Cupra Tavascan chega em 2024

Utilização imaginativa das luzes de LED

Tavascan usa a plataforma MEB do Grupo VW

Asa dianteira deixa passar ar por baixo

Estilo radical e agressivo no novo C-SUV

Arranjo da traseira será usada noutros modelos

Consola central com a original espinha dorsal

Posição de condução não é muito alta

Interior com bons materiais

Desenho ousado, também no habitáculo

Grandes progressos no sistema de infotainment

Comando da transmissão está na coluna de direção

Bancos desportivos com estilo e confortáveis

O alargamento da gama Cupra continua com o segundo modelo elétrico, o Tavascan, agora revelado na versão final. É um C-SUV com estilo e interiores ousados, que partilha a plataforma MEB e muitos componentes com outros modelos do grupo VW.

 

A Cupra já completou cinco anos de existência, acumulando 300 000 exemplares vendidos entre toda a sua oferta.

A estratégia delineada no início continua a ser executada com rigor, posicionando a marca no mercado de forma pouco convencional, de modo a chegar a um público alvo muito específico.

Os especialistas de “marketing” da marca chamam-lhe a sua “tribo” no sentido em que promovem um sentimento de grupo entre os compradores dos seus modelos.

Asa dianteira deixa passar ar por baixo

As lojas Cupra têm aqui um papel importante, ao serem muito mais do que simples locais para apreciar os novos modelos da marca e ensaiar uma configuração com a possibilidade de ver e tocar em alguns dos componentes e materiais disponíveis.

Acelerar para a eletrificação

O caminho na direção da eletrificação acelerou com o lançamento do Born, o primeiro modelo 100% elétrico da marca nascida em Espanha, inicialmente como a sub-marca desportiva da Seat.

Cupra é a contração de Cup Racing, uma alusão aos vários troféus monomarca que a Seat teve no desporto motorizado ao longo dos anos.

Arranjo da traseira será usada noutros modelos

Agora surge o segundo elétrico, o C-SUV Tavascan, antes de outros três que vão ser lançados nos próximos anos. E não se espere por modelos mais convencionais e alinhados com a maioria. O lema da Cupra é muito claro naquilo que a marca tem para oferecer: “uma marca de que nem todos gostam, mas alguns amam.”

Sem o fardo da história

Como todas as marcas novas, a Cupra não tem o fardo da história, um património que muitas vezes se pode revelar demasiado pesado para carregar nesta fase da transição energética.

Por isso, a marca pode dar-se ao luxo de partir de uma folha em branco, de cada vez que lança um novo modelo, pois não tem a pressão de ser comparado com nenhum antecessor.

Utilização imaginativa das luzes de LED

Apesar de o caráter da Cupra misturar conceitos como a qualidade, a originalidade e alguma rebeldia, a parte desportiva também continua presente, agora através da participação na Fórmula E.

Tavascan é “irmão” do ID.5

Quanto ao Tavascan, os grandes destaques voltam a ir para o desenho exterior e interior. No primeiro caso, os designers da marca destacam o “helmet concept” em que o desenho do para-brisas faz lembrar a viseira de um capacete de competição.

Os outros pilares do estilo são a utilização criativa de LED para as luzes de trás e da frente, o cuidado posto nos detalhes aerodinâmicos e o visual agressivo. Palavras da Cupra.

Desenho ousado, também no habitáculo

Com 4,62 metros de comprimento e 1,50 metros de altura, o Tavascan posiciona-se como uma alternativa a modelos como o VW ID.5, com o qual partilha a plataforma e todo o sistema motriz elétrico.

Aerodinâmica original

O capót dianteiro, com passagem de ar por baixo de uma asa colocada no extremo dianteiro, é um detalhe muito curioso que beneficia o coeficiente de penetração aerodinâmico.

Tavascan usa a plataforma MEB do Grupo VW

A frente é descrita pelos designers com “usando uma máscara de super-herói” e o perfil é o de um SUV-coupé, com o vidro traseiro inclinado, sob um discreto spoiler na continuidade do tejadilho. As luzes triangulares traseiras são mais um toque de originalidade, que será usado em futuros modelos da marca.

