Começou por ser uma solução de recurso, mas ganhou estatuto de ícone. A versão Targa do 911 fica entre o coupé e o cabrio e vai voltar já em Agosto.

 

Tinham os anos sessenta começado e circulava nos EUA a notícia de que os carros descapotáveis eram demasiado perigosos e tinham que ser banidos.

Para a Porsche, era um péssimo sinal, depois do sucesso das versões abertas do 356, com a versão Speedster a atingir estatuto de ícone, depois de alguns famosos o terem adotado.

Mais ainda porque o novo 911, apresentado em 1963, tinha também prevista uma versão descapotável convencional.

O primeiro 911 cabrio foi testado em fase de protótipo, mas nunca chegou à produção. Para o seu lugar, a marca procurou outra solução.

Solução de recurso

A ideia era fazer uma carroçaria que pudesse ser aberta, mantendo toda a segurança, sobretudo em caso de capotamento, o grande fantasma dos americanos.

Por isso, colocar um arco de proteção no lugar dos pilares centrais do tejadilho, rapidamente mostrou os ser o caminho a seguir. Bastou depois “fechar” os “buracos” que restavam.

No lugar do vidro traseiro, foi posto um óculo em plástico maleável, que se podia retirar abrindo um fecho de correr.

No lugar do tejadilho, foi colocado um teto de lona montado numa armação que se retirava, encolhia tipo harmónio e se guardava na mala dianteira.

Tinha nascido o 911 Targa, apresentado no final de 1965, no salão de Frankfurt. A produção começou um ano depois e as primeiras unidades foram entregues aos clientes americanos em Janeiro de 1967.

O “Targa de 67” chegava assim ao mercado para dar início a um percurso que ninguém podia prever vir a ser um sucesso.

Um nome com história

O nome Targa era uma alusão às vitórias da Porsche na famosa corrida de estrada Targa Florio, disputada nas estradas da Sicília e, na altura, quase com tanta fama como as 24 horas de Le Mans ou as Mille Miglia.

Algum “génio” do marketing ainda terá sugerido, numa reunião para decidir o nome do carro, que “Flori” poderia ser uma boa hipótese. Não era…

O Targa manteve a sua posição na oferta da gama 911, mesmo já não sendo necessário, pois os americanos recuaram nas suas intenções de acabar com os descapotáveis, o que nunca chegou a acontecer.

Assim, o Targa foi convivendo com o cabrio até que, na geração 993, o nome passou a ser dado a uma inovadora versão.

Modernização do conceito

O teto removível foi substituído por um tejadilho panorâmico em vidro, que deslizava para trás e se sobrepunha ao vidro traseiro.

Não era a mesma coisa, mas a ideia sobreviveu nas gerações 996 e 997, com pequenas evoluções, como a possibilidade de abrir o vidro traseiro.

O estilo do Targa original voltaria mais tarde, já com a geração 991, agora com um posicionamento nostálgico que agradou a muitos.

O estilo do arco central foi recuperado, mas por baixo estava um complexo sistema mecânico.

Primeiro, fazia subir o vidro traseiro, para depois deixar o tejadilho de lona dobrar para dentro de um compartimento atrás dos bancos. O condutor só tinha que carregar num botão.

Novo 992 também vai ter Targa

A fórmula funcionou e vai voltar na atual geração 992, chegando ao mercado em Agosto próximo.

O sistema da capota segue a mesma ideia e demora 19 segundos a passar de fechado a aberto.

O 992 Targa usa o mesmo motor 3.0 boxer de seis cilindros, biturbo das outras versões.

Estará disponível nas versões Targa 4 de 385 cv (mais 15 cv que na geração anterior) e no Targa 4S de 450 cv (mais 30 cv) ambos acoplados à caixa PDK de dupla embraiagem com oito relações.

O Targa 4S pode ser encomendado com a caixa manual de sete relações.

Com estas motorizações, as prestações anunciadas são de 289 km/h de velocidade máxima e aceleração 0-100 km/h em 4,2 segundos, para o Targa 4.

O Targa 4S chega aos 304 km/h e faz os 0-100 km/h em 3,6 segundos. As acelerações são 0,1 e 0,4 segundos mais rápidas que na geração anterior.

Só com tração integral

O Targa só estará disponível com tração integral, que usa uma embraiagem central multidiscos com arrefecimento a líquido e vectorização de binário.

A suspensão com amortecimento regulável é de série, tal como a posição Wet, nos modos de condução.

O Targa tem também cruise control adaptativo e uma evolução do sistema de aumento da distância ao solo (para acesso a garagens) programável.

Os preços para Portugal começam nos 160 783 euros (Targa 4 PDK), apenas mais 216 euros que o Carrera 4 Cabrio. O Targa 4S com caixa manual custa 176 251 euros e o Targa 4S PDK custa 178 076 euros.

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