O botão indica que mudou o modo de condução de Normal para Sport ou para Eco, mas será que faz mesmo alguma diferença? Fique a saber se o carro muda de resposta ou se tudo não passa de marketing.

O botão que muda os modos de condução, ou seja, a resposta do carro às ordens do condutor, começou a aparecer nos melhores desportivos, mas foi-se alargando a cada vez mais modelos, de todos os segmentos, tamanhos e preços. Hoje, são poucos os carros que não têm um botão para mudar a resposta entre os modos Normal, Sport ou Eco, só para citar os mais genéricos.

Mas será que a atitude do carro, a sua resposta, realmente muda, quando se escolhe um destes modos? Ou será que tudo se fica pela necessidade do marketing em proporcionar ao comprador mais um “gadget” que está no moda?

Vários tipos de modos

Há vários tipos de sistemas deste género, mas vamos olhar de uma forma genérica para aquilo que a maioria proporciona ao condutor. Em geral, os comutadores de modos de condução fazem variar a resposta do acelerador e a assistência da direção. Estes são os mais simples.

Com aceleradores e assistências de direção elétricas, isto é extremamente simples de fazer. O condutor pode assim optar entre ter um pedal de acelerador mais sensível – que faz o carro acelerar mais com menos movimento do pé – ou menos. E ter uma direção com mais assistência (mais leve) ou menos.

O modo Sport torna a direção menos assistida e o pedal de acelerador mais sensível, com vantagens discutíveis, dependendo da afinação de cada sistema.

No geral, ter uma direção menos leve pode dar mais confiança a alguns condutores, sobretudo quando aumentam a velocidade em estradas com poucas curvas. Mas em estradas com mais curvas e mais apertadas, acaba por obrigar a um maior esforço dos braços.

Mais potência em modo Sport?…

O pedal mais sensível, dá a impressão de maior potência, mas isso não é verdade: a potência máxima está sempre disponível em todos os modos, só que é preciso carregar mais no pedal do acelerador, em modo Normal.
Para não surpreender o condutor, aquilo a que se tem assistido nos últimos tempos é uma aproximação entre a resposta do carro entre os modos Normal e Sport. Ou seja, de pouco serve e geralmente a melhor afinação acaba por ser a Normal.

Modo Eco faz diferença?

Quanto ao modo Eco, aqui a preocupação é diminuir os consumos, por isso o pedal do acelerador fica mais inerte, ou seja, o condutor carrega o mesmo no pedal que em Normal, mas o motor recebe menos combustível. Para condutores pouco sensíveis, este modo pode dar alguns resultados na poupança de combustível, mas isso varia de marca para marca.

Nos modelos que tenham caixa de velocidades automática, os modos de condução também fazem variar o seu funcionamento.

No modo Eco, as passagens a subir são feitas a regimes de motor mais baixos, para ir o mais depressa possível para as relações mais desmultiplicas e poupadas. No modo Sport, acontece exatamente o contrário, com as mudanças mais curtas a ficar engatadas até regimes mais altos, para dar uma resposta mais rápida. Aqui já é possível ganhar alguma coisa, tanto em consumo como em resposta.

Outras mudanças

Alguns modos de condução também modificam a resposta do controlo de estabilidade e tração, tornando-o mais liberal no modo Sport, mas isso realmente só é sensível em modelos desportivos. Em alguns deles, ganha-se uma maior liberdade na condução mais agressiva, sem que a eletrónica seja tão interventiva.

Noutros sistemas, o funcionamento do A/C também é alterado no modo Eco, chegando a ser desligado ou a funcionar com interrupções, para poupar combustível. Também os sistemas de “stop & start” podem ser influenciados pelos modos de condução, por exemplo sendo desligados em modo Sport.

Amortecimento alterado

Se um carro estiver equipado com amortecedores variáveis, o mais provável é que passe a existir um modo Comfort em que os amortecedores usem menos amortecimento e tornem a suspensão mais confortável. Pelo oposto, em modo Sport sobem o amortecimento e a suspensão fica mais desportiva e precisa.

Nestes casos, há quase sempre uma diferenciação apreciável entre os vários modos de condução, proporcionando um verdadeiro “2 em 1” ao ficar com um carro confortável, no modo Comfort e um carro desportivo, no modo Sport.

Mais “afinações”

Quando começamos a escalar na tabela de preços e os carros começam a incluir outros dispositivos mais sofisticados, como a suspensão pneumática, a direção às rodas traseiras ou as barras estabilizadoras ativas, os modos de condução ganham cada vez mais importância e passam a ter uma opção de individualização, em que o condutor pode memorizar uma, ou duas, combinações de tudo o que é regulável, para ter acesso imediato às suas especificações preferidas.

Em paralelo, o condutor passa a disponibilizar da “afinação” de muitos desses elementos em separado, o que acaba por ser a melhor opção, para quem gosta de ter, a todo o momento, a combinação de parâmetros que mais lhe agrada.

Conclusão

Se pensava que, sempre que liga o modo Sport, o seu carro ganha “cavalos”, lamento dizer que isso não acontece. Com a exceção de alguns carros elétricos, em que a potência máxima é limitada no modo Eco.

Mas nos carros mais acessíveis, os modos de condução fazem apenas variar a maneira como o carro responde às ordens do condutor. Em alguns casos, isso é suficiente para proporcionar uma experiência de condução diferente, mas em muito casos, as diferenças são tão pequenas que a existência do botão dos modos de condução só pode ser justificada por uma questão de moda ou de marketing.

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