A Dacia domina as vendas de veículos GPL em Portugal

A GPL ou a gasolina, o som do motor é o mesmo

As prestações não mudam, quando se passa ao modo GPL

As diferenças no habitáculo são mínimas

Computador de bordo mostra consumos e autonomia a gasolina e a GPL

Botão para comutar entre GPL e gasolina

Ecrã tátil fornece as funções mais importantes

Depósito de GPL está no lugar da roda suplente

Válvula do GPL ao lado do bocal da gasolina

Basta colocar um redutor antes de abastecer de GPL

Sandero disponível em versão "bi-fuel" GPL/gasolina

Falar de GPL soa a tecnologia do passado, nada mais errado. Algumas marcas, com a Dacia à cabeça, propõem novos modelos que consomem este combustível, com tecnologia modernizada. Mas será que ainda vale a pena?...

 

Memórias do GPL confundem-se com as de carros transformados por oficinas independentes, autorizadas mas eventualmente nem todas seguindo as melhores práticas. E “daquele” autocolante azul colado na traseira, que impedia a entrada em parques públicos subterrâneos.

Mas também lembram contas de combustível mais baixas ao fim do mês. Só que, tudo o que diz respeito ao GPL, evoluiu muito nos últimos anos, desde logo na legislação que deixou de obrigar a colar o tal autocolante e passou a permitir a utilização de parques subterrâneos.

A tecnologia do GPL (Gás de Petróleo Liquefeito) foi muito aperfeiçoada e adotada como solução oferecida de série por algumas marcas, entre as quais merece destaque a Dacia, que tem essa opção nos seus modelos Sandero, Sandero Stepway, Duster e, a partir do próximo ano, também no novo modelo Jogger.

Dacia domina no GPL

A marca do “Group Renault” é líder de vendas desta tecnologia em Portugal desde 2016. De acordo com os números de 2019, o último ano “normal” em termos de mercado, a Dacia dominou o mercado nacional, entregando 56% de todos os carros com tecnologia GPL vendidos no nosso país.

A Dacia vende mais de metade de todos os veículos a GPL comprados no nosso país

Na verdade, a Dacia vende modelos “bi-fuel”, ou seja, modelos com motores capazes de consumir gasolina ou GPL, sob a designação Eco-G. Neste caso, é usado o motor 1.0 TCe do grupo, um três cilindros turbocomprimido que debita 100 cv de potência e 170 Nm de binário máximo.

Montado no Sandero Stepway, anuncia uma aceleração 0-100 km/h em 11,9 segundos e velocidade máxima de 177 km/h. A caixa de velocidades é uma manual de seis relações e a tração é às rodas da frente. A plataforma é a CMF-B, a mesma do Renault Clio.

O que muda no GPL

O sistema inclui dois depósitos, o de gasolina, colocado no seu local tradicional, sob o banco de trás e o depósito de GPL, que ocupa o “poço” da roda suplente.

O condutor pode optar, através de um botão no tablier, entre consumir um ou outro combustível. Esta versatilidade permite à Dacia dizer que o GPL foi a sua porta de entrada no mundo dos híbridos, neste caso gasolina/GPL, em vez de gasolina/eletricidade.

Mas quais são as vantagens do GPL face à gasolina? São essencialmente três e todas bastante racionais, o que combina perfeitamente com as prioridades da Dacia e com a sua nova frase assinatura: “All you need.”

As vantagens do GPL

Assim, o GPL começa por ser mais barato, custando quase metade do preço da gasolina. É também um combustível menos poluente que a gasolina, estimando a Dacia que o GPL emite menos 11% de CO2 para a atmosfera. Finalmente, o GPL desgasta menos o motor e o catalizador. Além disso, também tem custos de manutenção ligeiramente mais baixos.

Os modelos Eco-G “bi-fuel” da Dacia têm ainda a vantagem de oferecer uma autonomia maior que as versões apenas a gasolina, pois além do depósito de gasolina de 50 litros, acrescentam o depósito de 40 litros de GPL. A Dacia estima em mais 60% de autonomia que as versões apenas a gasolina.

Somando o depósito de gasolina e o depósito de GPL, a autonomia ultrapassa os 1000 km

No teste que fiz ao novo Dacia Sandero Stepway Eco-G, os meus cálculos resultaram numa autonomia total de 1130 km, somando os 640 km, a gasolina com os 490 km, a GPL.

Fazer as contas

Mas é bom não esquecer que o mesmo motor a funcionar a GPL consome mais do que a funcionar a gasolina, contudo a diferença não ultrapassa os 10%.

Fazendo as contas, a poupança em euros ronda os 30%, uma margem muito significativa, sobretudo numa altura em que os combustíveis estão a preços altos.

O abastecimento de GPL faz-se com facilidade e segurança, bastando enroscar um redutor na válvula do depósito, localizada junto ao bocal do depósito de gasolina, e depois ligar a mangueira de GPL. A operação de abastecimento demora poucos minutos.

O condutor pode escolher

Para o condutor, a opção entre consumir gasolina ou GPL pode ser feita através de um botão integrado no tablier e que comuta o tipo de combustível enviado para os injetores do motor. A fase de mudança entre os dois modos é praticamente impercetível, não há diferença na resposta do acelerador.

Quando funciona a GPL, as prestações não se alteram, nem o ruído do motor.

Também as prestações se mantêm iguais, tanto em termos de aceleração como de velocidade máxima. E o ruído de funcionamento do motor também não se altera, quando se muda para o gás.

Quando o GPL no depósito se esgota, o sistema comuta automaticamente para gasolina, o condutor não tem que se preocupar com isso.

No Sandero Stepway Eco-G que testei, o painel de instrumentos tem indicação das médias de consumo de gasolina e de GPL, bem como a autonomia restante com cada combustível.

Segurança garantida

Um dos aspetos de que se falava no passado, acerca dos carros a GPL, era a segurança do depósito. Hoje em dia, esse assunto está ainda melhor resolvido. Além da resistência acrescida do depósito de GPL – fabricado em aço de alta resistência e com um formato específico – a sua localização é numa zona bem protegida. Mas existem ainda outras medidas de segurança.

O sistema não permite que o depósito encha mais do que 80% da sua capacidade, há também um limitador de fluxo entre o depósito e o motor e várias válvulas de segurança ao longo das tubagens, para evitar qualquer tipo de fugas.

Preço e instalação

Claro que uma das vantagens de o sistema “bi-fuel” vir instalado de série pela própria marca é que fica abrangido pelas garantias do fabricante.

É claro que os modelos Eco-G “bi-fuel” são mais caros que os modelos somente a gasolina, mas a diferença de preço não é grande o que permite à Dacia afirmar que fica compensada pela inferior despesa com combustível.

Diferença de preço amortizada em pouco mais de um ano de utilização.

Isto leva a que a amortização seja alcançada ao fim de um período entre 12 a 18 meses, considerando uma quilometragem anual de 20 000 km. Desde que o utilizador use maioritariamente o modo GPL.

Conclusão

A solução GPL mostra a sua validade em vários aspetos, da redução de custos com combustível à diminuição de emissões de CO2. Com a subida de preço dos combustíveis, que afetou menos o GPL, a sua vantagem face à gasolina tem até subido nos últimos tempos. A Dacia está tão segura das vantagens do GPL que disponibiliza versões Eco-G para toda a sua gama de modelos.

Ler também, seguindo o LINK:

Teste – Dacia Sandero Stepway: versão GPL ainda faz sentido?