BMW X2 xDrive 25e

X2 é 70 mm mais baixo que o X1

Pneus 225/45 R19 são opcionais

Hélice no pilar traseiro, como o CS dos anos 1960

Potência máxima de 220 cv e 365 Nm de binário

Excelente posição de condução

Bancos desportivos têm muito bom apoio lateral

Espaço atrás com menos altura que no X1

Mala perde 60 litros para os outros X2, mas tem 410 litros

O X2 ainda tem os elegantes instrumentos analógicos

Monitor central tátil com informação sobre o sistema híbrido

Comando rotativo i-Drive ainda é o mais ergonómico

Botões para os dois grupos de modos de condução

Dinâmica acima da média do segmento

Condução tão envolvente como nos outros X2

As jantes de 19" não favorecem o conforto

O X2 xDrive 25e tem tração elétrica atrás

A bateria carrega em pouco mais de três horas

Desde o lançamento em 2017 que o BMW X2 é um dos SUV mais elegantes do segmento dos compactos. A nova versão xDrive 25e traz o obrigatório “plug-in” mas será assim tão eficiente?

 

Numa altura em que o departamento de estilo da BMW é criticado pelas grelhas enormes que está a pôr em alguns novos modelos, é com alívio que se olha para o X2 e se vê como os BMW podem ser elegantes. Mesmo um SUV-coupé.

Desde 2017, quando foi apresentado, que o X2 ganhou o meu prémio do SUV-coupé mais elegante da marca. Comparado com o estilo do X6 e do X4, o mais pequeno X2 é uma “obra de arte” sobre rodas. Nem lhe falta o símbolo da hélice no pilar traseiro, a recordar coupés do passado, como os belos CS dos anos 1960.

Partilhando a plataforma UKL2 com o X1, mantém a mesma distância entre-eixos, mas diminui o comprimento em 90 mm e a altura em 70 mm, para conseguir uma silhueta mais esguia e desportiva.

O estilo melhora, face ao X1, mas a habitabilidade perde alguma coisa em altura, sobretudo quando se entra e sai dos lugares traseiros. O espaço para pernas até é bom e o piso é relativamente plano.

“Plug-in” e 4WD

Esta versão “plug-in” xDrive 25e tem uma bateria de iões de Lítio de 10,0 kWh colocada sob o banco de trás e sob o fundo da mala, o que reduz a sua capacidade em 60 litros, face aos X2 apenas com motores térmicos. Ainda assim, tem 410 litros e um formato fácil de aproveitar.

O sistema híbrido paralelo recarregável emprega um motor dianteiro transversal a gasolina, um três cilindros 1.5 litros com turbocompressor, que entrega os seus 125 cv e 220 Nm às rodas da frente. A transmissão é automática com seis velocidades.

O motor elétrico está acoplado ao eixo traseiro e faz mover as rodas de trás com os seus 95 cv e 165 Nm de binário. Temos portanto um 4×4, sem veio de transmissão.

A potência máxima combinada é de 220 cv e o binário máximo combinado é de 356 Nm. Se somar os dois binários máximos, iria obter um valor ainda maior, mas isso não é possível, pois cada motor atinge o máximo a rotações diferentes.

Dourado “Galvanic”

A BMW anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 6,8 segundos e velocidade máxima de 195 km/h. Quanto à autonomia em modo elétrico, a marca anuncia 53 km, a uma velocidade máxima de 135 km/h.

Com vários pacotes opcionais incluídos, que passam pelas jantes de 19”com pneus 225/45 R19, para-choques e frisos específicos, o X2 xDrive 25e que guiei é muito vistoso, neste dourado “Galvanic”. Está no limite de ser excessivo, para ser honesto.

Interior de qualidade

Por dentro, a primeira sensação vem da posição de condução, com uma relação perfeita entre volante, banco, pedais e alavanca da caixa. O condutor vai mais baixo que o típico do segmento e só tem a ganhar com isso, pois não perde em visibilidade.

