Kia EV6 GT-Line

Grande distância entre-eixos para alojar a bateria

Estilo crossover coupé no Kia EV6

Formas aerodinâmicas nos retrovisores

Novo desenho da frente identifica o EV6

Kia EV6 estará disponível em versão e-GT de 585 cv

Muito boa posição de condução

Painel de instrumentos configurável

Comando dos modos de condução

Comandos da transmissão às rodas traseiras

Controlo da climatização em separado

Bancos são confortáveis e com bom apoio

A transição energética tem esta vantagem: as marcas podem aproveitá-la para fazerem uma revolução no seu posicionamento. Parece ter sido isso que a Kia fez com o EV6, um crossover elétrico com uma credível aura “quase-premium”.

 

O estilo ousado e o novo desenho do símbolo da marca no capót fazem este Kia gerar admiração e algum espanto: “mas isto é um Kia?…” foi a pergunta que mais me fizeram enquanto o fotografava algures em Lisboa, durante um primeiro e breve teste.

A partilha da plataforma E-GMP e de todos os componentes mecânicos com o Hyundai Ioniq 5, da marca-mãe do grupo, torna-se difícil de perceber, tais são as diferenças exteriores. Proporções, superfícies, detalhes, tudo é radicalmente diferente entre os dois modelos “gémeos”.

E a parte boa é que ambos conseguem chamar as atenções pelos melhores motivos: originalidade e estilo apelativo, tendo o Kia EV6 uma abordagem mais desportiva com um desenho mais ousado que foi buscar inspiração ao famoso Lancia Stratos, segundo os seus autores.

Guiei o GT-Line de 229 cv

O EV6 que guiei foi o GT-Line com bateria de 77,4 kWh, 229 cv e 350 Nm, anunciando 749 km de autonomia em circuito urbano. Também há uma versão menos ambiciosa, o Air, com bateria de 57 kWh, 170 cv e autonomia de 578 km em cidade. A Kia espera que a primeira seja a mais procurada.

O EV6 e-GT tem 585 cv mas só chega em 2023. Faz os 0-100 km/h em 3,5 segundos

Em 2023, chegará a versão mais potente, o EV6 e-GT, com dois motores e tração às quatro rodas, anunciando uma potência máxima de 585 cv e capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,5 segundos, atingindo os 260 km/h. Para já, os dois EV6 disponíveis têm motor e tração às rodas de trás.

Apesar do perfil de crossover-coupé, o EV6 tem 520 litros de capacidade da mala, mais 52 litros sob o capót dianteiro, perfeito para guardar os cabos da bateria.

Interior “cheira” a qualidade

O interior tem bastante espaço nos lugares da frente e muito nos de trás, especialmente em comprimento, devido a uma grande distância entre-eixos de 2900 mm. A qualidade apercebida dos materiais é boa, com alguns detalhes de desenho a contribuir para isso e uma preocupação na utilização de materiais reciclados.

A Kia afirma que utiliza 111 garrafas de plástico recicladas para os revestimentos dos bancos, não existindo couro natural no habitáculo, apenas sintético.

A posição de condução não é muito alta, apesar de a bateria estar sob o habitáculo, o volante tem grande diâmetro, mas uma boa pega e o painel de instrumentos digital tem leitura razoável.

O ecrã tátil central curvo de 12,3” está na continuação do painel de instrumentos, é fácil de usar e tem bastante informação sobre a condução e carga da bateria.

Muito silencioso

Em andamento, o EV6 é silencioso e tem aquela resposta rápida ao acelerador típica dos elétricos. Em cidade, o modo Eco é mais do que suficiente.

Quando se carrega a fundo no pedal da direita, numa via sem trânsito e passando ao modo Sport, a aceleração impressiona mais no início, perdendo depois vigor com a subida da velocidade.

O Kia EV6 tem uma afinação mais desportiva que a do “gémeo” Hyundai Ioniq 5

Em estrada secundária, guiado depressa, o EV6 mostra bem a sua génese de “tudo atrás” com uma ligeira tendência sobreviradora, bem controlada pelo ESC.

A afinação da suspensão é mais desportiva que a do Ioniq 5, mais firme e com direção que pareceu mais direta e menos leve, também com a contribuição dos pneus 235/55 R19.

Regeneração variável

Esta versão faz os 0-100 km/h em 7,3 segundos e atinge os 185 km/h, com um peso de 2000 kg. A bateria demora 32h45 a carregar totalmente numa tomada doméstica de 220v. Numa wallbox de 11kW, demora 7h20.

Em cidade, o sistema de regeneração na desaceleração oferece várias hipóteses, todas comandadas através das patilhas fixas ao volante. Há quatro níveis de intensidade de regeneração, que podem ser usados como as reduções num motor de combustão.

Depois ainda há a função “i-pedal” que faz o máximo de retenção e funciona bem no meio do trânsito. E também há um modo Auto, que aplica mais ou menos regeneração de acordo com a distância ao carro da frente, limites de velocidade e aproximação de curvas ou rotundas.

Carrega até 250 kW

O sistema elétrico do EV6 funciona a 400v ou a 800v, reconhecendo o tipo de carregador a que está ligado para optar por uma ou outra voltagem. A bateria carrega a um máximo de 250 kW, demorando, nesta situação, 18 minutos para ir dos 10% aos 80% de carga.

A bateria pode ser usada para carregar bicicletas elétricas ou alimentar uma TV

O sistema elétrico tem função V2L que permite usar a energia da sua bateria para carregar outros veículos, como bicicletas elétricas.

Outros equipamentos de relevo são o Head Up Display com realidade aumentada, as câmaras de 360 graus e a possibilidade de estacionar o carro desde o exterior, através do comando à distância. E uma aplicação para controlar o carregamento da bateria à distância.

Conclusão

Em Portugal, o EV6 já registou 70 vendas em pré-reserva, começando as vendas normais a 30 de Outubro, numa altura em que a quota de mercado da marca atingiu os 3,31%, a maior de sempre. O novo elétrico da Kia está à venda a partir dos 43 950 euros, na versão Air, 49 950, na versão GT-Line que guiei e 64 950, na versão e-GT.

Francisco Mota

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