Os híbridos estão cada vez mais económicos, mas será que já superam os Diesel? Analisei os dados do novo Toyota Corolla 1.8 Hybrid e do VW Golf 1.6 TDI. Quer saber o resultado?…

 

A oferta de modelos híbridos não pára de crescer, tanto em número de marcas que os passaram a disponibilizar, como na evolução da tecnologia. O objetivo é superar os Diesel naquilo em que eles eram imbatíveis: nos consumos.

Para tirar todas as dúvidas, peguei nos dados de dois familiares compactos, dois modelos de cinco portas do segmento mais vendido na Europa e fiz uma análise o mais minuciosa possível, tendo em conta a informação disponibilizada pelas marcas.

Os híbridos e a Toyota

Para “defender” a honra dos híbridos, a lógica diz que um modelo da Toyota seria o mais indicado, pois trata-se da marca que há mais anos se dedica a desenvolver esta tecnologia, reunindo um capital de experiência notável, desde que lançou o primeiro Prius em 1997.

A bateria dos híbridos da Toyota aumentou 2,5 vezes a densidade de energia e reduziu o tamanho para metade, desde 1997

Já vai na quarta geração do seu sistema híbrido e a evolução tem sido notável. Por exemplo a bateria aumentou em 2,5 vezes a sua densidade de energia, reduzindo o tamanho para metade.

Na Europa, a Toyota vende cerca de 400 mil híbridos por ano, o que represente 47% do total das suas vendas neste continente. O objetivo a longo prazo é chegar aos 5,5 milhões de veículos eletrificados, em 2050.

Híbrido vs. Diesel

Por tudo isto, a minha escolha para o modelo híbrido neste “combate” foi o novo Toyota Corolla 1.8 Hybrid, a nova geração feita com base na nova arquitetura TNGA, que tem 4,370 m de comprimento.

É o modelo que, na Europa, substitui o anterior Auris e que se posiciona na base da oferta híbrida da gama, com uma potência máxima combinada de 122 cv.

Do lado da mangueira negra, o Volkswagen Golf 1.6 TDI com a sua plataforma MQB e um comprimento de 4,258 m.

A crise do “Dieselgate” deu aos motores a gasóleo da VW uma reputação negativa que não merecem. É bom não esquecer que a VW foi a marca que mais investiu e que mais progressos fez no desenvolvimento dos motores turbo a gasóleo, alcançando resultados excelentes a todos os níveis.

Os mais modernos motores a gasóleo continuam a ser dos que emitem menos CO2 para a atmosfera

E é bom não esquecer também que, feitas as modificações necessárias após a crise, a verdade é que os mais modernos motores a gasóleo continuam a ser dos que menos CO2 emitem para a atmosfera, tendo, por outro lado, as emissões de NOx sido reduzidas a valores comparáveis aos dos motores a gasolina.

O VW Golf, continua a ser o carro mais vendido na Europa e o motor 1.6 TDI de 115 cv continua a ser um dos preferidos pelos compradores. Por isso é o perfeito “representante” dos Diesel.

“Hardware” em confronto

Primeira comparação, a tecnologia de um e do outro. Do lado do Diesel temos um motor de quatro cilindros e 1598 cc, equipado com um turbocompressor e um intercooler, com 115 cv.

Do lado do híbrido, temos também um motor de quatro cilindros, mas com 1798 cc e 98 cv, a gasolina. Tem a particularidade de funcionar segundo o ciclo Atkinson, o que contribui para lhe dar um rendimento muito mais alto que o normal.

Ao motor a gasolina, o híbrido acrescenta um motor elétrico de 72 cv. A potência máxima combinada entre os dois motores é de 122 cv. Depois ainda há uma bateria de 1,5 kWh, colocada sob o banco traseiro, para não roubar espaço à bagageira.

Uma questão de peso

No total, o Golf 1.6 TDI pesa 1301 kg e o Corolla 1.8 Hybrid pesa 1360 kg, uma diferença lógica, tendo em conta a presença da bateria no Toyota. Mas é uma diferença que não afeta as performances, como veremos já a seguir.

Segundo os dados anunciados, o Golf 1.6 TDI acelera dos 0 aos 100 km/h em 10,2 segundos, enquanto que o Corolla 1.8 Hybrid precisa de 10,9 segundos, uma diferença com pouco significado, para veículos familiares deste segmento.

Qual gasta menos?

Quanto ao que nos interessa mais nesta comparação, os consumos, e seguindo o protocolo WLTP, em vigor desde o ano passado, a VW anuncia para o Golf 1.6 TDI um consumo médio de 4,9 litros/100 Km.

A Toyota anuncia, para o Corolla 1.8 Hybrid, um consumo médio de 4,5 l/100 km. Portanto, a verdade é que o híbrido já consegue gastar menos combustível do que um Diesel comparável, considerando o protocolo WLTP.

Por curiosidade, considerando o anterior protocolo NEDC, a diferença ainda era maior, com a Toyota a anunciar 3,3 l/100 km e a VW a anunciar 4,2 l/100 km.

E as emissões poluentes?

Estes valores têm um reflexo direto nas emissões anunciadas pelas duas marcas. A VW avança um número de 128 g/km de CO2, enquanto a Toyota se fica pelos 101 g/km de CO2.

Portanto, no que a emissões diz respeito, o híbrido também é menos poluente

A partir daqui, podemos fazer outro tipo de cálculos, por exemplo de autonomia. Para colocar a bateria sob o banco traseiro, a Toyota teve que montar um depósito de gasolina de apenas 43 litros, enquanto a VW tem um depósito de 50 litros de gasóleo, no mesmo local.

Com estas capacidades, concluímos que o Golf 1.6 TDI consegue fazer 1020 km, até ficar sem gasóleo no depósito, enquanto o Corolla consegue chegar aos 955 km.

Preço dos combustíveis adultera resultado

Introduzindo nas contas a diferença de preço dos combustíveis e usando os valores de referência em Portugal, no dia em que fiz estas contas, a gasolina (1,555€) é mais cara do que o gasóleo (1,383€) o que tem reflexos no custo por cada 100 km percorridos.

O Golf 1.6 TDI implica um gasto de 6,777 euros por cada 100 km, enquanto o Corolla 1.8 Hybrid obriga a gastar 6,998 euros, por cada 100 km. A diferença é de apenas 0,221 euros, por cada 100 km.

Conclusão

Uma das conclusões a tirar é que começa a deixar de fazer sentido o gasóleo ter um preço abaixo da gasolina, sobretudo a partir do momento em que a oferta de modelos híbridos disparar, como vai acontecer nos próximos meses.

Mas a principal conclusão desta análise é que, hoje, um híbrido como o Corolla 1.8 Hybrid consome menos e polui menos do que um Diesel como o Golf 1.6 TDI. Claro que a diferença não é muita, mas é um sinal dos tempos.

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