Já lhe aconteceu usar o GPS para os trajetos que não conhece bem, concentrar-se nas indicações e acabar por não saber onde está? Não é o único…

Com os sistemas de navegação, vulgo GPS, disponíveis em muitos carros e em quase todos os smartphones, a maioria das deslocações que possam levantar alguma dúvida quanto ao caminho a tomar, passaram a ser feitas com a ajuda do GPS.

É preciso ir a casa de um amigo, que mora numa rua desconhecida? Usa-se o GPS. Procurar um restaurante novo? Usa-se o GPS. Ir tratar de algum assunto a um departamento público? Usa-se o GPS. Levar o filho a casa de um amigo? Usa-se o GPS. Hoje já ninguém responde: “não sei onde isso fica” trocando pela frase “dá-me só a morada ou o código postal.”

A dependência do GPS

A dependência do GPS é de tal forma que muitos utilizadores deixaram de ter uma visão mais alargada das regiões onde se movimentam. Limitam-se a olhar para o retângulo do sistema de navegação do carro ou do smartphone e seguir as indicações dadas pelo sistema.

Longe vão os tempos em que, para ir a algum lado menos conhecido, se puxava do icónico mapa das estradas do ACP e se começava a desdobrar até ficar do tamanho de um lençol.

Talvez não fosse muito prático, mas quem o consultava acabava por ficar com uma boa noção de onde estava, para onde queria ir e por onde devia seguir. Ficava também com uma ideia das opções que tinha e das zonas por onde tinha que passar até chegar onde queria.

“Zoom-out” não resolve

Mesmo com a função zoom-out dos mapas digitais, não é fácil ficar com essa noção mais abrangente de uma área mais alargada, no suporte eletrónico.

Se tudo correr bem, não há problema. Mas se o mapa digital não estiver atualizado, se o sistema se enganar, se o condutor não conseguir interpretar alguma indicação corretamente, fica dependente da função “recalcular”.

Em si, pode não ser um problema, mas há cenários em que não saber exatamente a localização, pode ser alarmante. Imagine uma situação tão simples como ficar sem bateria no smartphone e não ter navegação no carro.

Em caso de acidente…

Pior ainda pode acontecer em caso de acidente. Há registos de chamadas de emergência feitas por pessoas envolvidas em acidentes que não conseguem dizer rapidamente em que sítio se encontram. Isso acontece sobretudo em autoestradas e vias rápidas.

Alguns condutores não conseguem dizer em que zona da autoestrada se encontram, nem em que sentido circulavam. Outros não conseguem sequer lembrar-se de qual foi a última saída pela qual passaram ou qual foi o último sinal de indicação de povoações que viram. Alguns, nem sequer sabem dizer em que autoestrada se encontram.

Socorro demora mais

Isto pode levar o socorro a demorar mais tempo a encontrar a cena de acidente e a começar a prestar os cuidados necessários. Um problema acrescido para as forças de intervenção que encontram assim outro obstáculo na sua missão de socorro.

Antigamente, quando havia um acidente na estrada, a maneira mais comum de chamar socorro era correr para um dos pontos SOS que existem nas bermas e que estão perfeitamente localizados.

Mas hoje quase ninguém faz isso, puxando pelo telemóvel para ser mais rápido. Mas se não conseguir dizer exatamente onde se encontra, essa maior rapidez dilui-se.
Por isso, talvez continue a ser uma boa prática trazer um mapa das estradas em papel, dobrado dentro do porta-luvas: nunca se sabe quando poderá ser útil.

Conclusão

Mas o mais importante de tudo é prestar atenção aos locais por onde está a passar, para ter uma ideia de onde se encontra. Antes de se fazer à estrada, também é boa prática olhar para um mapa e identificar, nem que seja em traços gerais, a área por onde se vai movimentar e o caminho que vai seguir. Não tem que decorar todas as entradas e saídas das autoestradas, mas convém saber o mínimo. Nunca se sabe quando essa informação poderá ser da máxima importância.

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