Desenhado “à antiga”

Apesar de todos os recursos informáticos disponíveis hoje em dia, o Tavascan seguiu um processo criativo com algo de tradicional, pois começou por um esboço a duas dimensões, que depois foi transferido para as três dimensões, através de maqueta 1:1 em argila. Os computadores vieram depois.

Mas a vontade de criar um ângulo marcado entre o tejadilho e o para-brisas, no que ao aro do vidro das portas da frente diz respeito, não pôde ser transferido para a estrutura, que é muito mais arredondada nessa área, ficando visível através dos vidros laterais. Parece uma falha de projeto, muito invulgar no grupo VW.

A rebeldia do interior

Quanto ao interior, basta abrir a porta do condutor e assumir a posição de condução para encontrar a grande originalidade de desenho do habitáculo, uma espécie de espinha dorsal que divide a consola em duas partes, unindo a zona vertical com a zona horizontal.

Consola central com a original espinha dorsal

Trata-se de um elemento essencialmente estético, sem funções estruturais relevantes, mas que garante originalidade ao interior. Por cima está o ecrã central tátil de 15”, uma nova geração que corrige as críticas habitualmente feitas aos usados até agora noutros modelos elétricos do grupo. Há uma nova organização das páginas e separadores e os comandos da climatização aparecem em “pop-up”.

Ambiente Cupra

O comando rotativo da transmissão está ancorado à coluna de direção e não ao painel de instrumentos. O comando por voz foi evoluído, sendo duas vezes mais rápido e funcionando com discurso natural.

Os bancos também são novos, com um estilo desportivo muito marcado e decorados com pespontos bronze, a cor preferida da Cupra.

Bancos desportivos com estilo e confortáveis

Já tive a oportunidade de me sentar dentro de um Tavascan, um pré-série próximo do produto final. Foi durante uma sessão no centro de estilo da fábrica de Martorell, Espanha, em exclusivo para os jurados do The Car Of The Year.

Por dentro do Tavascan

A posição de condução não é muito alta e tem ajustes amplos. Os botões táteis do volante vão ser retirados, por se ter verificado que podem ser accionados inadvertidamente, nas manobras. Em geral, a qualidade dos materiais pareceu boa, bem ajudada pela decoração.

Grandes progressos no sistema de infotainment

Os bancos pareceram confortáveis e com bom encaixe do corpo. A espinha dorsal dificulta o acesso ao porta-objetos que está por trás. O espaço na segunda fila de bancos é bom e o piso plano, mas um pouco alto. A mala tem 540 litros de capacidade.

VZ com 340 cv

Quanto às motorizações disponíveis, haverá uma versão com motor atrás de 210 kW (286 cv) e tração atrás, com autonomia de 550 km.

No topo da gama, está a versão VZ, com 250 kW (340 cv) com dois motores, acrescentando um motor de 80 kW dianteiro ao motor de 210 kW de trás.

Tem tração às quatro rodas e 520 km de autonomia e anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 5,6 segundos. A versão mais potente tem suspensão com amortecimento adaptativo DCC e direção progressiva, além de jantes forjadas de 21 polegadas.

A bateria é a mesma de 77 kWh para ambas as versões, que pode ser carregada em DC até 135 kW, demorando 30 minutos para ir dos 10 aos 80% de carga.

Made in China

Como seria de esperar, o Tavascan recebe um reforço no que às ajudas eletrónicas à condução diz respeito, com sistemas de manutenção de faixa de rodagem que recebem informações via GPS no caso de faixas mal pintadas no terreno.

O Tavascan será fabricado na China, na mesma fábrica Anhui VW do grupo, onde vão ser feitos outros modelos com base na plataforma MEB, como o ID.4 e ID.5, tendo como objetivo um volume de produção anual de 50 000 unidades. O lançamento na Europa está previsto para 2024, com preços ainda por definir.

Conclusão

A Cupra continua o seu caminho de se afirmar como uma marca com uma imagem e posicionamento muito particular. Para já, ainda não vai substituir a Seat. A estratégia anunciada foi a de manter a Seat com modelos de motor a combustão e a Cupra crescer para os elétricos. O que diz muito sobre o futuro da Seat, numa era de eletrificação acelerada.

Francisco Mota

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