Vender carros não tem futuro, por isso a Toyota vai vender soluções de mobilidade, disse em 2018. Já vimos os veículos que vai mostrar amanhã no salão de Tóquio.

 

Os consumidores estão a mudar os seus hábitos de mobilidade e as marcas de automóveis têm que os acompanhar.

Sendo um dos maiores construtores do mundo, a Toyota não podia deixar de fazer a transferência de nogócio que vários outros também já anunciaram.

Em vez de ser uma marca que faz carros e os vende, a Toyota está a mudar o seu modelo de negócio, transformando-se num fornecedor de soluções de mobilidade.

Claro que, para fazer isso, continua a precisar de veículos, alguns dos quais vai mostrar amanhá no salão de Tóquio e aproveitar os Jogos Olímpicos de 2020 para os demonstrar ao mundo.

Tive oportunidade de os ver de perto já hoje e até de experimentar um deles.

LQ e o amigo digital Yui

Mostrado como concept-car no CES de 2017, tornou-se agora num protótipo móvel, que será demonstrado durante os Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio 2020.

O LQ em 4,53 metros, quatro portas e quatro lugares, é elétrico, tem nível 4 de condução autónoma e aposta forte na Inteligência Artificial (AI).

Para isso, dispõe de um assistente virtual, chamado Yui, que interage com o condutor, conhecendo as suas preferências ao logo do tempo.

Pode ajudar a proteger o condutor, por exemplo detetando fadiga na condução, 15 minutos antes de ocorrer e iniciando uma conversa, para o despertar.

Também pode ajudar no entretenimento, apreendendo quais as atividades que o condutor mais aprecia e propondo, por exemplo, comprar bilhetes para um jogo de futebol.

É um laboratório sobre rodas, não está previsto ser produzido em série, mas será visto a liderar a caminhada da tocha Olímpica e será o “pace-car” da maratona.

Elétrico (ainda) sem nome

Ainda não tem nome, este citadino de dois lugares e apenas 2,5 metros de comprimento, semelhante aos veículos sem carta.

Tem um motor elétrico que lhe chega para atingir os 60 km/h e 100 km de autonomia.

Foi pensado para os cidadãos mais novos e mais velhos (sem carta) sendo particularmente fácil de usar.

Destina-se a quem percorre poucos quilómetros e estará à venda já em 2020, depois de ser mostrado nos JO.

Existirá também uma variante maior, virada para utilização comercial chamada o escritório móvel. O interior pode configurar-se de três maneiras: condução, escritório ou zona de descanso.

Walking Area em três versões

São três variantes de um mesmo princípio, que recupera a ideia dos Stepway, mas com três rodas, em vez do estabilizador, para maior simplicidade e baixo preço.

Há uma versão que se conduz em pé e que tive a oportunidade de experimentar num curtíssimo percurso.

A velocidade máxima é de 14 km/h e guia-se como uma trotinete elétrica, mas sem necessidade de ter equilíbrio.

Tem um acelerador, travões e um sensor de curva que reduz a velocidade, quando se roda o guiador; e limitador de velocidade regulável. Estará no mercado em 2020.

As outras duas variantes são uma versão para conduzir sentado e uma que é fixa a qualquer tipo de cadeira de rodas. Estas duas chegam ao mercado em 2021.

Note-se que tudo isto será apenas vendido no Japão, pelo menos numa primeira fase.

i-Road inclina sozinho

É um substituto de uma scooter elétrica, com a particularidade de que a sua estrutura se inclina sozinha nas curvas, não obrigando a ter equilíbrio.

Está limitado a 60 km/h e tem uma bateria elétrica com autonomia para 50 km. Pensado para deslocações pequenas em cidade, sem apanhar chuva.

e-Palette, o micro-Bus

Um módulo de mobilidade elétrica com prioridade à maximização do espaço interior.

Nos JO, uma frota de menos de duas dezenas será usado para transporte de pessoas no recinto, incluindo quatro cadeiras de rodas.
Mas poderá ser adaptado para funcionar como uma loja ambulante ou uma oficina, ambas móveis.

Mirai vira tração atrás de luxo

Mais próximo da realidade que conhecemos, a segunda geração do Mirai, movido a célula de combustível, foi apresentada sob a forma de concept-car muito próximo da versão final.

Abandonou a estética “original”, que era em parte decorrente dos constrangimentos da plataforma antiga que usava e que era pouco compatível com os dois depósitos de Hidrogénio.

Agora as proporções mudaram por completo, com um comprimento total de 4 975 mm (mais 58 mm) e 2920 mm de distância entre-eixos (mais 140 mm).

Passou a ser uma elegante berlina de tração atrás, com habitáculo para cinco, se bem que o passageiro do meio atrás leva um enorme túnel entre as pernas.

E, sobretudo, um tablier muito luxuoso, ao nível de um Lexus, com materiais de qualidade e uma posição de condução desportiva, com dois grandes monitores digitais.
A Toyota não diz muito mais, a não ser que a plataforma e o sistema Fuel Cell são novos e que a autonomia aumentou 30%.

Conclusão

A mudança para um modelo de negócio em que a venda de soluções de mobilidade substitui a venda de carros, é a via para muitos construtores solucionarem dois problemas de uma só vez: as mudanças de hábitos dos consumidores e as leis anti-poluição. A Toyota sabe bem disso.

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