Ford Fiesta 2022 (fotos de João Apolinário)

Qualidade tem vindo a subir nas últimas atualizações

Modelos elétricos vão tomar o lugar do Fiesta

Em qualquer versão, o Fiesta tem sempre uma condução muito divertida

Este é o último restyling do Fiesta

O estilo conservador resistiu bem ao tempo

Uma boa estrada é sempre o terreno preferido do Fiesta

O Fiesta sai de cena ao fim de 47 anos e oito gerações

Um nome que se tornou muito popular ao longo dos anos

A Ford anunciou que a produção do Fiesta vai parar a meio de 2023 e a atual geração não terá substituto direto. Uma decisão tomada devido a razões muito concretas, mas que o marketing soube aproveitar da melhor maneira.

 

É inevitável que o anúncio do fim da produção de um carro traga reações nostálgicas dos condutores que tiveram um desses modelos no passado. O caso do anúncio da Ford, há poucos dias, de que iria fechar a linha de produção do Fiesta, é um desses casos.

Um nome que se tornou muito popular ao longo dos anos

Como modelo de um dos segmentos mais vendidos na Europa, o Fiesta passou pela vida de muitos condutores, deixando boas memórias a alguns. No momento do adeus, as memórias menos boas têm tendência a ficar turvas pela lágrima ao canto do olho…

Desvalorização acelerada?

Para quem tem um Fiesta recente, talvez a reação seja outra, a do receio da desvalorização súbita, sentimento que deverá estar mais presente em quem acabou de receber o seu novo Fiesta, depois de semanas de espera devido aos constrangimentos internacionais.

Mas, talvez a enorme procura por modelos deste tamanho, novos ou usados, possa contrariar essa temível desvalorização.

Qualidade tem vindo a subir nas últimas atualizações

As reações são ainda mais exacerbadas pelo fato de a Ford ter dito que o Fiesta não terá um substituto direto. É o fim de uma era, mas um fim que já estava anunciado.

Não é uma surpresa

Desde há algum tempo que a Ford já dizia que, a subida de vendas dos SUV e a proporcional descida dos “hatchback” tinha levado a uma mudança de prioridades, obviamente em favor dos primeiros.

Por isso, não admira o anúncio de que o Fiesta vá deixar de ser produzido em meados de 2023, após 47 anos de serviço, ao longo de oito gerações, umas mais felizes que outras.

O Fiesta sai de cena ao fim de 47 anos e oito gerações

Ao mesmo tempo, a Ford também anunciou o fim do S-Max e do Galaxy, numa decisão que parece até um pouco tardia, pois a moda dos monovolumes já passou há muito tempo.

Além disso, o Mondeo também já deixou de ser feito e até o Focus tem o fim de produção agendado para 2025. Basta olhar para as vendas do Kuga, para peceber que o Focus se está a tornar redundante.

O fim do Fiesta

Mas voltemos ao Fiesta para perceber porque um modelo que dominou, por exemplo, as vendas no mercado do Reino Unido durante anos, encontra agora o seu fim.

Este é o último restyling do Fiesta

A subida das vendas dos B-SUV é a primeira razão, mesmo se a Ford entrou mal neste segmento, no que à Europa diz respeito, com o Ecosport, um B-SUV que tinha sido pensado para os mercado do Brasil e Índia e que foi adaptado à pressa para o Velho Continente. Foi preciso um restyling profundo para que o modelo deixasse o fundo da tabela de vendas.

O Puma mudou tudo

Mas com o lançamento do Puma, no início de 2020, as coisas mudaram radicalmente. O desenho acertou em cheio nas preferências dos europeus, que o tornaram num dos mais procurados do segmento, com listas de espera dignas de um superdesportivo.

Modelos elétricos vão tomar o lugar do Fiesta

Este fenómeno de transferência de compradores dos “hatchback” para os SUV, no segmento B é comum a todas as marcas, mas em nenhuma terá sido tão drástico como na Ford, como os números mostram de forma clara.

Puma vende mais do dobro do Fiesta

Segundo os especialistas em números de vendas da Jato Dynamics, entre Janeiro e Agosto de 2022, o Puma vendeu 90 893 unidades na Europa. E, mesmo assim, desceu 14% face ao ano anterior, devido à falta de semi-condutores.

Quanto ao Fiesta, no mesmo período, caíu uns estrondosos 45% nas vendas, face a igual período de 2021, ficando-se pelas 38 911 unidades, ou seja, menos de metade das vendas do Puma.

Uma boa estrada é sempre o terreno preferido do Fiesta

Como se isto não fosse razão suficiente, deve sublinhar-se que as margens de lucro do Puma são francamente superiores às do Fiesta, o que acaba por tornar a decisão de acabar com o Fiesta inevitável.

Durante este ano, surgiu a notícia, não desmentida pela Ford, de que a marca ganhava mais dinheiro com a venda de direitos para a Lego lançar os seus jogos de construção, do que com o lucro do Fiesta.

A era elétrica

No seu comunicado oficial, a Ford diz que o fim da produção do Fiesta na sua fábrica de Colónia, Alemanha, é para dar lugar à produção de veículos elétricos. A fábrica está a ser reconvertida para ser o centro dos elétricos da marca americana na Europa.

Em qualquer versão, o Fiesta tem sempre uma condução muito divertida

Nos planos está o lançamento de três elétricos de passageiros e quatro elétricos comerciais na Europa, nos próximos dois anos. O objetivo é que em Colónia se atinja a produção de 600 000 elétricos por ano até 2026, num plano que prevê chegar aos 1,2 milhões de elétricos até 2028, no total das fábricas Ford europeias.

Fiesta vive dentro do Puma

O “Ford Model E”, o departamento de produção de elétricos, deverá levar a marca a atingir os 100% de produção de elétricos na Europa em 2030, antecipando em cinco anos as diretivas da comissão europeia.

Ford Fiesta 2022 (fotos de João Apolinário)

Mas ainda faltam oito anos. Até lá, o legado do Fiesta não vai desaparecer assim tão rapidamente. Na verdade, a plataforma do Puma é exatamente a mesma do Fiesta, que foi lançada, na sua atual configuração, em 2016, tendo recebido sucessivas atualizações.

O Puma também usa os mesmos motores a gasolina do Fiesta e nem sequer lhe falta a versão desportiva ST de 200 cv.

Conclusão

Por isso, a notícia de que o Fiesta está morto, acaba por ser um pouco exagerada. Tudo aquilo que interessa, em termos industriais, vai continuar a ser produzido para o Puma. Mas é curioso notar como o marketing da Ford soube transformar uma notícia que, noutros tempos, seria referida o mais discretamente possível, num acontecimento mediático do qual consegue tirar dividendos. É para vermos como a comunicação mudou.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

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