Volkswagen ID. 2ALL elétrico

Estilo conservador recupera pilar largo do Golf

Esta poderá ser a nova face de família dos elétricos VW, pós-ID

Desenho da zona de trás é o que mais se afasta do Polo

Interior reformulado, em relação ao ID.3, com maior ecrã tátil

Comando da transmissão está numa haste da coluna de direção

Mala tem mais capacidade que a do ID.3

Mais espaço que num Golf, diz a VW

Zona para os cabos da bateria, sob o banco de trás

VW fez um esforço para dar um ambiente mais caloroso ao ID.2, face ao ID.3

O primeiro concept-car do ID.2 foi um fiasco, o responsável da “obra” foi despedido e a VW recuou. A versão quase final que agora mostrou, afinal, não passa de um Polo elétrico. Conheça todos os detalhes no TARGA 67.

 

Mostrado no meio da confusão que foi o salão de Munique de 2021, o primeiro concept-car ID. Life – o modelo utilitário elétrico posicionado abaixo do ID.3 e que irá fazer o Polo passar para a era elétrica – foi um fiasco. Não há outra maneira de o dizer.

VW ID. Life foi chumbado pelo público

A reação do público ao seu estilo neo-retro genérico foi negativa e ninguém entendeu soluções como o capót dianteiro feito de lona e um fecho de correr.

Capót em lona com fecho de correr no ID. Life

O estilo não se encaixava de maneira nenhuma com a gama VW ID, nem sequer representava uma revolução.

Chicotada psicológica

Claro que um “concept-car” nunca é a obra solitária de um só artista, há sempre uma equipa a trabalhar. Mas, quando as coisas correm mal, a chicotada psicológica atinge sempre o mesmo, o treinador da equipa. Josef Kaban, que antes tinha feito um bom trabalho na Skoda, certamente deverá ter continuado a defender a sua obra, por isso deu lugar a outro.

Apresentação do ID. Life no salão de Munique de 2021

Entra em cena Andreas Mindt, novo chefe de design da VW, que tinha sido chefe do projeto Golf VII. A sua missão era apresentar a versão VW do utilitário 100% elétrico que será feito em Espanha, partilhando a nova plataforma elétrca MEB Entry com o Cupra Urban Rebel e também um modelo da Skoda.

Abaixo os ID asséticos

O conceito de estilo dá uma volta de 180 graus e Mindt dispara no sentido oposto: o ID.2 vai ser, afinal, um ultra-conservador Polo elétrico. Não admira que Mindt diga ter precisado de apenas seis semanas para desenhar este ID.2ALL. Até o pilar traseiro é o que sempre vimos no Golf.

Esta poderá ser a nova face de família dos elétricos VW, pós-ID

O estilo aproxima-se muito mais da atual e última geração a gasolina do Polo, do que da linguagem de estilo dos ID, que tem servido de travão a números de vendas que a VW esperava maiores. E que, dizem, tem os dias contados.

Desenho da zona de trás é o que mais se afasta do Polo

Mindt afirmou que a versão SUV do ID.2 terá um estilo tão previsível e fácil de gostar como este ID.2ALL apontando para uma linguagem que mais não é do que uma evolução da que conhecemos dos atuais modelos a combustão da Volkswagen.

Estilo fez cair o CEO

Esta mudança de rumo no estilo, porque prejudicou as vendas da família ID, levou também à queda do anterior CEO da VW, Herbert Diess, substituído por Thomas Schäfer, que quer tornar a VW numa “marca amada”, como já foi no passado e ao contrário do caminho “frio e calculista” que estava a tomar com o estilo dos ID.

Volkswagen ID. 2ALL elétrico

O novo modelo recebeu para já o nome ID. 2ALL (ID para todos, na tradução para português) talvez uma ironia face ao mal-amado ID. Life nesta versão “concept-car” que pode ver nas imagens. Mas a versão final será pouco ou nada diferente.

Os detalhes do ID.2

O ID.2ALL tem 4050 mm, o mesmo que o atual Polo, mas com espaço interior “ao nível do Golf”, nas palavras da VW, até porque tem 2600 mm de distância entre-eixos, um pouco mais que os 2560 mm do Polo.

Nova plataforma MEB Entry será partilhada entre a VW, Cupra e Skoda

Ao contrário do ID.3, um tudo atrás, o ID.2 terá motor e tração à frente, começando com 226 cv de potência máxima, mas outras versões estarão disponíveis, mais e menos potentes. A mala tem assim 490 litros, contra os 385 litros do ID.3.

As duas baterias disponíveis, ambas colocadas sob o piso, vão ter capacidades de 38 e 56 kWh, com a maior a anunciar uma autonomia em ciclo WLTP de 450 km. O carregamento poderá ser feito em carregadores rápidos DC até 120 kW, onde os houver, demorando 20 minutos para ir dos 10 aos 80%. A VW anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 7,0 segundos e velocidade máxima limitada a 160 km.

Interior mais “normal”

Por dentro, o ID.2 tem um ambiente mais “normal” que o ID.3, com um painel de instrumentos digital novo, sem o pouco ergonómico comando da transmissão acoplado do ID.3; além de um ecrã tátil central de 12,9”, na versão mais cara. Volta a ter um comando rotativo para o volume e desaparecem os infames “sliders” sem iluminação noturna.

Interior reformulado, em relação ao ID.3, com maior ecrã tátil

A versão final será apresentada em 2025, pouco antes de entrar em produção em Espanha e a VW garante que o preço ficará abaixo dos 25 000 euros, nessa altura.

ID.Polo ou outro nome?

Depois de ter dito que o ID.3 afinal não é o sucessor do Golf e que a sigla GTX, afinal não é a sucessora dos GTI, a VW já afirmou que o nome ID.Golf poderá ser usado no futuro, numa inversão da estratégia que deu origem à família ID.

VW fez um esforço para dar um ambiente mais caloroso ao ID.2, face ao ID.3

Resta saber se o ID.2 terá mesmo este nome, ou se, tal como o ID.Buzz, receberá um nome alusivo a modelos passados. O mais óbvio seria ID.Polo, mas Schäfer já deu indícios de que a marca terá um modelo elétrico ainda mais pequeno que este ID.2, um ID.1 feito com base numa nova plataforma, que será partilhada também pela Skoda e que poderá, esse sim, receber o nome ID.Polo.

Ford Fiesta pode renascer

Outra possibilidade interessante é a plataforma MEB Entry vir a servir no futuro para o renascimento do Fiesta como modelo 100% elétrico, dentro do acordo que  Ford e a VW celebraram para a partilha de plataformas e que deu já origem ao Ford Explorer, um SUV baseado no ID.4 da Volkswagen.

Zona para os cabos da bateria, sob o banco de trás

A Ford não confirma, nem desmente. Mas afirma que o Puma vai continuar a ser a sua grande aposta no segmento, capitalizando os excelentes números de vendas e de lucro que o modelo tem tido nas suas versões a combustão.

Um Puma elétrico, feito com base na plataforma do atual modelo a combustão, está prevista já para 2024. A segunda geração do Puma SUV será 100% elétrica, por isso teria toda a lógica que o modelo fosse feito com base na plataforma MEB Entry.

Conclusão

A importância que tem o estilo no sucesso de um automóvel nunca foi tão grande como nos elétricos. As mecânicas deixaram de ser um fator de fácil diferenciação. Por isso, é preciso acertar nos gostos do público. O estilo assético da família ID não está a resultar como a VW queria, por isso este regresso a uma linguagem ultra-conservadora e aos nomes que fizeram a história da marca.

Francisco Mota

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