Depois da Toyota e da Honda, agora foi a vez da Nissan anunciar que vai abandonar o Diesel, no Qashqai. No seu lugar terá o “E-Power”, saiba do que se trata.

 

A debandada das marcas japonesas dos Diesel não é uma coincidência. Não é difícil recordar que foram precisamente estas marcas as últimas a aderir à moda dos motores a gasóleo e só a muito custo.

Em alguns casos até compraram motores Diesel a outros fabricantes, para não terem que investir numa tecnologia que só conseguiam vender na Europa.

Como as marcas japonesas sempre tiveram um alcance global e nunca foram dependentes do mercado Europeu, não é de estranhar que tenham tido essa atitude no apogeu dos Diesel, nem tão pouco que sejam agora as primeiras a abandonar o navio.

Toyota e Honda foram à frente

A Toyota tinha o substituto perfeito no seu comprovado sistema híbrido e a Honda seguiu o mesmo caminho, talvez de uma forma um pouco menos afirmativa, mas o resultado foi o mesmo.

Agora chegou a hora da Nissan anunciar que o Qashqai vai deixar de ter motores Diesel. O anúncio refere-se à terceira geração do percursor dos SUV compactos, que se espera seja lançado já a meio de 2020.

No entanto, o caso da Nissan é um pouco diferente das outras duas marcas japonesas que disseram adeus ao Diesel. Sobretudo no caso do Qashqai, que continua a ter 30% das suas vendas europeias assentes nos motores a gasóleo que partilha com a Renault.

Procura Diesel a descer

Citado pelo “Automotive News Europe” (ANE), o vice-presidente da marca, Gianluca de Ficchy, confirma a descida de procura do Diesel nos últimos tempos e a necessidade de o substituir por outra tecnologia.

Segundo os especialistas de dados da Jato Dynamics, a descida de vendas de motores Diesel no Qashqai foi dos 47% para os 30%, nos últimos dois anos.

Esta tendência está em linha com a descida de procura de motores Diesel neste segmento na Europa, que caiu dos 45% para os 30%, no mesmo período.

Esta queda na procura poderia justificar o abandono do Diesel, não fosse um outro dado que entra aqui em jogo. Nos dez primeiros meses deste ano, o Tiguan ultrapassou o Qashaqi como o SUV compacto mais vendido na Europa.

Tiguan é o Diesel mais vendido

Igualmente interessante é o dado que diz ser o segmento dos SUV compactos aquele que mais Diesel vendeu, representando 44% das vendas.

Tão ou mais significativo, é o facto de o Tiguan ser hoje o modelo que mais motores Diesel vende na Europa. Afinal, o “Dieselgate” não teve as proporções negativas para a VW que muitos observadores afirmam. Uma saborosa ironia, para os lados de Wolfsburgo…

Como seria de esperar, a Nissan vai substituir o Diesel por uma solução híbrida, uma tecnologia própria que tem tido algum sucesso no mercado japonês e dá pelo nome de “E-Power”.

O que é o “E-Power”?

Trata-se de um sistema híbrido em série, que utiliza um pequeno motor a gasolina de três cilindros a funcionar numa rotação constante em torno das 2500 rpm.

A sua única função é accionar uma máquina elétrica, que funciona como gerador para carregar uma bateria compacta. Esta fornece em seguida energia a um motor elétrico, idêntico ao do Leaf, que move as rodas da frente.

Em termos de utilização, é semelhante a um carro elétrico, pois o motor a gasolina nunca move as rodas, com a diferença que a carga da bateria não é feita exteriormente, mas através do motor a gasolina e da regeneração na desaceleração.

Não faz emissões zero locais, mas, para dar um exemplo, quando montado num Note, os consumos anunciados pela Nissan são de 3,0 litros/100 km.

Eletrificados a subir

As melhores previsões apontam para que a penetração de veículos eletrificados na Europa chegue aos 24% em 2022, mas Ficchy disse que “para a Nissan ter um posicionamento relevante na Europa, precisa de estar nos 40% nessa altura.”

O responsável da Nissan sabe que não pode contar com a transição direta dos motores a gasóleo para os motores a gasolina: “os clientes acostumados ao Diesel, notam muito a diferença nos consumos quando passam para as versões a gasolina, é preciso uma tecnologia diferente”.

Os engenheiros continuam a argumentar que as emissões de NOx e de partículas dos Diesel modernos estão ao nível dos motores a gasolina e que as de CO2 são menores, devido aos consumos reais mais baixos.

Mas a verdade é que o tempo da argumentação lógica a favor dos Diesel modernos, já passou. O ambiente anti-Diesel vem de cima e os compradores vão acabar por ser “obrigados” a desistir de os comprar. Por mais que isso não seja a melhor solução para o problema da poluição gerada pelos automóveis.

Conclusão

Se esta é a altura certa para a Nissan fazer uma mudança tão radical, só o tempo o dirá. Seja como for, a marca terá pela frente um enorme desafio de comunicação: explicar o que é o “E-Power”.

Francisco Mota

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