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Ao fim de duas gerações, o C4 Cactus foi para a reforma, dando lugar ao regressado C4, agora com um visual de berlina crossover. A maior novidade é o elétrico ë-C4 que poderá custar tanto quanto o Diesel.

 

A pergunta do preço é sempre a mais difícil de responder, quando se apresenta um novo modelo elétrico a alguns meses do início da comercialização. Com o novo ë-C4, não foi diferente.

Vincent Cobée, o novo CEO da Citroën rodeou a pergunta sem lhe dar uma resposta concreta, para um modelo que estará à venda no final do ano. As encomendas abrem em Setembro, mas os preços ainda não se conhecem.

O CEO da marca diz que, por enquanto, um eléctrico custa entre 10 000 a 15 000 euros a mais que uma versão com motor a combustão equivalente. Em média. No segmento. Mas espera que o ë-C4 possa fazer descer essa diferença.

O seu objetivo é nivelar o preço com o da versão Diesel, se o conseguir, diz, a procura pela versão elétrica vai disparar dos atuais 5 a 6% para os 10%. E não será de espantar que chegue aos 20% em pouco tempo, é a sua convicção.

O problema é a rede

O custo de utilização já anda muito próximo, entre o Diesel e o elétrico, depois há os benefícios fiscais aos elétricos e a confiança dos compradores na transferência energética.

Mas tudo depende do desenvolvimento da rede de carregadores públicos, sem isso, será mais difícil que alguns compradores desistam da gasolina ou do gasóleo em favor dos eletrões.

A oferta de familiares elétricos compactos está a crescer, levando Cobée a dizer que um elétrico já não é visto apenas como um citadino para pequenos trajetos.

O ë-C4 entra no mesmo segmento do VW ID.3 que também vai chegar depois do Verão. Mas o posicionamento de preço deverá ser diferente, colocando o Citroën num patamar mais acessível.

O novo estilo

Apesar da revolução no estilo que começou com o C3, a Citroën continua a ser a marca do preço justo, nada de saldos, mas custos de produção contidos.

Por isso foi escolhida a plataforma CMP como base de trabalho do C4, um familiar do segmento C, feito numa base que nasceu para o segmento B.

É a mesma do C3, 208, Corsa, mas também do 2008, C3 Aircross e Opel CrosslandX.

Mas a distância entre-eixos é um pouco maior que a do Peugeot e-2008: 2670 mm contra 2506 mm, prometendo o maior espaço do segmento para os joelhos, nos lugares traseiros.

A plataforma EMP2 do 308 nunca foi hipótese. A Citroën não queria um “Plug-in” na gama C4, queria um 100% elétrico e a EMP2 ainda não está preparada para isso.

O elétrico ë-C4

O ë-C4 tem uma bateria de 50kWh de iões de Lítio que alimenta um motor elétrico de 136 cv e 260 Nm, com a velocidade máxima limitada aos 150 km/h e a aceleração 0-100 km/h em 9,7 segundos.

A autonomia máxima anunciada é de 350 km e os tempos de recarga vão das mais de 24h00, numa tomada doméstica normal, até aos 30 minutos para chegar aos 80%, num carregador rápido de 100 kW.

Numa Wallbox de 32 A, com corrente monofásica, demora 7h30 para carregar 100%, o que deverá ser a opção mais procurada.

Mas o C4 não tem apenas uma versão elétrica. Tal como outros modelos que usam esta plataforma multi-energia, estão disponíveis motores a gasolina 1.2 PureTech de 100 cv, 130 cv e 155cv; e motores Diesel de 110 e 130 cv.

Não esquecer que o C4, feito em Madrid, estará à venda em 68 países, nalguns dos quais a mobilidade elétrica é pura miragem.

C4 substitui C4 Cactus

O C4 substitui o C4 Cactus, sem que a Citroën diga mais do que “o Cactus teve o seu tempo”.

Talvez porque o Cactus, passado o fator novidade, não se encaixava nos segmentos normalizados: não era SUV nem berlina.

A Citroën relembra que 11% das vendas na Europa ainda são de berlinas, no que aos veículos de passageiros diz respeito. Estamos a falar de 1,7 milhões de carros/ano na EU.

Por isso o novo C4 é apresentado como uma berlina, apesar do seu aspeto alçado, com generosa distância o solo de 156 mm, proteções de carroçaria em 360 graus e até uns resquícios dos Airbumps do primeiro Cactus.

Evocar o C4 Coupé e.. o GS

O capot alto e horizontal e a posição de condução alta são tiques de um “crossover”, mas o tejadilho descendente na zona traseira tem algo de coupé.

Os designers da marca dizem que se inspiraram no antigo GS e no C4 coupé de três portas.

Os faróis e farolins em “V” já foram vistos em alguns concept-cars apresentados nos últimos anos e vão ser a assinatura visual dos próximos Citroën.

Como não podia deixar de ser, a personalização está bem presente com 31 combinações possíveis entre a cor base e os packs de cor em vários detalhes exteriores, a que se juntam seis ambiente interiores. O configurador não vai ter descanso…

A moda das apresentações digitais

Do habitáculo, como do resto, ainda só vi imagens. A Citroën, como outras marcas, vê nas apresentações digitais para jornalistas uma oportunidade que vai agarrar com ambas as mãos, com ou sem Covid-19.

Como dizia o responsável das relações públicas, “se isto fosse uma ação presencial em Paris, estariam aqui 250 jornalistas. Com esta plataforma digital estamos a chegar a 2500. E com emissões de CO2 quase zero, pois ninguém teve que viajar.”

A redução de custos também deve ter aqui uma palavra a dizer, acrescento eu que evitei mais uma viagem de avião, com esperas nos aeroportos, atrasos, três horas encafuado num lugar sem espaço para as pernas e serviço pouco recomendável.

Interior melhorado

Voltando ao interior, a Citroën afirma que a sensação de qualidade é melhor que no C4 Cactus, mas admite que só nas zonas onde os dedos tocam, há materiais macios.

Painel de instrumentos digital com um Head Up Display em opção e um monitor tátil central que (felizmente) deixou de fora os botões da climatização.

Além dos 380 litros de capacidade da mala, os porta-objetos somam mais 39 litros, com a novidade de um suporte para tablets ou smartphones à frente do passageiro da frente.

A Citroën diz que a experiência de condução vai fazer lembrar o lendário conforto de modelos do seu passado. Para isso, usa os conhecidos amortecedores com batentes hidráulicos progressivos, para a compressão e distensão.

Conforto Citroën

Tem também um novo desenvolvimento dos bancos com espuma de diferentes densidades mas as jantes disponíveis, entre 16 e 18 polegadas, devem ter uma palavra a dizer.

Há três modos de condução Eco/Normal/Sport e a caixa de velocidade automática passa a ter patilhas fixas ao volante e não à coluna de direção, finalmente.

Para mostrar que este não é um produto “semi-low-cost”, como sempre foi o Cactus, a Citroën sublinha que o novo C4 tem 20 funções de ajuda à condução e seis de conetividade. Não há grandes novidades, mas está lá tudo o que é importante.

Conclusão

A Citroën diz que o C4 faz a marca regressar às berlinas compactas familiares. Mas o aspeto é mais o de um crossover o que pode resultar num certo conflito de personalidades. De alguma maneira, a versão elétrica combina-se melhor com este visual original. No final do ano veremos.

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