A Renault vai lançar em Setembro os seus novos híbridos E-Tech, no Clio, Captur e Mégane ST. Além de serem menos poluentes, as novas versões são também mais económicas. Saiba porquê.

 

O lançamento da nova tecnologia E-Tech, que tem algumas raízes nos métodos de trabalho e desenvolvimento utilizados pela equipa de F1 da Renault, vem reposicionar o construtor na oferta de modelos híbridos e “plug-in”.

As gamas Clio, Captur e o Mégane Sport Tourer vão receber duas versões desta nova tecnologia híbrida. Uma autorecarregável e outra “plug-in”.

A redução de emissões poluentes era o principal objetivo destas versões eletrificadas, fundamentais para reduzir o total de CO2 da marca e cumprir as novas normas anti-poluição.

A oferta de versões híbridas no segmento do Clio não é muito habitual, sobretudo porque os custos de desenvolvimento e de produção dificilmente permitem um modelo de negócio lucrativo.

Mas a Renault encontrou uma maneira de colocar estas versões no mercado a preços realmente concorrenciais.

O Clio E-Tech híbrido 140

Comparando o Clio E-Tech híbrido com os outros modelos da gama, a primeira constatação é de que o preço da versão base é igual ao da versão Diesel Blue dCi, ou seja, 23 200 euros.

Os consumos médios anunciados são muito próximos, com o Blue dCi a gastar 4,2 l/100 km e o E-Tech a gastar 4,3 l/100 km.

Isto significa que os custos de utilização do novo E-Tech e do Diesel são muito aproximados, com a ligeira vantagem do Diesel a ser responsabilidade do menor custo do combustível.

Contudo, é de esperar que os custos de manutenção mais baixos do E-Tech, mais do que compensem a diferença. Além disso, o E-Tech tem prestações melhores, pois a sua potência máxima combinada é de 140 cv, enquanto o Blue dCi se fica pelos 115 cv.

E-Tech mais económico que TCe

Mas a comparação mais interessante é entre o E-Tech e a versão a gasolina de potência mais próxima, o Clio TCe de 130 cv.

Neste caso, tanto o preço (24 150€) como o consumo médio (5,7 l/100 km) são superiores no TCe dando vantagem clara ao Clio E-Tech.

Segundo as contas da Renault, para uma quilometragem anual de 15 000 km, a vantagem do E-Tech será de 25 euros por mês, traduzindo uma poupança de 30%.

Isto é possível porque a contribuição da parte elétrica é substancial, segundo a marca, o Clio E-Tech Híbrido consegue andar em modo 100% elétrico durante 80% do tempo, em condução citadina.

O motor 1.6 a gasolina pode manter-se desligado até aos 70 a 75 km/h, dependendo de fatores como a carga da bateria, inclinação da estrada e posição do pedal do acelerador.

Um híbrido original

O sistema E-Tech tem várias originalidades face a outros híbridos, sobretudo ao nível da transmissão que usa uma caixa de velocidades multimodo.

Esta caixa não tem embraiagem nem sincronizadores, sendo a seleção das mudanças feita com o auxílio de um motor elétrico.

O motor/gerador elétrico principal é alimentado por uma bateria de 1,2 kWh, carregada em andamento pela travagem regenerativa. As emissões de CO2 são de 98 g/km.

Para mais detalhes sobre o funcionamento do E-Tech, seguir este LINK:

E-Tech: Renault mostra segredos dos novos híbridos

Captur E-Tech híbrido Plug-in 160

O sistema E-Tech tem uma segunda variante, recarregável do exterior, ou “plug-in”. Utiliza o mesmo grupo híbrido, acrescentando uma bateria maior com 10,4 kWh de capacidade.

A autonomia em modo elétrico é de 50 km, em ciclo misto ou de 65 km, em ambiente urbano podendo ser usada até aos 135 km/h.

Os 160 cv de potência máxima são obtidos a partir dos 91 cv do motor a gasolina 1.6 e dos 67 cv do motor elétrico de tração. O Captur é o primeiro “plug-in” do seu segmento, a Mégane ST também tem esta versão.

Aqui, a comparação mais lógica será com a versão TCe de 155 cv a gasolina, que anuncia um consumo médio de 6,2 l/100 km.

O Captur E-Tech Plug-in anuncia um consumo médio de apenas 1,5 l/100 km, uma vantagem de 75%. Isto para quem usar o sistema Plug-in da maneira mais correta, ou seja, carregando a bateria com frequência.

As contas da Renault

Neste caso, as contas da Renault são ainda mais esclarecedoras, concluindo que cada 100 km no Captur Plug-in têm um custo de 2,5 euros (incluindo os custos com a eletricidade). No Captur TCe 155, esse valor sobe para os 10 euros e no Blue dCi 115, vale 7 euros.

A Renault conclui que, para uma quilometragem anual de 15 000 km, o Captur E-Tech Plug-in tem um custo em energia (gasolina e eletricidade) de 375 euros, enquanto que o TCe 155 precisa de 1500 euros e o Blue dCi 115 precisa de 1050 euros.

Contudo, o Captur E-Tech Plug-in é mais caro que as outras duas opções, custando 33 590 euros, contra os 26 400 euros do TCe 155 e os 28 900 euros do dCi 115, o que leva a um período de amortização de seis anos, para um comprador privado.

Incentivos fiscais fazem a diferença

No entanto, se o Clio E-Tech 140 se posiciona como uma boa opção para um cliente privado, o Captur E-Tech Plug-in beneficia de vantagens mais convincentes quando comprado por uma empresa, devido aos incentivos fiscais.

O Estado é particularmente generoso com as empresas que decidam comprar modelos “plug-in”, como se pode ver pelos descontos nos impostos relativos à aquisição e utilização.

Para começar, o IVA é dedutível a 100%, em seguida, a taxa de tributação autónoma é de 10% (ou 17%, para versões com preços superiores a 35 000 euros).

O ISV recebe um desconto de 75% e há uma dedução fiscal em amortizações até 50 000 euros.

Quanto aos recarregamentos da bateria, os custos com a eletricidade têm o IVA dedutível também a 100%.

Mas no caso do Clio E-Tech híbrido, as empresas também podem colher benefícios, como a taxa de tributação autónoma de 10%, um desconto de 60% no ISV e de um gasto fiscal em amortizações até 25 000 euros.

A Renault também dá o seu contributo, no âmbito do seu Eco Plan e acumulável com os apoios do Estado: apoio de 1750 euros para o abate de um automóvel com idade igual ou superior aos 12 anos, um valor que, no caso do Captur E-Tech Plug-in, sobe aos 2500 euros.

Conclusão

O lançamento de versões eletrificadas é uma “obrigatoriedade” para os construtores conseguirem atingir as metas de emissões de CO2. Mas são também uma oportunidade que a Renault aproveitou para propor produtos com custos de aquisição e utilização mais reduzidos que as tradicionais opções pelas motorizações a gasolina ou gasóleo.

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