O 106 Rallye era um puro e duro e encantava por isso

Gama 106 foi apresentada a 12 de Setembro de 1991

O Peugeot 106 vendeu 2,8 milhões de unidades

Roland Garros foi uma de 20 versões limitadas do 106

Memórias de um 106 XSI guiado em França

Faz trinta anos que o Peugeot 106 foi lançado, um carro que conheci desde o primeiro dia e que sempre desejei ter. Mas o tempo foi correndo, mais depressa que as suas irresistíveis versões desportivas, até se tornar num clássico moderno.

 

Conheço o Peugeot 106 desde o primeiro dia, quando fui à sua apresentação internacional em França, em 1991, na altura representando a secção de Comércio e Indústria do jornal “Volante”. E fiquei apaixonado pelo pequeno utilitário assim que o guiei, sobretudo as versões desportivas, que começaram com o 106 XSI.

Curiosamente, a minha “relação” com o 106 nem começou da melhor maneira, com um “toque” durante essa apresentação, que atirou um XSI para a sucata e a mim para debaixo de uma máquina francesa de Raio-X… Para a Peugeot, o mais difícil foi arranjar quem reparasse o muro que deitei abaixo, à saída de uma direita que fechava mais do que estava à espera.

Suceder a meio 205

O 205 tinha sido um sucesso tão grande que a Peugeot pensou que podia capitalizar os clientes que tinha conseguido angariar, distribuindo-os por dois novos modelos, o 106 e o 306. Mas nenhum era o sucessor direto do 205: um era mais pequeno e o outro maior.

O lançamento posterior do 206, que foi mais um sucesso estrondoso de vendas, terá mostrado que a estratégia 106/306 talvez não tenha sido a melhor. Mas chegou para lançar no mercado um pequeno utilitário que servia na perfeição como base para versões desportivas que ficaram na memória.

Memórias dos 106 “espigados”

Julgo que terei testado todas as versões do 106, ao longo dos anos, sobretudo as desportivas. De cada vez que era lançada uma nova variante “espigada”, lá estava eu a voluntariar-me para fazer o “trabalho” de o testar.

Durante muito tempo, sempre achei que um dia iria comprar um 106 desportivo, novo. Entre os XSI, Rallye e GTI, um deles haveria de ser meu. Mas nunca aconteceu.

No entanto, deixaram-me memórias fortes, como a do primeiro Rallye de 1993, com o motor 1.3 a “falhar” nos regimes baixos, devido à sua árvore de cames feita para tirar o melhor do motor acima das 5500 rpm.

Era um carro que hoje seria invendável, sem direção assistida, sem vidros elétricos, sem fecho central, sem ar condicionado, sem jantes de liga, nem rádio. Mas era leve e um gozo incrível com os seus 98 cv, suspensão dura e peso baixo.

Um “super-comparativo”

Lembro-me também de um dia fabuloso de 1992 em que fiz um comparativo no Autódromo do Estoril com o 106 XSI, um 1.4 de 100 cv, ainda sem catalizador. Juntei os rivais da altura: o AX GTI, o Suzuki Swift GTI e o Fiat Uno Turbo i.e. para um dia carregado de octanas.

Depois as coisas começaram a ficar mais sérias com o restyling de 1996 e o lançamento do 106 GTI, com o motor 1.6 16V de 120 cv. As prestações subiram, mas a capacidade do chassis subiu ainda mais. Na memória encontro uma sessão de condução, num Domingo bem cedo, numa estrada cheia de curvas e… sem ciclistas.

O R2 e os 2,8 milhões

A Peugeot diz que o 106 teve mais de 20 séries especiais, quase todas baseadas nas versões menos potentes. Mas uma das séries especiais partia da base do Rallye e chamava-se R2. Uma espécie de tuning oficial, feito pela Peugeot Portugal, que levava o gozo ao limite do chassis.

A carreira do 106 acabou em 2003, doze anos depois do lançamento e com 2,8 milhões de unidades produzidas. Foi um sucesso, numa altura em que o segmento “A” valia muitos milhões de carros na Europa.

Conclusão

Com os seus 3,56 metros, o 106 encantou quem o guiou e continua a encantar, sobretudo nas versões desportivas. Mas foi também inovador, com uma versão elétrica que vendeu 3550 unidades. Com tanta nostalgia, acho que vou alí ao lado, a um site de carros usados que conhecemos, só para ver o que por lá anda. Talvez seja desta…

Francisco Mota

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