Suspensão um pouco firme em mau piso

O Aygo X aumentou de dimensões face ao Aygo

Vão estar disponíveis várias combinações de cores

Por fora, o portão traseiro tem uma placa de vidro

Boa posição de condução, mais alta que no anterior Aygo

As performances são suficientes na cidade

Volante não regula em alcance

Aos bancos só lhes falta mais apoio lateral

Painel com desenho novo

Teto de lona retrátil

Mala tem acesso alto e chapeleira flexível

Frente tem ar de família com outros Toyota

Entre-eixos mais curto que o Yaris

Luzes traseiras verticais são mantidas

Estão disponíveis jantes de 17 e 18 polegadas

Carroçaria em dois tons

Lê-se Aygo Cross

A nova geração do Aygo X tornou-se um crossover mas manteve-se curto e ágil. Um citadino puro, feito na e para a Europa, como já há poucos. Mecânica simples sem turbo, nem híbrido. Mas nem tudo são rosas… Primeiro teste nas ruas de Barcelona.

 

A maioria das marcas está a desertar do segmento A dos citadinos puros. Os custos de fazer um modelo o mais barato possível nunca são assim tão baixos. E não é fácil descer as emissões sem componente híbrida, o que faz subir a média de emissões da gama e o preço.

Resultado: as contas do CO2 complicam-se e as margens de lucro desaparecem, por isso os construtores desistem deste segmento.

Mas, na Toyota, esta equação parece ter solução. Não porque tenha descoberto uma tecnologia inovadora, pois o Aygo X é muito convencional, com uma atualização do comprovado motor de 998 cc e três cilindros a gasolina, sem turbo nem sistema híbrido.

As emissões também não são milagrosas, não baixando dos 107 g/km de CO2. A solução da equação vem de outro lado. Por produzir e vender tantos híbridos noutros segmentos, a marca japonesa tem margem para colocar no mercado um citadino com emissões mais altas, sem que isso afete a média de toda a sua gama.

Faltava apenas resolver a questão dos custos de produção. A Engenharia fez uma verdadeira “guerra” aos custos e analisou todas as peças que constituem o novo Aygo X, tentando simplificar ao máximo. O que não é uma tarefa simples.

Plataforma do Yaris

A plataforma é a mesma GA-B do Yaris, mas com a distância entre-eixos reduzida em 130 mm e toda a zona traseira simplificada, incluíndo a suspensão de barra de torção. As dimensões diferem do anterior Aygo, com mais 235 mm de comprimento, mais 125 mm de largura e mais 50 mm de altura.

O novo Aygo X (lê-se Aygo Cross) tem mais 11 mm de altura ao solo que a geração anterior

Face ao anterior Aygo, o novo Aygo X (lê-se Aygo Cross) tem mais 11 mm de altura ao solo e a posição de condução é 55 mm mais alta. O nível dos olhos do condutor fica assim a 1,50m do solo, facilitando a visibilidade e colocando-o quase à mesma altura dos olhos de um ciclista, o que pode ser útil para negociar as prioridades no trânsito.

Algumas ideias do anterior Aygo foram mantidas, mas com uma execução diferente. É o caso da tampa da mala que, por fora, usa um vidro de alto a baixo. É também o caso do formato do pilar e das luzes traseiras.

Feito na Europa

A Toyota deixou de precisar de partilhar o Aygo X com outros construtores, pois as sinergias vai buscá-las à partilha de componentes com o Yaris. Segundo a contabilidade dos técnicos, 50% das peças são iguais, 10% são modificadas e 40% são novas.

Os dois partilham também a linha de montagem da fábrica de Kolin, na República Checa, que a procura obrigou a estar já a trabalhar em três turnos diários, o máximo possível.

Mas tudo isto não seria suficiente para fazer do Aygo X um produto apetecível, sobretudo numa altura em que a ideia do carro elétrico ou, pelo menos, híbrido, percorre todos os segmentos. A Toyota terá um elétrico neste segmento, mas não para já.

Argumentos atuais

Apesar da simplificação em muitos campos, o Aygo X tem outros argumentos para captar a parte emocional da compra. O tejadilho de lona foi mantido como opcional, há mais opções de combinações de cores exteriores, entre tejadilho, carroçaria e molduras das rodas. Há várias jantes disponíveis (de 17” e 18”) e escolha de cores para o habitáculo.

Também não falta um ecrã tátil de 9” com conectividade via Android Auto e Apple Carplay, atualizações “over the air” e uma App para controlar tudo à distância. Na parte das ajudas eletrónicas à condução existe um “cruise control” adaptativo, manutenção de faixa, deteção de peões e ciclistas e travagem autónoma de emergência.

Estilo resultou bem

Para este primeiro teste, a Toyota convidou-me a ir a Barcelona guiar um dos primeiros pré-série, ainda com uma cauflagem residual mas num estado muito perto do final. E a primeira impressão é de que o Aygo X tem proporções muito mais modernas que o antecessor.

As jantes de 18” não parecem exageradas e estão “calçadas” com pneus relativamente estreitos 175/60 R18, existindo também pneus 175/65 R17. A maior largura das vias dá-lhe um aspeto muito menos frágil que no passado.

