O Salão de Genebra voltou a ser o palco escolhido por várias marcas para mostrarem as suas novidades, imediatas ou para o futuro. De entre tudo aquilo que vi, durante dois dias a caminhar nos pavilhões da Palexpo, escolhi os 20 carros mais importantes.

Uma escolha é sempre subjetiva, mas há sinais que mostram a importância das novidades mostradas na edição deste ano do Salão de Genebra. Carros de série, prontos a entrar em produção, mas também alguns protótipos que não andam longe da versão final e alguns “concept-cars” que apontam caminhos para o futuro. Claro que, em Genebra, nunca faltam os hiperdesportivos, os carros de sonho, alguns apresentados apenas como ideias para o futuro, mas outros destinados a angariar compradores, dispostos a deixar um sinal, que permita avançar com o modelo para a produção. Entre os visitantes, passeiam discretos, alguns milionários, à procura do seu próximo “brinquedo” ou de um investimento com pouco risco.

Para todos os que gostam de carros, o salão de Genebra tem sempre um concentrado de atrações para apreciar, mesmo com muitas marcas a faltarem este ano, por considerarem que o investimento para montarem um “stand” digno desse nome não compensava.
Do último para o primeiro, aqui fica então o meu Top 20 do Salão de Genebra 2019:

20 – Bugatti La Voiture Noire

Um absurdo! Apenas mais uma variante do Chiron, com carroçaria diferente mas a mesma mecânica, o famoso W16 de 8.0 litros e 1500 cv. O vinco dorsal foi buscar inspiração ao clássico Type 57 SC Atlantic e talvez tenha sido ao olhar para a cotação deste carro de coleção, fabricado em apenas quatro unidades, que alguém se lembrou de sublinhar no novo modelo algo de que nunca ninguém se tinha lembrado: o La Voiture Noire é o carro novo mais caro de sempre, com um preço anunciado de 11 milhões de euros, mais impostos. Só será feita uma unidade, que já encontrou comprador, claro.

19 – Koenigsegg Jesko

A corrida aos recordes de velocidade continua tão forte e tão irrelevante como sempre. A marca sueca quer agora aproximar-se dos 500 km/h e bater o seu próprio recorde de carro de série mais rápido do mundo com este Jesko que deve chegar aos 482 km/h. Discutir se este tipo de produções limitadas é ou não um carro de série, é outro assunto. Mas fica o registo: o motor V8 biturbo debita 1280 cv, com gasolina e 1600 cv, com biofuel. Jesko é o nome do pai do fundador da marca.

18 – VW I.D. Buggy

Só para nostálgicos e que ainda tenham a memória a funcionar em condições, pois os Buggy originais há muito tempo que passaram de moda. Mas sobre a nova plataforma elétrica MEB, a VW pode fazer quase tudo, incluindo um Buggy, que pode ter tração atrás ou às quatro rodas. Não me perguntem como ficam as questões de segurança passiva, mas que a re-interpretação estilística resulta bem, disso não tenho dúvidas.

17 – Ferrari F8 Tributo

E pronto, este é o fim dos V8 na Ferrari. O F8 Tributo funciona como a extrema unção de um tipo de motor que fez a fortuna da Ferrari desde os anos setenta. Mas agora chegou ao fim com este V8 biturbo 3.9, que vai substituir o 488 GTB, mas com a potência da versão especial Pista, 720 cv. No futuro próximo, o V8 será substituído por um V6 3.0 híbrido, que terá mais potência, mais eficiência mas certamente pior banda sonora. É o “som” dos tempos.

16 – Alfa Romeo Tonale PHEV Concept

Juro que gostaria de o colocar mais acima neste Top 20. Mas, tratando-se da Alfa Romeo, é melhor ser cauteloso e esperar para ver. Por agora, o Tonale mostrado em Genebra era apenas um concept-car inicial, com a marca a prometer uma motorização “plug-in” com motor elétrico atrás, para ter tração às quatro rodas. Está agendado para 2022, nessa altura veremos se o estilo sedutor deste concept-car se mantém na versão final.

15 – Fiat Centoventi

Quando toda a gente pensava que a FCA estava muito atrasada na chamada transição energética, eis que a Fiat surpreende ao mostrar um pequeno utilitário elétrico com algumas soluções originais. Tem uma bateria de série com autonomia para 100 km, mas o comprador pode adquirir ou alugar mais três módulos, para chegar aos 400 km. E ainda há um quinto módulo, que está debaixo do assento e se pode retirar para carregar em qualquer sítio.

14 – Aston Martin Vanquish

O nome é conhecido, mas agora o Vanquish vai ter motor ao centro para se bater com os rivais da Ferrari, McLaren e Lamborghini. O desenho é soberbo, ao meio vai estar um novo V6 híbrido que certamente terá potência mais do que suficiente para lidar com os tais rivais. O lançamento está previsto para 2022, um ano depois de chegar ao mercado o AM-RB003, uma versão mais civilizada do Valkyrie.

13 – Toyota GR Supra

A Toyota queria continuar a tradição dos Supra de motor seis cilindros em linha dianteiros e tração atrás, por isso não teve problemas em associar-se à BMW e ao seu Z4. De fora, ninguém diria que os dois são gémeos, mas como já tive a hipótese de guiar um protótipo do Supra, o que posso dizer é que “sabe” mesmo a BMW. Duvido que isso tenha influência no sucesso da nova geração Supra, contudo.

