BYD Tang

BYD Tang é um SUV elétrico de sete lugares

Jantes de 22" prejudicam o conforto

Estilo elegante e fácil de gostar

Dinâmica afinada ao gosto europeu

Potência máxima de 517 cv e tração integral

Tang partilha plataforma com berlina Han

O comprimento total é de 4,87 metros

Autonomia mista de 400 km e de 528 km em cidade

Qualidade em muito bom plano, típica de um premium

O ecrã tátil central pode ser usado na vertical...

... ou na horizontal, basta carregar num botão

Alavanca da caixa é baixa e botões dos modos de condução e regeneração pequenos

Terceira fila é vocacionada para crianças

Segunda fila de bancos acolhe dois adultos com muito espaço

Mala volumosa e fácil de carregar

A marca chinesa de automóveis elétricos BYD foi lançada em Portugal. Vem pela mão do Grupo Salvador Caetano e tem no Atto 3 de 41 990 euros o seu modelo de proa. Mas a primeira venda em Portugal foi do Tang, um SUV de sete lugares e tração às quatro rodas. Primeiro Teste TARGA 67, para o que o primeiro cliente português da BYD levou para casa.

 

Já aqui contei no blog TARGA 67 a história da BYD, na altura em que testei dois dos três modelos (ver link mais abaixo) com que vai entrar em Portugal, o C-SUV Atto 3, um rival do VW ID.3 e o Han, um rival do Tesla Model S. Mas vale a pena fazer um resumo muito breve.

BYD quer dizer Build Your Dreams

A BYD (Build Your Dreams) nasceu em 1995 para fabricar baterias recarregáveis para telemóveis e eletrónica de consumo. Uma curiosidade: foi fornecedor dos telemóveis Nokia, que muitos de nós usámos nessa altura. A BYD Auto nasceu em 2003, produzindo camiões, autocarros e até empilhadores.

Entrada nos automóveis

O primeiro automóvel, só para o mercado chinês, surgiu dois anos depois e o primeiro PHEV em 2008. Mais dois anos e o grupo lançou o seu primeiro automóvel elétrico. Em 2022 deixou de fazer automóveis equipados só com motores térmicos. Há dez anos que são líderes nos automóveis EV + PHEV no mercado chinês.

Este é o Atto 3, rival do VW ID.3

Decididamente, não são uma “start-up”. Em 2022 venderam mais EV e PHEV somados (1,857 milhões) que a Tesla, registando um crescimento de 56% ao ano. Em 2023 apontam para os três milhões. São o segundo maior fornecedor de baterias do mundo e vendem baterias para a Tesla e Toyota.

Já estão em Portugal

Chegam agora a Portugal, Lisboa e Porto, com três modelos, de que foram já revelados os preços: Atto 3 (41 990 euros), Han (72 570 euros) e Tang (72 570 euros). Em Setembro, chegam o Dolphin, um B-SUV que deverá custar entre 30 000 e 38 000 euros, dependendo das versões, e o Seal, um rival do Model 3 da Tesla que ainda não tem preço revelado.

BYD Han EV

De todos os cinco modelos que a BYD vai ter à venda em Portugal durante este ano, só faltava testar o SUV de sete lugares Tang. O nome, tal como o do Han, vem de dinastias chinesas.

Primeiro cliente escolheu Tang

Apesar de o Atto 3 ser o modelo que mais vai vender, a verdade é que (mais uma curiosidade…) o primeiro cliente português da BYD escolheu um Tang. Para descobrir que tipo de carro levou para casa, tive a oportunidade de fazer um Primeiro Teste a este SUV elétrico de sete lugares e tração às quatro rodas.

Tang partilha plataforma com berlina Han

O Tang é um SUV de 4,87 metros de comprimento, rival do Tesla Model X. A plataforma é partilhada com a berlina Han e foi feita para receber motorizações 100% elétricas e PHEV.

Foi inicialmente lançado na China em 2018 e recebeu um restyling em 2020, antes de desembarcar agora na Europa, apenas em versão 100% elétrica.

Estilo fácil de gostar

O desenho foi dirigido por Wolfgang Egger, um designer com obra feita em Itália e na Alemanha, que diz ter-se inspirado no símbolo do dragão chinês.

Felizmente, o aspeto do Tang é muito menos monstruoso que o do animal mítico, apresentando linhas suaves e bem proporcionadas. Não será o SUV mais original do mundo, mas é fácil gostar do estilo.

Potência máxima de 517 cv e tração integral

Em termos técnicos, o Tang usa uma bateria LFP de 86,4 kWh sem Cobalto, fabricada pela BYD segundo uma tecnologia própria em que as células cilíndricas são substituídas por lâminas, a bem da densidade energética.