Olhando em redor, logo se percebe que o X2 é de uma geração anterior ao novo Série 1. Só que isso não é obrigatoriamente negativo: o painel de instrumentos é analógico, com dois indicadores circulares, muito mais requintados que o painel digital do Série 1.

A qualidade está no topo do segmento, com um extremo cuidado na seleção de materiais e na sua montagem. O volante opcional “M” tem uma pega excelente e, felizmente, evita a inútil base plana.

Os bancos desportivos também são opcionais, têm muito bom apoio lateral, mas não são duros e as regulações manuais provam que os bancos elétricos são uma futilidade.

Muitos modos de condução

O monitor central tátil mantém o clássico comando rotativo i-Drive na consola, que continua a ser a melhor maneira de interagir com o infotainment, aquela em que se desvia menos o olhar da estrada.

Ao lado da alavanca da caixa (ainda é uma alavanca, não é um botão) estão os botões para os modos de condução. Um deles comanda os habituais Normal/Sport/EcoPro, que faz variar a assistência da direção, sensibilidade do acelerador, gestão da caixa e da climatização.

Mais abaixo, está o botão “eDrive” que dá acesso aos modos híbridos que são três. O modo “Auto eDrive” deixa o sistema em modo híbrido, escolhendo automaticamente a intervenção do motor a gasolina e do motor elétrico, com prioridade ao segundo.

O modo “Max eDrive” é o modo 100% elétrico que se pode usar até aos 135 km/h. O modo “Save” faz duas coisas: se houver energia na bateria, conserva-a para ser usada mais tarde. Se a bateria estiver a zero, começa a fazer o carregamento em andamento, através do gerador, accionado pelo motor a gasolina.

Pesado, mas não parece

Começo o teste pelo modo híbrido, com a bateria carregada e o motor elétrico a fazer tudo sozinho. Como esperado, o silêncio é quase total, a resposta do acelerador é imediata e forte, fazendo esquecer por momentos que este X2 xDrive 25e pesa 1805 kg, mais 125 kg que um X2 xDrive 20d de 190 cv.

A suspensão desta versão híbrida é 10 mm mais baixa que a das outras, para melhorar a aerodinâmica, segundo a marca, o que não ajuda no conforto.

Mas a firmeza, que passa a alguma aspereza no mau piso, não é tanto “culpa” da suspensão independente às quatro rodas como dos pneus de baixo perfil. Com pneus menos desportivos, certamente o “problema” ficaria resolvido, pois o controlo das massas é sempre muito bom.

A direção nunca é exageradamente leve, tem o “peso” certo, mesmo para cidade. Mas a travagem é pouco progressiva, sobretudo no final, perto da imobilização.

Consumos variam muito

Neste modo “Auto eDrive” o consumo registado no computador de bordo foi de 2,5 l/100 km, mas este valor não é representativo, pois varia muito com a topografia do terreno. Nas subidas, o motor a gasolina entra em ação e gasta mais.

Com a bateria novamente carregada, operação que demora 3h10, numa “wallbox” ou 5h00, numa tomada doméstica, era altura de testar o modo 100% elétrico, sempre em cidade.

Contando apenas com a tração elétrica às rodas traseiras, o X2 mantém uma atitude muito neutra. Se está a pensar que chegou a altura para alguma diversão mais exuberante, posso dizer que a traseira apenas mostra um pequeno indício de sobreviragem em piso muito escorregadio.

Mais importante é verificar que o consumo elétrico foi de 16,1 kWh/100 km e que a bateria chegou para percorrer 44 km em modo elétrico. Um pouco abaixo dos tais 53 km anunciados segundo a norma laboratorial WLTP, o que é normal.

Curiosamente, com a bateria a marcar 0 km de autonomia, continuavam a restar 4% de carga, mas o modo elétrico deixou de estar ativo, presumivelmente para preservar a bateria.

Com a bateria “vazia”

Com a bateria sem carga, usando o modo “auto eDrive” e o “Eco Pro”, com o ar condicionado desligado, o consumo em cidade subiu aos 7,4 l/100 km, com o modo elétrico a entrar em ação sempre que possível.

