Citroën C3 Aircross 1.2 PureTech EAT6 (fotos de João Apolinário)

Restyling pouco mudou o C3 Aircross

Faróis foram modificados

Pintura em duas cores é personalizável

O primeiro foi lançado há quatro anos

Materiais são quase todos duros

Painel de instrumentos analógico

Head Up Display tem fácil leitura

Botão do HDC na consola

Comando do Grip Control

Botão para o modo "S" no fundo da consola

Bancos Advanced Comfort são bons

Lugar do meio é mais estreito que os outros

Bagageira com fundo falso e compartimento extra

Conforto em mau piso, desde que não haja buracos

Condução fácil, mas direção muito leve

A silhueta do C3 Aircross é fácil de identificar

Bom controlo da carroçaria em curva

O Grip Control permite algumas aventuras

Com o HDC o condutor nem tem que travar

O restyling não o mudou muito, mas foi o pretexto para voltar a guiar um dos mais versáteis B-SUV. Com a configuração certa, o C3 Aircross é capaz de fazer mais do que pode parecer à primeira vista.

 

O segmento B-SUV, ou seja, os SUV derivados de modelos utilitários, não para de crescer na Europa. E as razões são fáceis de perceber.

Em pouco mais de quatro metros, estes modelos concentram um habitáculo com boa habitabilidade e facilidade de acesso, preço não muito exagerado e a silhueta da moda, com a sua posição de condução mais alta que o modelo que lhe serviu de base.

Um B-SUV é uma compra tão racional quanto a escolha de um SUV o pode ser. E cada vez mais compradores percebem isso. Como os que escolhem um Citroën C3 Aircross.

Restyling discreto

O recente restyling mudou-lhe o desenho da frente, passando a ter os faróis em “Y” deitado dos outros modelos da marca e trocou o sistema de infotainment por um melhor, além de ter aumentado o equipamento. Mas detalhes, no link que pode encontrar no fim deste teste.

Para mim, foi a oportunidade de reencontrar um modelo que acompanhei desde os primeiros passos, ainda antes de ser posto à venda em 2017. Na altura, tive a oportunidade de o testar em asfalto, terra, em estradas nevadas e até numa pista de gelo.

Agora foi altura de testar e edição de 2021, numa versão que poderá não ser a mais popular, mas é das mais interessantes: o 1.2 PureTech de 130 cv, com caixa automática de oito, sistema Grip Control e pneus M+S.

Configuração certa?

É a configuração acertada para quem quer tirar toda a versatilidade que o C3 Aircross tem para dar, mas já lá vamos à parte mais radical.

Não vou dizer que morro de amores pelo estilo do C3 Aircross, relativamente estreito e alto, com generosa altura ao solo. Mas tem um desenho facilmente identificável com a marca e que resiste muito bem ao passar dos anos: ninguém diria que está no mercado há quatro anos.

Além disso, o desenho é o resultado das funções que é capaz de desempenhar, uma coisa que me agrada sempre: menos adornos, mais funcionalidades.

Alto para quê?

Neste caso, os 1,64 m de altura servem para proporcionar um habitáculo com muito espaço em altura, o que permite colocar os bancos num plano mais alto.

Não só isso melhora a visibilidade, como facilita o acesso aos cinco lugares ou a colocação de cadeiras de crianças e das próprias crianças nas cadeiras. Com os bancos traseiros rebatidos (40/20/40), a altura também ajuda a levar bicicletas, por exemplo.

Com todos os cinco lugares em uso – o que não é tarefa fácil, pois o lugar traseiro ao meio é muito estreito –  a mala tem 410 litros, o que é um valor muito bom para o segmento, tendo o fundo nivelado com a boca de carga, o que facilita muito a sua utilização. E ainda há um alçapão, sob o qual há uma divisória com bastante espaço.

Além disso, os bancos de trás deslizam longitudinalmente em duas partes assimétricas, o que permite jogar com o espaço para passageiros e a capacidade da mala.