12 – Mitsubishi Engelberg Tourer

Foi apresentado como concept-car, mas este SUV da última marca a entrar para a Aliança Renault/Nissan, mostra já o que se pode esperar dos próximos SUV da marca. Infelizmente, do estilo, parece que não se pode esperar muito, mas da mecânica híbrida recupera o princípio do Outlander PHEV com um motor 2.3 a gasolina e dois elétricos. Faz 70 km em modo elétrico.

11 – Seat El-Born

OK, é a versão Seat do VW I.D. mas é também a demonstração, muito precoce da estratégia de democratização do veículo elétrico, que o grupo prepara. Vai ser uma operação em larga escala e é bom que as infraestruturas estejam prontas, pois quando o grupo tiver a sua produção de carros elétricos a todo o vapor, será uma verdadeira tempestade no deserto… dos carregadores.

10 – Audi Q4 e-tron

A máquina alemã avança sem piedade, apresentando sucessivos veículos elétricos. O Q4 e-tron fica abaixo do Audi e-tron e estará no mercado em 2020. Usa a plataforma MEB, tem 306 cv, dois motores elétricos e 450 km de autonomia. Mostra também a direção que o estilo da Audi está a tomar. Muitas vezes criticados por serem todos iguais, os Audi estão agora a ficar muito mais agressivos. Será que vão continuar todos igualmente agressivos?…

9 – Citroën Ami One Concept

É o início de um plano de mobilidade elétrica que vai muito além do automóvel em si. Usa uma estrutura tubular e painéis simétricos, para poupar nos custos de produção. Pode ser comprado, alugado ou partilhado e até pode ser conduzido por maiores de 16 anos sem carta de condução. Será uma alternativa com quatro rodas às bicicletas elétricas urbanas.

8 – Kia Imagine

Mais um Kia com um desenho que agrada ao primeiro olhar, sem perder a sua originalidade. Mesmo tratando-se de um concept-car, o Imagine, imagina como será a próxima plataforma elétrica do grupo Hyundai/Kia e elabora sobre esse tema uma silhueta extremamente elegante e apelativa. Só foi pena que alguém na Kia tenha decidido colocar o Imagine a um canto do stand, bem afastado dos visitantes.

7 – Mercedes-Benz CLA Shooting Brake

Chegou a segunda geração da CLA Shooting Brake, feita com base no novo Classe A, com o qual partilha a base do visual dianteiro mas a que acrescenta a silhueta já conhecida da primeira geração. Melhorou no que precisava, que era o acesso e o espaço nos lugares traseiros. Também foi mostrado o CLA coupé de quatro portas e o seu primo chegado, o Classe A sedan. A verdade é que, um ao lado do outro, percebem-se de imediato as diferentes atitudes.

6 – Mazda CX-30

Feito com base no novo Mazda 3, este crossover vai ocupar o lugar que a Mazda diz existir entre o CX-3 e o CX-5. É um anti-Qashqai, como é óbvio, e vai ter um original motor a gasolina com ignição por compressão, assim que ele chegar ao 3. De resto, apresenta um estilo muito elegante e equilibrado, mais conservador que o do 3, o que se compreende dada a importância do segmento dos SUV compactos. Neste lucrativo terreno, ninguém arrisca.

5 – Polestar 2

A marca de veículos elétricos da Volvo (deveria dizer da Geely…) apresentou o segundo elétrico da sua existência, o 2. Tem carroçaria de cinco portas e dois motores elétricos, um dianteiro e outro traseiro, para um total de 408 cv e 660 Nm. A bateria de 78 kWh anuncia uma autonomia de 500 km segundo o ciclo WLTP. O estilo é talvez um pouco sueco demais, totalmente desprovido de adornos… e também de identidade. O Tesla Model 3 é o óbvio alvo.

4 – Nissan IMQ

Um dos mais importantes carros do salão, não pelo que mostra, mas pelo que não mostra. Aqui está o ponto de partida para a próxima geração do Qashqai, que começa a precisar de um recomeço, depois de tantos anos a liderar o segmento que inventou. Este concept-car tem o sistema e-Power em que um motor a gasolina 1.5 funciona como gerador estático para carregar uma bateria e alimentar um motor elétrico.

3 – Honda e Prototype

É a segunda iteração do primeiro concept-car que apaixonou muita gente. Este está muito próximo da produção, tendo já as essenciais cinco portas, maiores dimensões e um estilo que se tornou mais arredondado, perdendo um pouco do sentido nostálgico da versão original. Mas é um demonstração clara do empenho e determinação da marca no futuro elétrico, anunciando que terá mais de 200 km de autonomia. Estará à venda este ano.

2 – Renault Clio

Lider do segmentos dos utilitários na Europa e o segundo carro mais vendido, só superado pelo VW Golf, o Clio não podia arriscar muito no estilo, depois do enorme sucesso que foi a atual geração. O novo Clio é mais parecido com o Megane, que era parecido com o atual Clio. Não rompe com o passado imediato, mas está muito bem preparado para o presente. A ausência de versões eletrificadas é explicada pela existência de uma linha de modelos paralela, que trata desse assunto e que, por enquanto, tem no Zoe a sua principal expressão.

1 – Peugeot 208

A PSA pensa de maneira diferente da Renault e diz que é mais rentável ter uma só plataforma que pode ter todo o tipo de motorizações, incluindo a elétrica, como o 208 terá desde o lançamento. O estilo contribui muito para lhe dar um posicionamento mais acima no segmento dos utilitários e isso é sempre uma boa notícia, sobretudo para uma marca que não gosta muito de fazer descontos. Nunca o 208 esteve tão apto a conseguir chegar onde quer. Quanto ao estilo, são mais os que gostam do que os que não gostam.