Salão de Munique: o regresso ou o fim dos salões?

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Depois do cancelamento à última hora do Salão de Genebra de 2020, mais nenhum salão automóvel internacional se realizou. O regresso foi agora com o Salão IAA da Alemanha, que passou de Frankfurt para Munique. Não resisti a partir em reportagem.

Ressurreição ou velório? Qual era o ambiente deste novo salão automóvel de Munique? A crise dos salões nada tem a ver com a pandemia, todos estavam a definhar bem antes de 2020. Mas, por mais irónico que possa parecer, o cancelamento de Genebra 2020 e 2021, e Paris 2020 deu a este regresso em Munique um novo fôlego.

Talvez seja pelo confinamento, como dizia um designer famoso aos jornalistas: “nunca julguei vir a ter saudades vossas…” ou talvez seja apenas porque as marcas alemãs apoiaram o evento. A verdade é que havia algum otimismo no ar.

Como esperado, as marcas estrangeiras eram poucas, tudo misturado com os fornecedores, “start-ups” e dois pavilhões cheios de bicicletas. Mas uma coisa de que todos gostaram foi que as marcas alemãs não fizeram a sua habitual demonstração de poder.

Alemães e pouco mais

O espaço que a VW, Mercedes-Benz e BMW ocupavam não era muito maior que o de outras marcas como a Renault, Hyundai ou mesmo algumas chineses presentes, como a Wei. Uma fórmula económica que, mesmo assim, duvido que tenha sucesso.

Havia também a novidade de algumas marcas estarem expostas em tendas no centro de Munique, em vez de nas instalações do salão. O caos do tráfego, causado por várias manifestações anti-automóvel, dificultou o “shuttle”. Ideia a não repetir.

Quando se fizerem as contas no final, o mais provável é que as marcas continuem a concluir aquilo que já sabiam: a fórmula dos salões esgotou-se.

As novidades

Ainda assim, a minha visita ao salão IAA de Munique serviu para apanhar algumas novidades importantes. O resultado da “voltinha” foi o que se segue, em estilo foto-legenda.

Renault Megane E-Tech Electric

Na Alemanha, foi um carro francês a estrela do show: a nova geração elétrica do familiar compacto dos franceses. Os Megane a combustão ainda se vão manter mas este E-Tech Electric é o futuro, para já com motor dianteiro e tração à frente, com 217 cv e autonomia de 450 km. Vai chegar aos compradores em Março.

Renault 5 Concept

Futuro substituto do Zoe em 2023, com um estilo que vai na direção oposta. Em vez de futurista, é nostálgico. O efeito deste concept-car tem sido estrondoso, segundo dizem na marca, mas nem todos os futuros Renault Elétricos vão ser nostálgicos. Contudo, o 4L vai mesmo voltar, também em versão EV.

Volkswagen I.D Life

Um compacto elétrico, para se posicionar abaixo do ID.3 surpreende por não seguir a linguagem de estilo dos ID que conhecemos até agora. Mas o seu propósito é outro, prometendo um preço de 20 000 euros para uma potência de 234 cv, num citadino elétrico com 400 km de autonomia. Tem tração à frente e chegará em 2025.

BMW i Vision Circular Concept

Um concept-car sobre o tema da reciclagem. É todo feito de materiais recicláveis e é 100% reciclável. A BMW diz que não antecipa um modelo de série para o futuro próximo. Eu digo que é pena, pois, aos meus olhos, é o melhor desenho que a marca fez nos últimos tempos.

Ora Cat

Os chineses a chegar à Europa com um compacto elétrico que junta um estilo retro/clássico/fashion, diz a Ora, que pertence à Great Wall Motors. Tem dois motores elétricos, tração às quatro rodas e faz os 0-100 km/h em 4,0 segundos. À venda no final do ano.

Dacia Jogger

Uma variante carrinha do Sandero Stepway, com capacidade para sete ocupantes. Segue na linha habitual da Dacia, com custos baixos a permitir preços de venda ao público inferiores à concorrência. Neste caso, nem sequer terá concorrência direta.

Porsche Mission R

Pode ser uma antecipação de um modelo para a próxima Porsche Cup, agora em versão 100% elétrica. Mas também pode ser a antecipação disfarçada do Cayman elétrico. A marca não confirma. Para já, anuncia mais de 1000 cv no modo “Qualifying”.

Polestar 2 single motor

É a versão menos potente (231 cv) e mais acessível do Polestar 2, a berlina elétrica de quatro portas e quatro lugares da marca propriedade da Volvo. Anuncia 540 km de autonomia na versão Long Range.

Smart Concept #1

O primeiro resultado da nova Smart, que passou a pertencer à Daimler e à Geely em partes iguais, O plano é os alemães fazerem o estilo e os chineses a técnica. Neste primeiro concept-car só se vê a primeira parte, num formato SUV de tamanho semelhante ao de um Mini Countryman. Vai ter três filas de bancos.

Mercedes-Benz EQE, EQG e EQS SUV

O EQE, gémeo elétrico do Classe E segue na linha estética do topo de gama EQS, como seria de esperar. Quanto ao EQG, é a versão 100% elétrica do icónico Classe G. O Mercedes-Maybach EQS SUV também foi mostrado.

Wee Coffee 01

Marca do grupo chinês Great Wall Motors (GWM), a WEI tem ambições premium com uma linha de SUV de excelente aspeto e habitáculos que parecem bem acabados. Foi mostrado um PHEV com autonomia em modo elétrico de 150 km, graças a uma bateria de 40 KW. Chega à Alemanha em 2022.

Hyundai Ioniq 5 Robotaxi

Protótipo da versão de condução autónoma do Hyundai elétrico, com grande parte dos sensores necessários amontoados no tejadilho e não só. A marca promete que o Robotáxi estará em circulação em 2023. Assim a legislação o permita.

Fora do salão, expostos em tendas no centro da cidade, estavam ainda outros “concept-cars” elétricos, como o Audi E-Legend EL-1, o Audi Grandsphere e o Cupra Urban Rebel

Conclusão

Como esperado, quase só se falou de elétricos, mas foi um regresso “a medo” dos salões internacionais, muito limitado em número de marcas e de espaço para cada marca. Um regresso que sabe a último fôlego. A confirmar em Genebra 2022.

Francisco Mota

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