Ao volante

Sentado ao volante, salta à vista o desenho descontraído do interior, que desvia a atenção do facto de praticamente todos os plásticos serem duros, à exceção de algumas aplicações onde os dedos chegam com mais facilidade.

Equipado com os bancos Advanced Comfort da Citroën, com estratos de espuma de diferentes densidades, a posição ao volante é confortável e tem as regulações suficientes do volante. Mas falta um pouco mais de apoio lateral e o assento é curto.

O painel de instrumentos ainda é analógico, o que a mim não me causa nenhum transtorno, até porque a sua leitura é fácil e há um “head up display” projetado numa lâmina retrátil de plástico.

Motor 1.2 de 130 cv

O ecrã tátil central é conhecido de outros modelos do grupo, não é dos mais recentes, cumpre a sua missão, mas tem os comandos da climatização algures numa das suas página, o que não é prático.

Há muitos porta-objetos, o que é sempre de elogiar e uma caixa automática de oito velocidades de conversor de binário. Não tem patilhas no volante, mas a alavanca deixa fazer mudanças manuais.

O motor 1.2 PureTech, o conhecido três cilindros turbo a gasolina, tem uma boa resposta desde os baixos regimes e não lhe falta força nesta versão de 130 cv. A Citroën anuncia a aceleração 0-100 km/h em 9,2 segundos, mas, para isso, é melhor usar o modo “S” que se ativa num botão (mal) colocado no fundo da consola.

A caixa é quase sempre suave e faz as passagens na altura certa. O som do motor não é exagerado nem lhe falta uma certa melodia.

A direção é muito leve, demasiado assistida e transmite pouca informação entre as rodas da frente e as mãos.

Confortável quase sempre

O duo suspensão/pneus faz um bom trabalho a favor do conforto, mesmo quando a estrada tem bossas, lombas ou desníveis acentuados. Mas quando chegam os buracos, a sua reação já não é tão simpática.

Em cidade, o meu teste de consumos registou um valor de 8,2 l/100 km, um valor alto que só se compreende por aquilo que se perde através da caixa de conversor de binário.

Fora da cidade, a estabilidade e a insonorização são muito boas, contribuindo para níveis de fadiga reduzidos em viagens mais longas, situação em que os bancos da frente mostram as suas vantagens.

Não brilha no asfalto, mas na terra…

Nas estradas com mais curvas, a suspensão não deixa a carroçaria chegar a níveis de inclinação muito pronunciados, nem atira a frente para a subviragem demasiado cedo. Mas podia ser melhor se não tivesse pneus M+S montados.

Só que são estes pneus, adaptados a condução em neve e lama, que dão a este C3 Aircross um último grau de versatilidade, pouco vulgar no segmento dos B-SUV. Sobretudo quando combinados com o Grip Control, o controlo de tração ajustável.

Através de um botão rotativo na consola, é possível escolher entre as posições normal/neve/lama/areia/TC off o que permite adaptar a intervenção do controlo de tração a vários tipos de piso.

Além disso, ainda há o HDC (Hill Descent Control) que gere a travagem em descidas íngremes, sem necessidade de intervenção do condutor.

O resultado de tudo isto é que o C3 Aircross consegue, apenas com tração às rodas da frente, superar alguns obstáculos em pisos de terra que, à primeira vista, seriam intransponíveis para um carro deste tipo. Só é preciso não desistir cedo da manobra e deixar o sistema funcionar.

Conclusão

Entre as possibilidades de utilização do interior, a facilidade de condução em cidade e alguma destreza quando os pisos são de terra, este C3 Aircross 1.2 PureTech com caixa automática consegue ser um dos B-SUV mais versáteis do seu segmento.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

Citroën C3 Aircross 1.2 PureTech EAT6

Potência: 130 cv

Preço: 21 736 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

 

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Teste – Citroën C3 Aircross: renovado e até faz todo-o-terreno