BYD Atto 3

Praticamente as mesmas dimensões do VW ID.3

O BYD Atto 3 chega a Portugal ainda este ano

Pneus 235/50 R18 dão ar crossover ao Atto 3

Pilar traseiro tem um acabamento contrastante

Desenho atual das luzes de trás

BYD quer dizer Build Your Dreams

Design é o nível de equipamento mais completo

Bom nível de qualidade no habitáculo, quase premium

Ecrã tátil central tem boa leitura e utilização razoável

É possível rodar o ecrã central em 90 graus

Bolsas das portas delimitadas por cordas a lembrar uma guitarra

Fecho da porta por cima do altifalante

Painel de instrumentos muito pequeno e difícil de ler

Saídas da climatização têm desenho invulgar

Alavanca da transmissão fácil de usar mas muitos e pequenos botões à sua volta não são

Bancos confortáveis, mas com assento curto

Bom espaço para dois passageiros na segunda fila

Mala tem capacidade de 555 litros e bom acesso

Autonomia anunciada em cidade é de 565 km

Motor de 204 cv muito suave e silencioso

Condução dá prioridade ao conforto e à facilidade de operação

Suspensão independente atrás proporciona bom conforto

Ainda este ano vai chegar a Portugal a marca de automóveis elétricos chinesa BYD. Mas será que o grande construtor da China é capaz de fazer um rival à altura do VW ID.3? Primeiro Teste TARGA 67 ao Atto 3.

 

Build Your Dreams é o significado da sigla BYD que identifica um dos maiores fabricantes de automóveis elétricos do mundo, com origem na China. No seu país, lidera nas motorizações eletrificadas para automóveis de passageiros há nove anos consecutivos.

Antes dos automóveis, que começou a fazer em 2003 produzia baterias recarregáveis para eletrónica de consumo, uma atividade que dura há 27 anos e que lhe deu imensa experiência nesta área.

BYD Atto 3

Face a outros, tem a vantagem de fazer as suas próprias baterias, segundo uma tecnologia diferente, que usa células em forma de lâmina, em vez de cilindros. A BYD diz que esta solução facilita a gestão do calor da bateria, além de ocupar 50% menos de espaço.

Atto 3 e mais dois

Outra vantagem é que produz 70% dos micro-processadores que usa, bem como motores elétricos e outros componentes. O construtor está a entrar na Europa agora, tendo planos para acelerar o aumento da sua gama nos próximos dois anos.

BYD quer dizer Build Your Dreams

Para já, a BYD começa com três modelos, a berlina Han, um rival do Tesla Model S e o SUV de sete lugares Han, feito com base na mesma plataforma. O terceiro modelo é o mais importante e deverá representar 95% das vendas na Europa.

Rival do VW ID.3

O Atto 3 tem 4,45 m, sendo um rival direto do VW ID.3, Kia E-Niro e Hyundai Kauai Electric. A marca diz que não se querer posicionar como a opção mais barata do mercado, mas como a mais tecnológica.

Praticamente as mesmas dimensões do VW ID.3

Para o conseguir, estreia a e-Platform 3.0, feita de raiz para modelos 100% elétricos. A bateria está sob o habitáculo e tem uma capacidade de 60,48 kWh úteis, pesando 420 kg. O motor elétrico de ímanes permanentes está à frente e move as rodas dianteiras.

A potência máxima é de 204 cv (150 kW) e o binário de 310 Nm. Quanto à autonomia, a BYD anuncia um valor, para ciclo combinado de 420 Km e de 565 km, para cidade, números alinhados com o VW ID.3 de 204 cv.

Interior original

A sede europeia da BYD situa-se nos Países Baixos, por isso este Primeiro Teste TARGA 67, em cidade e estrada, decorreu em Amesterdão e imediações. O primeiro contacto visual com o Atto 3 revela um desenho moderno e sem muitos adornos, que se enquadra naquilo que se faz na Europa.

Bom nível de qualidade no habitáculo, quase premium

Por dentro, o impacte é bem superior, com um desenho mais ousado e original. As saídas de ar da climatização têm um aspeto único e a alavanca da caixa está bem situada na consola. O volante tem pega anatómica e um desenho vistoso, com comandos relativamente fáceis de usar.

Ecrã tátil rotativo

O painel de instrumentos digital é muito pequeno e a sua informação difícil de ler. Mas a estrela do habitáculo é mesmo o ecrã tátil central rotativo de 15,6” que se pode posicionar na horizontal ou na vertical, bastando tocar num botão.

É possível rodar o ecrã central em 90 graus

A sua leitura não é perfeita, mas acolhe Apple Carplay, Android Auto e até Spotify bem como outras Apps externas. Está habilitado a receber atualizações à distância e o sistema tem comando por voz.

A consola tem os comandos para regular a intensidade da regeneração em dois níveis e para a escolha dos modos de condução: Eco/Normal/Sport. São botões “físicos” mas pequenos e posicionados muito atrás na consola. A alavanca da caixa é fácil de usar e tem bom aspeto.

