O regresso da VW aos descapotáveis acontece com uma versão Cabrio do T-Roc, o SUV feito em Palmela. Saiba porque a VW “tinha” que o lançar e porque não é fabricado em Portugal.

 

Em mais uma apresentação à imprensa feita à distância, via plataforma digital (estou a ficar fã, o que tenho poupado em viagens de avião!…) a VW divulgou todos os detalhes do seu novo “brinquedo”, o T-Roc Cabrio.

Depois do Evoque da anterior geração ter tido uma versão descapotável, agora é a vez do T-Roc colocar no mercado um SUV Cabrio, mas a um nível de preço muito mais baixo, pois custa metade.

Mas o que levou a VW a lançar um modelo para um segmento que, pura e simplesmente, não existe?

Não há nenhum concorrente no mercado, de tal forma que a VW aponta o Mini Cabrio e o BMW Série 2 Cabrio como potenciais rivais.

As duas razões do T-Roc Cabrio

A primeira justificação faz todo o sentido: a gama da VW está a ficar demasiado séria, demasiado racional. Era preciso um modelo mais emocional, um modelo que fizesse falar de si.

Mais do que as vendas, cujas estimativas são muito baixas (para Portugal nunca mais de 70 unidades, enquanto for novidade) o T-Roc Cabrio vai levantar alguma controvérsia.

Uns vão sonhar com ele, um descapotável de quatro lugares, capota de lona e formato SUV. Vão sonhar ser o centro das atenções, por onde quer que passem ao volante do seu SUV T-Roc Cabrio.

Não esquecer que os SUV continuam a crescer nas vendas como nenhum outro tipo de carro, mesmo se o apelo do T-Roc Cabrio for além dos apreciadores de SUV.

Outros vão dizer que um SUV Cabrio não faz sentido, que é uma contradição, que vai ser pesado, gastador, vai ter pouca rigidez e não vai sequer ser divertido de guiar.

A razão prática

Enquanto se fala desta versão, vai falar-se do resto da gama, o que só poderá ser bom para as vendas do T-Roc. Vai certamente atrair visitantes ao configurador, se não aos stands.

Depois há a explicação mais prática, que nestas questões, a VW não se deixa ir só pelo lado emocional.

A fábrica de Osnabrück, que era a antiga unidade da Karmann (a VW comprou-a em 2009, quando faliu) de onde saíram os famosos Karmann Ghia, Beetle Cabrio, Golf Cabrio e muitos outros, estava com falta de trabalho.

Além de alguns painéis para a Bentley, Porsche e Skoda, Osnabrück apenas estava a produzir o Cayman.

O que é pouco quando se tem 2300 empregados, uma linha de montagem, uma estampagem e um centro de desenvolvimento, tudo com capacidade para produzir 10 000 carros por ano.

Junta-se o útil ao agradável e o T-Roc Cabrio passa a ser o principal produto saído da fábrica fundada no século XIX. Mas porque não é esta versão feita em Palmela, como as outras?

Palmela não o pode fazer

O T-Roc cabrio é uma versão muito diferente das restantes e não apenas por ser descapotável.

Tem duas portas em vez de cinco e recebe um conjunto de reforços estruturais para compensar a perda de rigidez pelo “corte” do tejadilho.

Estas diferenças iriam perturbar a fluidez da linha de montagem da Autoeuropa, por isso os descapotáveis derivados de modelos de grande produção tendem a ser sempre feitos em linhas de montagem dedicadas.

Osnabrück recebe os componentes das várias fábricas da VW que os produzem, por exemplo os motores, caixas de velocidades, transmissões, suspensões, direções e muito mais.

Depois faz a estampagem dos painéis específicos da versão cabrio e receberá os que forem comuns às outras versões da Autoeuropa.

O regresso aos cabrios

O T-Roc Cabrio marca o regresso da VW aos descapotáveis desde que o Golf Cabrio e o Beetle cabrio deixaram de ser produzidos.

É uma tipologia em queda há vários anos, mas que sobe de acordo com as novidades da oferta.

A gama terá dois motores disponíveis, todos a gasolina e nenhum eletrificado: 1.0 TSI de 115 cv (32 740 euros), 1.5 TSI de 150 cv (35 760 euros).

Há duas caixas de velocidades, uma manual e uma DSG como opcional para a versão mais potente que estará disponível na versão de equipamento de topo R-Line (43 070 euros).

Só quatro lugares

O habitáculo tem apenas quatro lugares, a capota de lona abre em movimento até aos 30 km/h e demora menos de nove segundos a completar a sua coreografia.

A capacidade da mala desce dos 445 litros para os 280 litros e o peso sobe 200 kg, devido aos reforços estruturais necessários.

Também por causa do maior peso, as acelerações 0-100 km/h do Cabrio são um pouco piores.

O 1.0 TSI faz 11,7 segundos (10,1s no cinco portas) e o 1.5 TSI faz 9,6 segundos (8,4 no cinco portas). As velocidades máximas são as mesmas: 187 km/h, para o 1.0 TSI e 205 km/h, para o 1.5 TSI.

Quanto aos consumos, também há ligeiras subidas nos valores anunciados no Cabrio, com o 1.0 TSI a anunciar 6,3 l/100 km (5,9 l/100 km no cinco portas) e o 1.5 TSI a anunciar 6,4 l/100 km (6,1 l/100 km, no cinco portas.

Conclusão

Como tema de conversa, o T-Roc Cabrio vai ter efeito garantido. Se vai “puxar” pelo lado emocional da gama VW, isso já depende de considerar que os 5500 euros que custa a mais que o cinco portas valem a pena.

Do meu lado, espero tirar todas as dúvidas, quando o testar nas próximas semanas.

Francisco Mota

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