A Tatcham Research, especialistas em segurança rodoviária do Reino Unido há mais de 50 anos, garante que os ecrãs táteis são um perigo, podendo causar acidentes.

 

A moda dos ecrãs táteis nos automóveis não para de alastrar a cada vez mais modelos e cada vez mais baratos. A “culpa” é dos smartphones, dizem os especialistas em segurança rodoviária da Tatcham Research, no Reino Unido.

O perigo é fácil de compreender: de cada vez que o condutor usa um ecrã tátil, tem obrigatoriamente que desviar os olhos da estrada e olhar para o ecrã.

A falta de relevo e de um mecanismo que possa ser facilmente memorizado, como acontece com os botões físicos normais, impede que os botões virtuais dos ecrãs táteis possam ser ativados sem que o condutor olhe para eles.

Mesmo nos ecrãs que simulam a pressão num botão físico, como acontece em alguns modelos da Audi, o problema de ter que olhar para o botão, não desaparece.

Outros problemas dos táteis

A complexidade dos menus de alguns sistema é outro obstáculo, pois prolonga o tempo que o condutor precisa de olhar para esses ecrãs.

Mas não só. Uma questão grave é também a latência, ou seja, o tempo de resposta do ecrã ao toque do condutor. Alguns ecrãs são claramente mais lentos que um smartphone, que se tornou a referência.

Mas há outras questões relacionadas com os ecrãs táteis nos automóveis. Uma delas é a falta de um padrão para os ícones de cada função. Cada construtor usa os seus símbolos, o que torna a seleção das funções mais difícil.

Problemática é também a dimensão do ecrã. Quanto mais pequeno, pior. Nos maiores, os ícones ou botões virtuais estão mais afastados, por isso é mais fácil “acertar” com o dedo à primeira tentativa. Como acontece nos Tesla.

Que soluções?

Uma das soluções para minorar os perigos de acidente, quando o condutor desvia os olhos da estrada para dar atenção ao ecrã tátil, será bloquear algumas das funções, a partir do momento em que o carro está em movimento, o que já acontece em algumas marcas.

Melhor solução parece ser a adoção generalizada de sistemas que fazem o “espelho” do smartphone de cada utilizador no ecrã tátil do carro. São os conhecidos Apple Carplay e Android Auto.

Estes sistemas têm várias vantagens, pois apenas disponibilizam algumas funções enquanto o carro está em movimento e apresentam um “layout” familiar ao utilizador do smartphone, não necessitando de explorar um novo sistema.

Mitigar a questão

Contudo, esta solução é sempre uma mitigação do problema, não uma solução. Alguns países consideram a hipótese de passar a aplicar multas a quem utiliza os ecrãs táteis, da mesma maneira que o fazem para a utilização do telemóvel durante a condução.

Talvez a melhor solução seja os sistemas de comando por voz, em que o condutor não tem que desviar os olhos da estrada para fazer ativar uma dada função, bastando dar a ordem por voz.

O problema dos sistemas de comando por voz está na sua eficiência. Em muitos carros, estes sistemas não são capazes de reconhecer todas as línguas, nem todos os sotaques, nem todas as palavras.

Esta incapacidade gera frustração nos condutores, que rapidamente deixam de usar o sistema, mesmo que esteja disponível no seu automóvel.

Apple e Amazon podem ajudar?

Alguns construtores estão a trabalhar com a Apple e o seu sistema de reconhecimento Siri, ou com a Amazon Alexa.

São sistemas que estão em constante atualização, capazes de “aprender” a reconhecer cada vez mais línguas e sotaques, bem como frases.

O reconhecimento por voz talvez seja o interface mais seguro entre o condutor e o seu automóvel, mas não é 100% seguro.

A verdade é que, mais do que o tempo em que o condutor tem os olhos desviados da estrada, mais perigosa é a questão cognitiva.

Conclusão

Mesmo com os olhos na estrada, um condutor que esteja ao telefone, usando um sistema mãos livres ou que esteja a dar ordens a um sistema de reconhecimento por voz, nunca está a prestar total atenção ao que o rodeia na estrada.

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