Detalhes curiosos

Os fechos das portas estão por cima dos altifalantes e puxam-se com a mão na horizontal. As bolsas das portas são delimitadas por cordas que imitam o desenho de uma guitarra elétrica e até emitem sons, quando se dedilham. Tudo isto num habitáculo com materiais de boa qualidade, quase premium.

Bolsas das portas delimitadas por cordas a lembrar uma guitarra

O banco de trás tem muito espaço em comprimento e altura, o piso é plano mas alto, o que deixa as coxas mal apoiadas no assento. O lugar do meio é mais estreito, alto e duro. A mala tem 555 litros de capacidade, o que é um valor muito bom no segmento, mas não há uma segunda mala sob o capót da frente.

Fácil em cidade

A posição de condução é um pouco mais alta que num familiar de motor a combustão, devido à presença da bateria sob o piso. Mas está bem enquadrada com o volante e pedais. Precisa de mais ajuste do volante. Os bancos são confortáveis, mas o assento é curto e o apoio de cabeça não é regulável.

Bancos confortáveis, mas com assento curto

Excluindo o som emitido a baixa velocidade, obrigatório por lei mas um pouco irritante, a marcha em cidade é silenciosa e, usando inicialmente o modo Eco, tem uma aceleração decidida mas nada brusca.

Bom espaço para dois passageiros na segunda fila

A suspensão independente às quatro rodas e os pneus altos proporcionam um bom nível de conforto e o pedal de travão é fácil de dosear. A direção não tem um tato muito detalhado, mas não está demasiado assistida.

Competente

Quanto aos dois níveis de regeneração, as diferenças são subtis e com níveis de retenção baixos. Seria melhor ter uma opção mais intensa. A visibilidade é razoável e a circulação em cidade muito fácil.

Suspensão independente atrás proporciona bom conforto

Sem tempo para muito mais, segui para a autoestrada, onde o Atto 3 ganha velocidade com facilidade, mantendo baixo ruído de rolamento e aerodinâmico.

O conforto é a prioridade do acerto dinâmico mas a estabilidade é boa e os sistemas eletrónicos de ajuda à condução não pareceram demasiado intrusivos. A BYD sublinha que o Atto 3 recebeu cinco estrelas no teste EuroNCAP e muito deste resultado vem do completo pacote de ajudas à condução.

Prioridade ao conforto

Próximo passo foi procurar uma estrada secundária. Numa reta deserta, foi altura para testar o arranque, com a marca a anunciar os 0-100 km/h em 7,3 segundos, um bom valor para os 1750 kg do Atto 3 e conseguido sem demasiada participação do ESC.

Autonomia anunciada em cidade é de 565 km

Estradas secundárias desertas há muitas, mas encontrar curvas foi mais difícil. Uma estrada a serpentear sobre um dos muitos diques da região serviu para ficar com uma ideia da dinâmica do Atto 3.

Dinâmica tranquila

Usando o modo Sport, que pouco altera a resposta do acelerador ou da direção, o comportamento mostrou-se preciso o suficiente para uma condução rápida sem surpresas desagradáveis. Bom controlo das massas, dentro de um registo em que a prioridade vai para o conforto e para a facilidade de condução.

Condução dá prioridade ao conforto e à facilidade de operação

A vocação familiar e tranquila é óbvia, não há muito envolvimento do condutor na ação mas a agilidade é suficiente e a colocação baixa da bateria mostra os seus argumentos na reduzida altura do Centro de Gravidade. Em curvas mais fechadas, acelerando de forma brusca, a roda interior tem tendência para patinar, mas o ESC resolve a situação.

No final deste primeiro teste, o consumo médio indicado foi de 19 kWh/100 km. É pouco representativo de uma utilização normal, para a qual a BYD anuncia um valor de 15,6 kWh/100 km. A bateria carrega a 150 kW DC em 29 minutos, para ir de 30 a 80%; e 80 minutos para uma carga completa. Em AC a 7 kW, demora 9h42 numa carga 0-100%.

Conclusão

A BYD ainda não anunciou preços definitivos para o Atto 3, mas entre as três versões de equipamento disponíveis, Active, Comfort e Design que foi a que testei, os preços devem variar entre os 40 000 e os 45 000 euros. No final deste Primeiro Teste TARGA 67, o Atto 3 agradou pela originalidade e qualidade do interior, pelo conforto dinâmico e pelo desempenho de todo o sistema elétrico, tanto em prestações como naquilo que pareceu ser uma boa eficiência. Num próximo teste em Portugal, terei que confirmar esta última afirmação. Uma coisa é certa, o estereótipo do carro chinês de há alguns anos, está completamente afastado deste Atto 3, que se mostrou perfeitamente ao nível dos melhores europeus neste segmento.

Francisco Mota

BYD Atto 3

Potência: 204 cv

Preço: 40 000 euros (base, estimado)

Veredicto 3,5 (0 a 5)

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