Nos lugares de trás, o espaço não é muito, nem em largura, nem em comprimento

O desenho insere-se bem na restante gama da marca. A mala tem uma abertura estreita e alta, anunciando 231 litros de capacidade. A chapeleira é maleável e existem alças nas costas dos bancos para os rebater a partir da mala.

Nos lugares de trás, o espaço não é muito, nem em largura, nem em comprimento, mas a altura é correta. As portas traseiras são estreitas e os vidros apenas abrem em compasso.

Típico do segmento A

Passando para o lugar do condutor, os bancos com encosto de cabeça integrado são razoáveis em conforto, mas com pouco apoio lateral. As regulações são suficientes, mas o volante não regula em alcance. Ainda assim, a posição de condução é boa, sem desvios na colocação dos comandos principais.

Todos os plásticos do interior são duros, com um acabamento demasiado brilhante em alguns pontos. Mas, a fazer fé na reputação da marca, devem resistir bem ao passar dos anos.

O painel de instrumentos é simples, num misto entre analógico e digital que não levanta problemas de leitura. O ecrã tátil central também pareceu fácil de usar e o módulo da climatização está separado, mais abaixo.

Teste em Barcelona

A primeira parte do teste decorreu durante o princípio da manhã, nas ruas mais movimentadas do centro de Barcelona. Não é o teste mais agradável de se fazer, mas é o mais representativo. A Toyota até propôs guiar a versão com transmissão contínua, que agora se chama S-CVT, com o S a querer dizer “small”.

O “casamento” entre o motor atmosférico de 72 cv e a caixa de variação contínua resulta numa boa elasticidade a baixa velocidade e até alguma agilidade em cidade, pois só tem que “puxar” por 940 kg. Só quando se acelera mais forte, para escapar a algum semáforo vermelho, se nota o motor a “estacionar” num regime alto.

A insonorização não é perfeita, mas o som do motor de três cilindros nem é desagradável

A insonorização do motor não é perfeita, mas o som deste três cilindros nem é desagradável ao ouvido. A caixa pode ser comandada manualmente através da alavanca ou de patilhas fixas ao volante, que nem são muito desobedientes. Mas é um exercício que de pouco serve, a não ser para perder eficiência.

Onde melhorou mais

Gostei bastante da direção, com um bom tato e precisão, sem embarcar na sobre-assistência que hoje é moda. Muito melhor que no Aygo anterior. Também a suspensão tem um desempenho muito superior ao anterior Aygo.

Será mesmo o campo em que o modelo mais evoluiu. Agora, sente-se que a suspensão está a trabalhar, distribuindo bem o esforço pelas quatro rodas. Apesar de ter maior altura ao solo, a verdade é que a suspensão controla a carroçaria muitíssimo melhor.

Mas há um preço a pagar por isso, pois o conforto em pisos de pior qualidade, ou sobre lombas sonoras não é extraordinário. A curta distância entre-eixos também nunca ajuda, nestes casos. Talvez com as jantes de 17” se ganhe alguma coisa, Terei que as testar.

Percurso fora da cidade

Para a segunda parte do teste, troquei a S-CVT por uma caixa manual de cinco e sai do centro da cidade para um percurso com autoestrada e alguma estrada secundária. Só por sí, a caixa manual modifica a atitude do carro, mesmo se a S-CVT nem tem muito deslizamento.

maior controlo do carro com a caixa manual, apesar de não ser nem muito rápida nem muito precisa. A segunda velocidade é mais curta que no modelo anterior, para facilitar a vida ao motor em cidade, acima disso são todas um pouco mais longas, para controlar os consumos.

Não tive ocasião para testar consumos com o mínimo de rigor, por isso fico-me pelos anunciados: 4,7 l/100 km, em ciclo combinado, para a caixa manual e 4,9 l/100 km, para a S-CVT.

Bom controlo da frente na entrada em curva e pouca inclinação lateral

Em autoestrada, continuou a agradar o bom controlo dos movimentos da carroçaria, seja em mudanças de faixa, seja sobre lombas e bossas ou em travagens fortes. Mas a insonorização mostra mais uma vez que não é o ponto forte do Aygo X, seja em relação ao motor, seja em relação aos ruídos aerodinâmicos.

Passando a estradas secundárias com algumas curvas, o Aygo X mostra o enorme progresso face ao seu antecessor, em termos de suspensão.

Bom controlo da frente na entrada em curva, pouca inclinação lateral e, quando chega a subviragem, o ESC trata do assunto com suavidade, ajudando a curvar, sem fazer perder demasiada velocidade.

Claro que o motor 1.0 de 72 cv sem turbo não coloca muitas questões ao “chassis” que se mostrou claramente sobredimensionado para a performance disponível: 0-100 km/h anunciados em 14,9 segundos (14,8s, com a S-CVT) e velocidade máxima de 158 km/h (151 km/h com a S-CVT).

Conclusão

E chegamos ao “mas”… O preço de entrada do Aygo X é de 17 294,67 euros, apenas cerca de 500 euros menos que o mais barato dos Yaris, com o mesmo motor. Como valor absoluto, é caro, mas a Toyota prevê uma renda mensal baixa, devido ao alto valor residual. E espera que os apreciadores da marca continuem a valorizar os seus argumentos tradicionais. A chegada a Portugal está prevista para Março, nessa altura logo veremos a reação do comprador português.

Francisco Mota

Toyota Aygo X

Potência: 72 cv

Preço: 17 294 euros

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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