AWD e 517 cv

Tem dois motores, um à frente (180 kW, 245 cv) e outro atrás (200 kW, 272 cv) perfazendo um total de 380 kW, ou 517 cv e 680 Nm de binário máximo.

Em condução normal, apenas o motor da frente é usado, para reduzir os atritos mecânicos e o consumo. Quando as condições de aderência ou o pé pesado do condutor o exigem, entra o motor traseiro em ação.

Estilo elegante e fácil de gostar

Como é hábito nos fabricantes de carros elétricos, também a BYD anuncia a aceleração 0-100 km/h com tanto destaque como a autonomia. São 4,6 segundos, para a primeira e 400 km, em ciclo misto, para a segunda.

Em cidade chega aos 528 km, tudo segundo as normas WLTP. A bateria pode ser carregada em DC até 110 kW, demorando 30 minutos para ir dos 30 aos 80%.

Primeiro Teste

Neste Primeiro Teste, feito em estradas perto de Amesterdão, onde está localizada a sede da BYD Auto Europe, tive oportunidade de ficar a conhecer o Tang em cidade e estrada, durante um pequeno período de tempo.

Mas foi o suficiente para apreciar o esforço posto pela marca no ambiente do habitáculo. Os materiais e os acabamentos são claramente premium, mas numa interpretação relativamente clássica e acolhedora, nada a ver com o minimalismo da Tesla.

Qualidade em muito bom plano, típica de um premium

Há muitas superfícies forradas a pele com costuras em losango que lhe dão um ar luxuoso. Há também outras aplicações metálicas e luz ambiente com 31 cores disponíveis.

O tejadilho de vidro é um dos maiores da indústria, sendo repartido para poder ser aberto. Os bancos da frente têm aquecimento e ventilação, oferecendo conforto.

Detalhes de ergonomia

A posição de condução é alta, mas bem enquadrada com o volante, que só precisava de maior amplitude nas regulações. A alavanca da transmissão automática de uma relação é demasiado baixa.

Os botões de seleção dos modos de condução (Eco/Normal/Sport) e dos dois níveis de regeneração são muito pequenos e colocados muito recuados na consola.

Alavanca da caixa é baixa e botões dos modos de condução e regeneração pequenos

Mas o protagonista é mesmo o ecrã tátil central rotativo de 12,8”. Carrega-se num botão e passa da posição horizontal para a vertical. O que pode ter a sua utilidade, consoante o que se quer ver.

Espaço suficiente

A segunda fila de bancos acolhe dois adultos com conforto e espaço e uma criança ao meio, rebatendo 40/60 tanto para aproveitar melhor a mala como para dar acesso à terceira fila.

Segunda fila de bancos acolhe dois adultos com muito espaço

Ainda assim, o acesso ao sexto e sétimo lugares, não é fácil e o espaço disponível é curto. Falta comprimento para as pernas e pés de um adulto, como é normal neste tipo de modelos. A BYD anuncia uma capacidade de 940 litros para a mala, com cinco lugares em uso e medindo do piso até ao tejadilho.

Potência está lá…

A aceleração anunciada pareceu perfeitamente realista, quando encontrei um caminho deserto e fiz um arranque a fundo. A posição de condução alta talvez faça tudo parecer ainda mais rápido.

Em condução normal, em cidade, usando apenas o motor da frente, a entrega de potência é suave fácil de dosear. O pedal de travão também não é nenhum problema, tanto mais que os travões são fornecidos pela Brembo, mas os níveis de regeneração são pouco intensos.

BYD Tang

Há algumas oscilações longitudinais sobre piso ondulado, típicas dos SUV, apesar deste ter a bateria sob o piso, o que lhe faz baixar o Centro de Gravidade. Mas nada de muito exagerado.

Jantes de 22 polegadas

As jantes de 22” com pneus 265/40 R22 claro que provocam alguns safanões aos ocupantes, quando o piso não é perfeito, mas fazem parte da definição do estilo do Tang.

Em contrapartida, proporcionam mudanças de direção rápidas e precisas, com a direção a ter um tato quase desportivo.

BYD Tang é um SUV elétrico de sete lugares

Não tive ocasião para testar a dinâmica em estradas sinuosas, mas a impressão que ficou foi a de um bom controlo de movimentos, pouca inclinação lateral e boa tração. A verificação dos consumos reais e das autonomias também terá que ficar para o teste a fazer já em estradas portuguesas.

Conclusão

A BYD não espera grandes números de vendas deste SUV Tang, mas tem um produto competente, com algumas originalidades e um habitáculo que será o ponto alto, face à concorrência. O preço anunciado é de 72 570 euros. Para referência, o Tesla Model X de 670 cv custa 118 490 euros.

Francisco Mota

Ler também, seguindo os links:

Primeiro Teste – BYD Atto 3: Elétrico chinês está à altura?

Primeiro Teste – BYD Han: O verdadeiro anti-Model S