Sabe qual é a tecnologia mais ultrapassada do seu carro?… Muito provavelmente são os retrovisores, mas a boa notícia é que vão acabar. Saiba porquê.

 

Um pedaço de espelho convexo, à frente dos olhos do condutor e virado para trás: é este o princípio de funcionamento dos retrovisores, desde que foram estreados nos automóveis há mais de cem anos.

Foram vários os pioneiros deste dispositivo, em 1909, alguns deles começaram a usar espelhos fixos a carros de corrida, para ver onde estavam os seus adversários, sem ter que virar a cabeça para trás.

Mas os métodos de fixação eram geralmente precários e a trepidação dos carros de corrida do início do século XX não deixava ver grande coisa.

Uma famosa senhora-piloto, Dorothy Levitt, escreveu em 1909 um livro com o título “A mulher e o automóvel” em que aconselhava as mulheres a abrir de vez em quando os seus espelhos de mão de maquilhagem, para ver o trânsito atrás do seu carro, na cidade e na estrada.

Patente só em 1921

Por essa altura, ninguém deverá ter dado muita importância ao espelho retrovisor, pois a patente do primeiro espelho feito para ser usado em automóveis, data apenas de 1921, registada em nome de Elmer Berger. Estaria ele longe de prever que o seu novo componente duraria tantos anos nos automóveis e noutros veículos.

Claro que o retrovisor evoluiu, desde logo na qualidade dos materiais de que foi sendo feito, depois na maneira como passou a ser fixo ao automóvel, com sistemas que conseguem reunir duas coisas aparentemente antagónicas: uma grande estabilidade, que o impede de sofrer vibrações e uma grande facilidade de ajuste, apenas com uma mão.

Mudou de sítio

A posição do retrovisor foi mudando de sítio até se tornar num “standard”, primeiro em cima do tablier e depois no topo do para-brisas. Os super-adesivos passaram a ser o melhor método de os fixar ao vidro.

Desde cedo que se começou a pensar como resolver o principal problema dos retrovisores: a possibilidade de, à noite, os faróis do carro que segue atrás refletirem no retrovisor diretamente para os olhos do condutor e o encandearem.

Em 1930, foi criado um sistema manual que resolvia o problema. O espelho exterior foi separado da superfície refletora e, à noite, tudo o que o condutor tinha que fazer era rodar um manípulo na base do retrovisor, que inclinava a superfície refeltora e afastava o reflexo dos faróis das pupilas do condutor, continuando a ter uma imagem do que se passava atrás de si, pelo reflexo no vidro.

Mais tarde, este problema passaria a ser resolvido de outra forma, recorrendo a uma substância foto-sensível, que escurece assim que recebe uma forte luz direta.

Pouca evolução dos retrovisores

Mas o princípio permaneceu o mesmo desde o início, com outras evoluções tímidas como os chamados espelhos laterais “esféricos” que devido ao formato da superfície refletora, conseguem cobrir um ângulo de visão maior.

Um dos problemas dos retrovisores é a sua homologação nos diferentes países e nos diferentes segmentos, quando falamos de retrovisores exteriores. Algumas normas obrigam a uma altura mínima do espelho, outras obrigam a uma largura mínima, outras especificam a sua colocação. Para cumprir todas as normas, alguns carros são obrigados a ter espelhos maiores do que seria realmente necessário.

Tornam-se assim pouco práticos, quando se tem que manobrar em espaços mais apertados e prejudicam a aerodinâmica.

Chegam as câmaras

Mas a grande revolução da visibilidade para trás aconteceu com o aparecimento das primeiras câmaras de marcha-atrás que permitiam ao condutor manobrar sem bater em nenhum obstáculo ou num peão.

As câmaras permitem ver o que se passa nos três metros imediatamente atrás do carro, o que os retrovisores não conseguem.

Contudo, têm sido as normas a impedir a substituição dos retrovisores por câmaras de vídeo, pois a letra da legislação prevê, em muitos casos, a existência de um espelho físico.

Contudo, isso está a mudar, como se pode ver em alguns carros que estão já no mercado ou se anunciam para breve.

Novas ideias

Desde há algum tempo que apareceu a inovação de uma câmara de marcha-atrás que, em vez de ser ativada no monitor central do carro, passou a ocupar um pequeno quadrado no retrovisor interior e que só é visível quando se engrena a marcha-atrás. Foi um primeiro passo.

Há menos tempo, começaram a surgir os retrovisores interiores que podem funcionar tanto com os espelhos convencionais, como transformar-se em ecrãs, capazes de mostrar a imagem colhida por uma câmara que consegue cobrir um ângulo maior, com muito melhor definição e que nunca fica obstruída por casacos ou outros objetos colocados sobre a chapeleira.

Substituição dos retrovisores

O último passo é a total substituição dos retrovisores exteriores por câmaras, um objetivo de longa data dos construtores, pois esses retrovisores são os causadores de algumas das maiores dificuldades com que a aerodinâmica dos automóveis tem que lidar.

Estas câmaras são colocadas nos flancos do automóvel, não obrigatoriamente no mesmo sítio dos retrovisores convencionais e depois transmitem a imagem captada em tempo real para dois monitores colocados no habitáculo.

Por uma questão de hábito dos condutores, esses monitores estão posicionados nos extremos do tablier, o mais próximo possível do lugar que ocupavam os retrovisores convencionais.

Na verdade, esta ideia já é aplicada na competição automóvel, por exemplo na famosa corrida das 24 horas de Le Mans, onde a complexidade das mecânicas e das estruturas foi tornando impossível o uso de um retrovisor de espelho, no interior.

No seu lugar está instalado um monitor de grande formato, capaz até de dar informações complementares em relação ao carro que se aproxima.

Conclusão

Para os carros do dia-a-dia, esta tecnologia, dos retrovisores por câmara, abre uma série de outras possibilidades com vista ao aumento da segurança de quem conduz. Uma coisa é certa, saber com o maior detalhe possível o que se passa atrás do carro que estamos a conduzir, continua a ser uma informação vital, para evitar acidentes.

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