Disto, ninguém estava à espera: que a Kia produzisse uma berlina-coupé alinhada com modelos como o BMW Série 4 Gran Coupé ou o Audi A5 Sportback e ainda tivesse o “desplante” de incluir uma versão V6 de 370 cv na gama. De marca “low cost” há duas décadas, a Kia quer agora jogar aos “Premium” e, depois de guiar o Stinger GT, a única coisa que não me dá vontade é de rir.

Trabalho sério

O trabalho foi feito com muita seriedade, começando com uma plataforma usada pela Genesis em alguns mercados, com versões de tração atrás ou às quatro rodas e juntando um motor 3.3 V6 T-GDI turbocomprimido. Até aqui, nada de muito difícil, a parte mais complicada é afinar a suspensão para poder ter ambições, face aos rivais alemães. E a boa notícia é que não são precisos muitos quilómetros para perceber que esse trabalho foi muito bem feito. O Stinger tem um pisar sofisticado, processando bem o mau piso, sem perder um execelente controlo das massas, ou seja, eficaz sem ser desconfortável. A posição de condução baixa e muito bem alinhada com os comandos dá vontade de começar logo a fazer perguntas ao motor.

Um belo V6

E as respostas são convincentes, com o V6 a soar muito bem e a responder com prontidão desde os regimes mais baixos até aos mais altos, só os consumos são sempre altos: baixar dos 13,0 l/100 km em cidade é missão impossível. A caixa automática de oito velocidades com patilhas no volante é excelente, na obediência e na rapidez, os travões dão imensa confiança.

Quando se exagera, com o ESP desligado, a roda traseira interior à curva patina um pouco e perde tração

Em estradas com muitas curvas, a frente resiste bem à subviragem, quando o condutor exagera na velocidade de entrada, com o Stinger a assumir uma atitude entre o neutro e ligeiramente subvirador. O sistema de tração integral não passa potência para as rodas traseiras em quantidade e com rapidez suficiente para terminar as curvas em powerslide, pelo menos em piso seco e com bom asfalto. O mais provável, quando se exagera, depois de ter o ESP desligado, é sentir a roda traseira interior à curva a patinar um pouco e a perder tração. A Kia prepara um diferencial traseiro ativo, para resolver isto, e tornar mais fáceis as derivas de traseira neste AWD, que por enquanto só se conseguem com muita provocação ou piso de baixo atrito.

Conclusão

O espaço interior é muito bom, a qualidade dos materiais é melhor do que o seu desenho, o sistema de infotainment e painel de instrumentos não são o último grito. De resto, o estilo exterior deixa toda a gente a apontar e a exclamar: “que carro é aquele?”

Potência: 370 cv
Preço: 87 352 euros
Veredicto: 4 estrelas