De “máquina agrícola” como os seus criadores chamaram ao primeiro Land Rover, até aos atuais Range Rover, a marca britânica percorreu um longo caminho. Mas que está longe de ter sido concluído. O Velar é apenas um sinal da direção que os produtos da Range Rover vão tomar no futuro próximo.

Qualidade, requinte, sofisticação e estilo são os valores a reter, mais do que versatilidade, robustez ou capacidades TT. O Velar mostra isso mesmo.

Devo andar a conviver demasiado com estilistas, ou então foi mesmo a conversa de Gerry McGovern que me ficou nos ouvidos…

Feito com base na plataforma de aço e alumínio do Jaguar F-Pace, o modelo que se vem posicionar entre o Evoque e o Range Rover Sport, é uma demonstração de como pode evoluir o estilo monolítico do passado, para uma forma que dá muito mais atenção à elegância e aos detalhes. Basta olhar para a maneira como todas as superfícies parecem tensas e justas, ou como a traseira deixou de ser apenas o sítio onde está o portão, para ter tridimensionalidade e caráter. Devo andar a conviver demasiado com estilistas, ou então foi mesmo a conversa de Gerry McGovern que me ficou nos ouvidos…

O rei do estilo

Seja como for, o peso do design é tão aparente por fora como por dentro, no habitáculo, onde a consola central é dominado por dois monitores táteis, que lhe dão um ar sofisticado e tecnológico. Apesar de sofrerem de reflexos e de nem sempre responderem rapidamente ao toque das ordens do condutor. Os materiais são de alta qualidade, a posição de condução é alta o suficiente, mas o volante é enorme. O Velar merecia um “leme” melhor que este.

Há espaço nos lugares de trás, mais em comprimento que em largura. Esta versão de tração às quatro rodas, motor Diesel 2.0 de 240 cv e caixa automática, tem pontos fortes e pontos fracos. Começando pelo fim, o motor faz mais barulho do que estava à espera e não tem a resposta que os seus 240 cv prometem. A caixa automática com patilhas é excelente e faz o melhor que pode para esconder as fraquezas do motor, mas não consegue evitar consumos altos: em cidade, gasta 13,0 l/100 km.

A voar na estrada

A suspensão é um ponto alto do Velar, o produto que a marca aponta como o seu modelo mais virado para a condução desportiva em asfalto. Com molas pneumáticas, seria de esperar conforto, mas os pneus 265/45 R21 não deixam e o carro acaba por ser duro em piso menos que perfeito. A parte boa é que a eficiência a curvar tem pouco a ver com um SUV normal. Muito rigoroso a entrar em curva, só exagerando acaba por sair de frente, no modo Dynamic e com o ESP “off”. Mas insistindo e esperando um pouco, a tração às quatro rodas consegue passar mais binário para as rodas de trás, antes da curva acabar, permitindo assim ao eixo traseiro “enrolar” a curva e manter o Velar muito composto para atacar a próxima mudança de direção. Até dá ao condutor a hipótese de travar tarde, já a curvar, provocando a traseira para uma pequena deriva e acelerar forte no instante seguinte, já com o carro alinhado com a saída.

Conclusão

Esta é uma descrição que poderia ser aplicada a um bom GTI, muito mais pequeno e baixo, o que é um elogio ao Velar e o situa bem acima do Evoque, na que diz respeito às capacidades dinâmicas em asfalto.
Claro que o Velar ainda não é um Macan, em termos dinâmicos e desconfio que a Range Rover não está preocupada com isso. O que preocupa alguns dos seus vendedores é o aspeto demasiado compacto e pequeno: “é pouco carro para tanto dinheiro”, dizem alguns clientes.

Potência: 240 cv
Preço: 78 164 euros
Veredicto: 4 estrelas