. E os novos bancos fazem uma grande diferença.

São largos e de acesso fácil, transmitem uma sensação de comodidade imediata e as regulações são suficientes. Como têm estratos de espuma de rigidez diferente (os primeiros 15 mm são de alta densidade) conseguem ser confortáveis e suster bem o corpo, apesar de não terem muito suporte lateral.

A verdade é que fazem o C3 Aircross sentir-se mais confortável que no passado, mesmo com os pneus 215/50 R17 do PureTech que testei. E sem que a Citroën anuncie alguma alteração aos amortecedores.

Curva o que é preciso

Desde o início que o C3 Aircross se posicionou como um dos mais altos do segmento, mas isso não quer dizer que a dinâmica em curva seja muito prejudicada. O comportamento está razoavelmente bem controlado, para o uso que os clientes potenciais lhe vão dar.

Não há excessiva inclinação lateral em curva, nem muita tendência subviradora, quando se exagera na velocidade de mudança de rumo. A direção não tem um tato extraordinário, mas faz o seu serviço, sem sequer ter excesso de assistência, que é um mal de muitos concorrentes.

Gasolina e Diesel

Quanto aos motores que testei, são conhecidos e ambos cumprem bem o seu papel no C3 Aircross. O 1.2 Puretech de 130 cv tem boa resposta nos regimes médios e baixos, mas a caixa automática de seis relações faz subir o tempo dos 0-100 km/h para os 10,7 segundos, pior que os 10,1 segundos que anuncia o 1.2 PureTech de 110 cv com caixa manual de seis.

O 1.5 BlueHDI de 110 cv, com caixa manual de seis faz 10,8 segundos nos 0-100 km/h, mas tem 250 Nm de binário máximo, contra os 205 Nm do motor a gasolina, o que lhe dá melhor resposta a todos os regimes. E nem sequer se poder dizer que o motor 1.5 Diesel de quatro cilindros seja claramente mais ruidoso que o 1.2 a gasolina de três.

A diferença é que o PureTech gastou na casa dos seis litros aos cem quilómetros e o BlueHDI ficou um litro abaixo. Mas a diferença de preço favorável ao motor a gasolina vai continuar a merecer a preferência de 70% dos compradores, espera a Citroën.

O que mudou?

Mas afinal o que mudou no C3 Aircross, além dos bancos? O desenho da frente ficou mais agressivo, mais SUV com os faróis de dia em LED dispostos em “Y” deitado, como nos mais recentes modelos da marca.

Depois há mais jantes disponíveis (16” ou 17”) e mais combinações entre as cores da carroçaria, do tejadilho (branco ou preto), dos apontamentos de cor em alguns detalhes e dos autocolantes nos vidros do pilar traseiro. No total são 70 combinações.

Por dentro, o ecrã central tátil passou de 7” para 9” mas manteve a mesma organização, que não é fantástica. Tem também uma consola nova, com um novo porta-objetos com tampa entre os bancos e, como opcional, um tejadilho de abrir panorâmico.

Prático como sempre

O pacote de ajudas à condução foi reforçado, chegando agora à dúzia, e os sistema conectados também foram aumentados. O Head Up Display é a cores, mas projetado numa lâmina retrátil de plástico.

Os forros dos bancos e portas têm novas cores, mas o mais importante é que o espaço na segunda fila continua a ser muito bom, sobretudo em altura e comprimento, pois o banco desliza longitudinalmente em 15 cm, nas suas duas partes, repartidas em 1/3 e 2/3.

A possibilidade de avançar o banco de trás, permite fazer variar a capacidade da mala dos 410 para os 520 litros, com bom acesso. Enfim, tudo muito prático e racional, com o toque de originalidade no desenho, que se espera de um Citroën.

E também faz todo-o-terreno

A surpresa deste primeiro teste aconteceu perto do fim, com a Citroën a propor uma passagem por um troço de terra que estava longe de ser óbvio.

Entre subidas íngremes, para testar as várias posições do controlo de tração ajustável “Grip Control”, e descidas ainda com mais inclinação, para pôr à prova o Hill Descent Control, não faltou sequer uma travessia de um riacho, para a fotografia.

Mas o que mais impressionou foi que o fundo do carro nunca tocou no chão, mesmo em secções com regos mais profundos, resultado de uma altura ao solo de 178 mm. Apenas com tração às rodas da frente, o C3 Aircross também mostrou sempre boa tração, mesmo em subidas com pedra solta.

As unidades que testei estavam equipadas com pneus de Inverno, o que ajuda, mas este troço serviu para comprovar que o C3 Aircross também consegue umas escapadas por caminhos de terra onde um utilitário normal não consegue passar. Nem todos os B-SUB podem dizer o mesmo.

Sem híbridos

A gama tem quatro motores, dois a gasolina e dois Diesel. Nos 1.2 PureTech há opção entre uma versão de 110 cv e caixa manual (19 307€) ou 130 cv e caixa automática (24 107€). Nos Diesel 1.5 BlueHDI, a opção é entre uma versão de 110 cv com caixa manual (21 816€) e outra de 120 cv e caixa automática (27 006€). Todas as caixas têm seis relações.

Não há nenhuma versão híbrida, semi-híbrida, nem elétrica, pois a plataforma ainda é a mais antiga PF1, que não admite esse tipo de solução.

Conclusão

A Citroën espera que o renovado C3 Aircross possa reconquistar quota de mercado, tendo como objetivo igualar a quota de mercado da marca em Portugal de 8,3%. A marca tem vindo a subir consistentemente desde 2015, quando tinha 6,0% de quota. Por isso, a tarefa do B-SUV não é fácil, tanto mais quando tem ao lado o C3, que é o segundo modelo mais vendido do segmento B (batido pelo “primo” Peugeot 208) e o C4, que é o terceiro modelo mais vendido do segmento C, só superado pelo Classe A e Série 1.

Francisco Mota

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