Finalmente, a Lynk & Co, marca do grupo Geely e “prima” da Volvo, vai chegar a Portugal em Outubro, altura em que vão abrir os pedidos de entrada para um clube de mobilidade que vai funcionar de forma original.
Foi isso e muito mais que fiquei a saber numa tele-conferência da marca, transmitida desde Gotemburgo.
A Lynk & Co vai começar com o SUV 01, que já está à venda na China mas que recebeu muitas alterações antes de ser lançado na Europa. Os maiores destaques são o interior com materiais sustentáveis, usando fibras feitas com velhas redes de pesca e os sistemas de infotainment, que garantem a conectividade permanente.
Mas também os acertos de suspensão são específicos para a Europa, mais desportivos, bem como o desenho da frente. Há também mais dispositivos de segurança, ativa e passiva.
Modelo de negócio original
Mas a grande originalidade é o modelo de negócio disponível para quem quiser conduzir o novo SUV compacto, feito com base na plataforma CMA do Volvo XC40.
Sem concessionários convencionais, a marca vai funcionar a partir de uma plataforma digital. Apenas vão existir pequenas lojas nas grandes cidades, a que a marca chama clubes. O primeiro abre em Amesterdão, já em Outubro.
Depois vão existir lojas “pop-up” itinerantes, num plano que está a ser definido. A ideia será construir uma comunidade de utilizadores dos carros da marca, os sócios, que pagam uma “quota” mensal de 500 euros para ter acesso a um SUV 01.
Nesse valor, está incluída a manutenção, que será feita nos concessionários Volvo: a marca controla cada carro à distância e sabe quando é preciso ir à revisão. Nessa altura, contacta o utilizador e manda alguém buscar o carro e levá-lo à oficina.
O condutor tem um botão no carro para entrar em contacto com alguém da empresa, sempre que precisar de ajuda.
Contratos mensais renováveis
Cada contrato, com cada cliente tem a duração de um mês e é “brutalmente simples” de fazer, diz a Lynk & Co. Se os 500 euros parecem muito dinheiro, fique a saber que o sócio pode sub-alugar o seu carro, quando não o está a usar.
Para isso, basta clicar numa tecla no monitor central e colocar o carro no “mercado”. Do outro lado, aos interessados em usar o 01 basta reservarem o carro através de uma aplicação. Para ter a App também é preciso ser sócio, mas se não quiser comprar nenhum carro, não tem que pagar quota.
Haverá um valor de referência para o sub-aluguer, definido pela marca, mas cada utilizador é livre de estabelecer o seu próprio preço.
A marca diz que, se sub-alugar (a palavra preferida é partilhar) o carro durante bastante tempo durante o mês, no final pode mesmo nem ter que pagar nada dos 500 euros. Claro que o contrato é renovável por quantos meses o utilizador quiser.
Três maneiras de ser sócio
Portanto, há três maneiras de ser sócio da Lynk & Co: pagar 500 euros e ter um SUV 01 durante um mês; não pagar nada e ter acesso à App e aos carros disponibilizados pelos utilizadores que pagaram; ou simplesmente comprar o SUV 01, como qualquer carro normal.
Como a Lynk & Co tem na partilha a sua prioridade, pois será a sua plataforma a gerir todos os alugueres e sub-alugueres, ainda não divulgou a lista de preços do 01, para quem o quiser comprar de forma convencional.
Para facilitar todo o processo, evitando listas de espera, o SUV 01 não tem opcionais, tem o topo de equipamento e apenas está disponível em duas cores, preto e azul.
E em duas motorizações: um híbrido autorecarregável e um híbrido “plug-in”. O primeiro tem um motor 1.5 tricilindrico turbo a gasolina de 143 cv associado a um motor elétrico de 54 cv, o que resulta numa potência combinada de 197 cv.
O PHEV usa o mesmo motor a gasolina mas com 181 cv e acrescenta um elétrico de 81 cv, para um total de 262 cv. Tem ainda uma bateria de 16,7 kWh, que anuncia uma autonomia em modo elétrico de “quase 70 km” segundo a marca.
Inscrições abrem em Outubro
As inscrições para entrar neste clube abrem no final de Outubro e os primeiros carros vão estar disponíveis em Abril.
A Lynk & Co decidiu-se por este modelo de negócio para a Europa depois de concluir que “o mercado não precisava de mais uma marca de automóveis, mas de uma nova forma de mobilidade” diz o seu CEO, Alain Visser.
Do seu ponto de vista, os consumidores na Europa estão a passar da propriedade para a experiência, citando os casos da Spotify e da Netflix. Estão também cada vez mais presos à conetividade permanente, que o SUV 01 oferece e à sustentabilidade.
A ideia de incentivar os utilizadores a sub-alugar o seu 01 tem a ver com uma estatística que avalia em 96% o tempo em que um carro está parado, depois de comprado.
Conclusão
O projeto Lynk & Co começou há cinco anos e o primeiro mercado onde chegou foi o da China. Mas, aí, os carros são vendidos de forma tradicional, pois os compradores encaram a partilha do seu carro como uma ofensa. Veremos como os europeus vão reagir.
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