Após dois anos no mercado chinês, a Lynk & Co chega este Verão à Europa com o SUV 01, irmão gémeo do Volvo XC40. Só que a marca não terá concessionários, nem quer vender carros, saiba porquê.

 

O plano sempre foi começar pelo mercado chinês (onde já vendeu 250 000 carros) e só dois anos depois chegar à Europa.

A nova marca do grupo Geely e parceira da Volvo, vai finalmente estar disponível na Europa a partir deste Verão, com o lançamento agendado para Amesterdão.

Antes disso, a marca organizou uma sessão exclusiva para os jurados do Car Of The Year, via plataforma digital, na qual participei e tive a oportunidade de recolher os últimos detalhes deste lançamento.

E o primeiro destaque não pode deixar de ir para a afirmação de Alan Visser, o CEO da marca, quando afirma que “o objetivo não é vender muitos carros. O objetivo é ter muitos subscritores.”

E isto porque o seu modelo de negócio assenta numa visão própria de mobilidade. Em vez de vender carros, a Lynk & Co quer vender assinaturas de utilização do seu SUV 01, por períodos mínimos de um mês.

A Spotify dos automóveis

Visser quer que a Lynk & Co seja a Spotify ou a Netflix da indústria automóvel. O “assinante” paga um valor mensal (ainda não anunciado) e tem direito a usar o 01 durante um mês com tudo incluído. Depois, pode continuar ou mudar para outro modelo.

Apesar de na China a marca já ter chegado ao modelo 05, na Europa vai começar só com o 01, um SUV gémeo do Volvo XC40, que partilha a plataforma CMA e terá apenas duas motorizações: híbrida e “plug-in”.

A simplificação do processo é um dos argumentos do negócio. Não há concessionários, a subscrição será feita no site da marca e o configurador só tem duas opções: a cor e o tipo de motorização.

Tudo o resto é incluído de série. Depois é esperar que o 01 lhe seja entregue em casa, poucos dias depois. “Brutalmente simples” diz Visser.

Volvo fará a manutenção

A manutenção será feita nas oficinas Volvo, mas não terá que ser o utilizador a preocupar-se com isso. Alguém virá buscar o carro quando for a altura.

Para quem quiser ver o 01 ao vivo, vão abrir pequenas lojas no centro das grandes cidades europeias, onde terá um ou dois modelos em exposição e funcionários para fazer a ligação à encomenda digital. Haverá também lojas itinerantes.

O plano é ter uma ou duas lojas por país, na Europa, numa rede que estará concluída apenas em 2023.

A ideia é que os utilizadores formem uma comunidade virtual com a possibilidade de partilhar o carro entre vários condutores.

Sub-alugar o carro

O assinante original pode sub-alugar o seu carro e ser pago por isso, reduzindo assim a sua mensalidade. Uma chave digital facilita o processo.

Quem quiser mesmo comprar o carro, também pode e terá as mesmas regalias de quem o subscrever. A marca não faz ideia de como se vão dividir os utilizadores pelas duas hipóteses, mas prefere a primeira.

A comunidade poderá ter acesso privilegiado a eventos como concertos, galerias de arte e muito mais. Visser alerta que a Link & Co não é uma marca só para jovens.

Porquê a subscrição?

O conceito de utilização e assinatura, parte do princípio de que há cada vez mais condutores que precisam de usar um carro, mas não o querem comprar.

Tanto mais que 95% do tempo, o carro de um privado está parado. Mas as empresas também são alvo da Lynk & Co.

Quais os motores?

Quanto ao SUV 01, estará disponível apenas em duas versões. Na versão híbrida autorecarregável, tem um motor 1.5 de três cilindros a gasolina a funcionar em ciclo Miller e com 143 cv. É auxiliado por um motor elétrico de 50 cv e usa uma caixa de dupla embraiagem e sete relações.

A versão “Plug-in” usa os mesmos módulos, mas o motor a gasolina sobe aos 180 cv e o motor elétrico aos 75 cv. A bateria é bem maior e a autonomia em modo elétrico está anunciada em 70 km.

O 01 foi projetado em Gotemburgo, Suécia, por uma equipa constituída por 50% de homens e 50% de mulheres, oriundos de 23 países.

Para ter uma visão diferente do normal da indústria, 17% dos contratados têm origem em áreas tão diferentes como a moda, o retalho e outras áreas mais distanciadas do indústria automóvel.

Europeu diferente do chinês

Em relação ao 01 que está à venda na China há dois anos, a versão que chega agora à Europa tem várias diferenças.

O desenho da frente, com luzes de dia sobre o capót, foi modificado ao gosto europeu, tal como a traseira.

Mas a maior mudança está nos interiores, com melhor qualidade, um sistema de infotainment mais evoluído e mais equipamento.

Terá airbag entre os dois ocupantes dos lugares da frente, volante com botões hápticos, painel de instrumentos digital e todos os sistemas eletrónicos de ajuda à condução.

Sempre conectado

Há uma App e um cartão eSIM integrado que liga o 01 à “cloud”, permitindo ter um ponto “wi-fi” a bordo.

Pode receber atualizações “over the air” sem que o utilizador se aperceba disso ou usar um sistema de navegação online. Isto vai permitir alargar os intervalos entre as idas à oficina, diz a marca.

Também a suspensão tem afinações mais desportivas, ao gosto dos condutores europeus.

Conclusão

Na China, o modelo de negócio da Lynk & Co é totalmente diferente, assentando nos tradicionais concessionários e nas vendas convencionais, pois é isso que os condutores locais querem.

Na Europa, a assinatura poderá ser um modelo interessante, dependendo das tarifas que só se vão conhecer após o Verão. Mas a partilha do carro deverá ser mais difícil, como consequência das preocupações sanitárias em época de Covid-19.

No final do ano, em data a confirmar, as vendas online vão ter início na Europa. Ainda não há mais dados específicos sobre Portugal.

Francisco Mota

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