Os novos próximos elétricos da Ford na Europa

Desenho do que será a nova fábrica de Colónia

Model E - os novos quatro carros elétricos da Ford

Os cinco futuros comerciais elétricos da Ford

Chama-se Ford Model E, mas não é o próximo modelo elétrico da oval azul para rivalizar com os “Model” da Tesla. É muito mais do que isso e envolve a Volkswagem e a Europa. Mas, nesta história, foi mesmo a Tesla que chegou atrasada.

 

O plano de Elon Musk era dar aos seus primeiros quatro modelos os nomes Model S, Model E, Model X e Model Y, completando assim a palavra “SEXY” em mais uma manobra de marketing bem pensada.

Tudo correu bem até que os homens dos registos de patentes da Tesla perceberam que o nome “Model E” já tinha sido registado por outra empresa do setor automóvel, nada menos do que a Ford. Por isso tiveram que mudar de Model E para Model 3, que é mais ou menos um “E” visto ao espelho.

Durante algum tempo pensou-se que a Ford usaria o nome para o seu primeiro elétrico de grande destaque, fazendo talvez a ligação com o clássico Ford Model T. Mas entretanto foi lançado o Mustang Mach-E e percebeu-se que não era esse o plano.

O que é o Ford Model E?

Agora ficou claro qual o destino que a Ford quis dar ao nome Model E, e nem sequer é o nome de um novo modelo. Imagino a frustração do proprietário da Tesla ao saber disto…

Model E foi a designação que a Ford guardou para o seu plano de eletrificação total da gama de veículos de passageiros a vender na Europa, que começou com o Mustang Mach-E.

A partir de 2030, a Ford só vai vender carros de passageiros elétricos

A partir de 2035, o plano prevê que todos os Ford à venda na Europa sejam de emissões zero, tanto nos veículos de passageiros, como nos comerciais, que têm ganho cada vez mais importância na operação europeia da casa americana.

Mas, a partir de 2030, quem quiser comprar um Ford de passageiros, já só vai ter opções elétricas, na Europa. E a primeira fornada de modelos vai começar a aparecer já este ano.

Começou com o Mustang Mach-E

Primeiro, foi o bem sucedido lançamento do Mustang Mach-E, fabricado nos EUA segundo padrões locais, mas que se acomodou muito bem na Europa, onde vendeu 23 000 unidades em 2021, esperando-se uma subida de 60% durante 2022, aproximando-se das 37 000 unidades.

Mas a batalha europeia vai começar a sério este ano com um primeiro SUV médio que estará no mercado antes de Dezembro. Terá o mesmo tamanho do VW ID.4 e será fabricado em Colónia, Alemanha, a sede da Ford Europa.

Em 2024, será lançado um segundo elétrico pensado para a Europa, que a marca classifica como um SUV desportivo, talvez na linha do que a Cupra fez com o Formentor, em termos puramente de conceito estilístico. Será também feito em Colónia.

Quando estes dois modelos estiverem a ser produzidos à capacidade máxima, a Ford espera que representem um volume de 600 000 carros elétricos por ano.

O negócio Ford/VW

Tudo isto só é possível porque a Ford vai partilhar a plataforma MEB com a VW, que a usa já para uma série de modelos elétricos das suas marcas, com o ID.3 e ID.4 à cabeça. É um acordo que foi feito e divulgado há cerca de dois anos e do qual a Ford vai tirar proveito agora.

Para que ninguém fique com dúvidas, a Ford garante que os seus novos modelos, feitos com base na MEB, vão ter o visual e a dinâmica da Ford, não vão ser só versões com grelhas diferentes dos modelos da VW.

A Ford vai fabricar veículos comerciais para a Volkswagen na sua fábrica da Turquia

Mas o acordo com a VW é de dois sentidos, ou seja, do lado dos americanos também vai sair produto para a VW. A partilha vai ter lugar precisamente nos veículos comerciais, com a Ford a fabricar comerciais elétricos para a VW.

Comerciais para a VW

Na verdade, estão previstos nada menos do que cinco veículos comerciais elétricos, de vários tamanhos, que vão ser fabricados pela Ford para as duas marcas.

No próximo ano, começará em Craiova, na Roménia, a produção da nova geração elétrica do Transit Courier, para venda a partir de 2024. No ano seguinte será a vez do novo Tourneo Courier, que terá versão elétrica também em 2024.

Mas a expansão da Ford no mercado dos elétricos europeus não se fica por aqui e já foi anunciado que o modelo atualmente mais vendido da marca na Europa, o Puma, que foi entregue a 130 000 compradores em 2021, também terá uma versão 100% elétrica em 2024.

Puma elétrico em 2024

Em relação a este assunto, a Ford não especificou se o Puma elétrico será feito com base numa adaptação da atual plataforma, o que parece o mais provável, ou se utilizará também a plataforma MEB.

Poderia até ser possível que o Puma elétrico fosse feito com base na versão simplificada da MEB, que a VW utilizará para o futuro ID.2, um modelo a posicionar abaixo do ID.3 e paralelo ao Polo/T-Cross/Taigo. Mas a data de 2024 parece indicar que isso seria difícil.

Acelerar na eletrificação

Este plano Model E representa uma aceleração da eletrificação da Ford na Europa, numa resposta à subida da procura que está a crescer a um ritmo que a companhia não antecipava.

Dentro de seis anos, a Ford espera estar a fabricar 1,2 milhões de elétricos na Europa

Isso vai obrigar à rápida reestruturação das linhas de montagem em Colónia com um investimento de dois mil milhões de dólares nos próximos seis anos, de modo a atingir uma capacidade de produção anual de 1,2 milhões de unidades, até 2027.

Mas também na Turquia, onde são fabricados os comerciais elétricos e de onde vão sair as 7000 e-Transit que esperam vender este ano.

Turquia mais independente

A operação na Turquia, feita numa “joint-venture” entre a Ford Motor Company e a Ford Otosan, ganhará novos contornos, com a segunda a tomar a liderança da fábrica depois de já ter garantido o projeto e a fabricação dos novos comerciais.

O outro grande investimento será numa fábrica de baterias, também na Turquia, com capacidade de produzir entre 35 e 45 GWh de baterias por ano, num total de 240 GWh que a Ford espera ter instalada até 2030 na Europa.

Conclusão

Com este plano Model E, a Ford quer ter quatro modelos elétricos de passageiros à venda na Europa até 2024, acrescentando mais cinco modelos comerciais. Um plano que pode não parecer muito ambicioso, se olharmos para o que outros grandes grupos têm anunciado, mas mostra que o interesse da Ford na Europa não está prestes a desaparecer, como se chegou a pensar há algum tempo. Mas está desenhado para ser menos arriscado e mais apoiado por parceiro europeus.

Francisco Mota

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