A regeneração na travagem e desaceleração está afinada de forma pouco agressiva, sendo de fácil habituação. De qualquer modo, para extrair o melhor do sistema, é preciso reaprender a travar.

Antecipar as situações de trânsito e começar a travar o mais cedo possível e de forma suave, ativando assim a regeneração, é a maneira mais eficiente. Até porque, no início do curso do pedal, não está a ser usado o sistema de travagem, apenas a regeneração, poupando até os discos e pastilhas.

Testei também o sistema híbrido em autoestrada, com a bateria descarregada e sempre usando a dupla de modos “Auto eDrive” e “EcoPro”, registando um consumo de 6,0 l/100 km a 120 km/h. Um bom valor.

Carregar em andamento

Ainda com a bateria descarregada e passando ao modo “Save”, o sistema começa a carregar a bateria em andamento, numa relação 2:1, ou seja, é preciso percorre dois quilómetros para acrescentar um de autonomia.

Usei uma via rápida à velocidade legal e o consumo subiu aos 8,3 l/100 km, mostrando que o carregamento em andamento é o menos eficiente.

Faltava só uma passagem por uma estrada com curvas que colocassem o X2 à prova, afinal, o prazer de condução ainda é um dos argumentos dos BMW, mesmo dos SUV, mesmo dos híbridos.

Três cilindros e seis velocidades

Começando com a bateria descarregada, a verdade é que o sistema mantém sempre a energia suficiente para que a parte elétrica dê a sua contribuição para a potência máxima combinada.

Com o modo Sport selecionado, acelerando a fundo, o X2 tem uma resposta forte, sobretudo nos regimes baixos e intermédios, quando a parte elétrica tem mais responsabilidades.

O motor de três cilindros não é particularmente melodioso, e tem um som pouco interessante. Mas sobre de regime sem problema.

A caixa automática de conversor de binário é suave e criteriosa na escolha entre as suas seis relações, mesmo sem patilhas no volante para mudanças manuais.

Dinâmica ainda envolvente

Em termos dinâmicos, este X2 mantém o essencial das outras versões, com uma entrada em curva e uma precisão da direção acima da média dos SUV deste segmento.

A atitude é sobretudo neutra, mas pode entrar em subviragem aumentando um pouco a velocidade de entrada em curva. Nada que não se resolva tirando pressão ao pedal da direita.

Entrando um pouco mais devagar em curva e acelerando forte a partir da segunda metade, sente-se a tração traseira a ajudar a frente a descrever o arco da curva. Nunca chega a deslizar de traseira, mas dá uma ajuda para manter a frente no seu lugar.

Contando com o peso da bateria na parte traseira do carro, é até possível entrar por uma atitude um pouco mais acrobática, travando tarde na entrada em curva e provocando uns graus de deriva da traseira. Mas não é a atitude natural deste X2.

Prestações a piorar

Claro que se sente o peso elevado desta versão, sobretudo num percurso com muitas travagens fortes, em que o sistema de travagem é mais castigado, sem que por isso revele alguma insuficiência.

Em traçados mais rápidos, com acelerações fortes continuadas e longas, acaba por se sentir uma diminuição das prestações, sinal de que a regeneração não está a ocorrer ao ritmo das solicitações do condutor. Mas são situações poucos frequentes em estrada pública.

Hélice no pilar traseiro, como o CS dos anos 1960

Basta ter algumas travagens fortes pelo meio para regenerar energia suficiente de modo a que não seja notória a quebra nas prestações.

Conclusão

O preço elevado, desta versão e da lista de opcionais, é um dos pontos contra desta versão “plug-in” do X2. Mas a BMW conseguiu manter a maioria dos pontos a favor, como a qualidade e a dinâmica, acrescentando uma boa dose de eficiência. Um produto competente, com uma nota de emoção dada pelo estilo que continua o melhor entre os SUV da marca.

Francisco Mota

(Fotos: João Apolinário)

BMW X2 xDrive 25e

Potência: 220 cv

Preço: 51 650 euros

Verdicto: 3,5 (0 a 5)

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