Em 110 anos o rali de Monte Carlo sempre teve na constante variação das condições do piso a sua maior dificuldade. Este ano, cada concorrente tem 34 pneus Pirelli para escolher. O problema é saber como…

 

A Pirelli voltou a ser o fornecedor único das três equipas oficiais que participam no WRC, dez anos depois de ter deixado a primeira linha dos ralis à Michelin. E o regresso não podia ocorrer num terreno mais complicado do que o rali de Monte Carlo.

Conhecido por ser o rali do WRC com maiores alterações do estado do piso, a escolha dos pneus para cada troço é muitas vezes o que decide o vencedor.

Estão três equipas inscritas no WRC 2021; Toyota, Hyundai e M-Sport Ford. A Toyota ganhou o título de pilotos com Sébastien Ogier no ano passado, enquanto a Hyundai ganhou o título de marcas. O vencedor do rali de Monte Carlo do ano passado foi Thierry Neuville, no Hyundai.

Dois campeões à partida

À partida do Monte Carlo 2021, que começa já amanhã, 21 de Janeiro, vão alinhar cinco Hyundai i20 Coupé, quatro Toyota Yaris WRC e três Ford Fiesta WRC, pilotados pelos melhores pilotos do mundo na especialidade, dois deles campeões do mundo: Ott Tanak e Sébastien Ogier, este último por sete vezes.

Cada um deles terá a difícil missão de percorrer 258 km de troços cronometrados em estrada fechada ao trânsito e, devido ao Covid-19, sem público a assistir. Foi também a pandemia que obrigou o rali a ter o percurso mais curto da sua história e a começar cada um dos quatro dias de prova muito cedo, ainda de noite.

Como sempre no Monte Carlo, os pilotos esperam por condições de piso que podem variar entre o asfalto seco, molhado, nevado ou com placas de gelo. Tudo isto pode aparecer num mesmo troço, dependendo de que lado bate o sol nas montanhas.

Como adivinhar as condições do piso

Para lidar com estas condições, as equipas têm vários instrumentos, a começar por estações meteorológicas que fornecem informação em tempo real. Têm também aquilo a que chamam os batedores, ex-pilotos ou pilotos que não participam na prova, mas que passam nos troços algumas horas antes dos concorrentes, para confirmar o estado dos troços e avisar os pilotos.

Alguns pilotos têm também informadores espalhados pelo percurso, capazes de lhes dar informações mais em cima da hora, através de telefone. Mas tudo isto não chega.

No final, cabe a cada piloto e à sua equipa escolher qual o melhor tipo de pneu para disputar cada conjunto de troços, entre as passagens pelo parque de assistência. Essa escolha inclui os quatro pneus montados no carro e mais dois suplentes, que o piloto e co-piloto podem decidir mudar entre dois troços.

Costuma dizer-se que o Monte Carlo é uma lotaria em termos de escolha de pneus, mas as escolhas mais acertadas raramente são obra do acaso; e a atitude dos pilotos na abordagem dos troços também conta muito, por vezes é preciso andar a velocidades mais baixas do que se possa imaginar, só para manter o carro na estrada.

Pirelli é o fornecedor único

A importância dos pneus fica bem demonstrada nos 800 pneus que a Pirelli leva para o rali de Monte Carlo, para distribuir só pelas equipas principais. Cada piloto tem 80 pneus por onde escolher durante os quatro dias de rali, mas, pelo regulamento, só pode usar 34 no total.

A escolha faz-se entre quatro tipos de pneus fornecidos pela Pirelli:

Pzero Soft – para asfalto seco e abrasivo, com temperatura acima dos 0 graus

Pzero Super Soft – para asfalto húmido ou neve macia, temperaturas abaixo dos 0 graus

Sottozero Snow – piso muito molhado ou neve macia

Sottozero Snow/Ice – para neve compacta ou gelo, tem pregos

Dos seis pneus que cada carro pode levar, há a possibilidade de escolher uma combinação dos quatro pneus acima. Uma das hipóteses é levar quatro pneus Pzero Super Soft e dois Sottozero Snow/Ice com pregos, para o piloto e co-piloto montarem entre dois troços, caso as condições do piso mudem de piso molhado para gelo.

Piloto e co-piloto têm que mudar pneus

Como em todas as intervenções feitas no carro fora do parque de assistência, também as trocas de pneus entre troços têm que ser feitas apenas pelo piloto e co-piloto, com os meios que tiverem a bordo. O “pit-stop” organizado pela Lancia no Monte Carlo de 1983, quando trocou os Pirelli traseiros dos Lancia Rally 037 a meio de um troço, já não é permitido.

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