A Renault recolhe dados de utilização dos seus elétricos há dez anos

O Zoe é a principal fonte de informação da Renault

10 mil milhões de Km percorridos em EV dão muita informação

Os hábitos de carregamento são informação vital

Dados recolhidos permitem melhorar os EV futuros

22/10/2021. A fase menos boa de que a Renault está a lutar para sair, faz esquecer muita coisa. Por exemplo a sua experiência sem paralelo nos carros elétricos. Um património de informação que vai facilitar a transição para a eletrificação.

 

A experiência é sempre um património importante, quando não é fundamental e a indústria automóvel não é exceção. Nesta fase de transição para a eletrificação que, apesar de não parecer, ainda está no início, os construtores mais à vontade para resolver problemas são os mais experientes.

Na Europa, uma marca destaca-se das outras e essa marca é a Renault. Há dez anos que os franceses vendem carros elétricos, com destaque para o citadino Zoe, que tem permanecido nos primeiros lugares dos carros elétricos mais vendidos no continente desde 2012.

O modelo do losango tem sido frequentemente evoluído em várias áreas, sobretudo na bateria e na eficiência, refletindo o acumular de experiência da Renault nesta área ao longo dos anos.

É claro que os maus resultados comerciais de 2020, com uma quebra de 24,1 % nas vendas, tem tido mais destaque que assuntos como este. Tanto mais que já em 2019 as coisas não correram muito bem, levando à mudança da administração.

A Renault terá começado o investimento nos elétricos demasiado cedo

Mas a experiência na construção de carros elétricos – que agora é vista como tendo começado demasiado cedo – não é a única que a marca tem como património importante, nesta fase de transição para a eletrificação.

A informação sobre a utilização dos carros elétricos que vendeu na última década será ainda mais importante. E a Renault soube preparar-se bem neste domínio.

Recolha de informação real

Na verdade, a marca recolhe informação sobre a utilização diária dos 400 000 carros elétricos que vendeu na Europa nos últimos dez anos. Com o devido acordo e autorização escrita dos proprietários, esses carros foram dotados de um sistema de recolha de dados, que permite à marca obter informação sobre a utilização que os condutores dão aos veículos elétricos comprados à Renault.

Dados como as distâncias percorridas diariamente, a duração e tipo de alimentação usada para os carregamentos da bateria, bem como a frequência com que são feitos.

Mas também dados relativos ao tipo de percurso, ao próprio estilo de condução são retidos, tal como temperaturas ambiente e de funcionamento da bateria.

10 mil milhões de quilómetros

A Renault calcula que tem informação sobre um total de 10 mil milhões de quilómetros percorridos pelos condutores dos carros elétricos que colocou no mercado.

Isto gera uma quantidade de informação gigantesca, com o potencial de ser estudada e daí retirar conclusões que podem ser muito úteis para o projeto dos futuros carros elétricos.

Dados recolhidos servem para melhorar os elétricos do futuro

Com este caudal de informação, é possível conceber os próximos carros elétricos de forma mais adaptada à utilização real que vão ter, em vez de usar como base estudos e estimativas de hábitos de utilização.

Por exemplo, apesar de o Zoe ter passado a dispor de um carregador DC embarcado, os dados de utilização recolhidos indicam que 80% dos compradores que o têm, na realidade não o usam, preferindo carregar em AC.

Reparação e reciclagem

Os dez anos de comercialização de carros elétricos trouxeram também à Renault uma experiência na reparação de baterias. Na Europa, instalou 25 pontos de reparação de baterias que estão a poupar muito dinheiros aos utilizadores dos seus carros elétricos.

A análise de baterias avariadas tem mostrado que, na maioria das vezes, o problema se centra numa ou outra célula a funcionar mal, que assim é devidamente substituída. Sem necessidade de uma dispendiosa troca da bateria. Isto obrigou à formação profissional de especialistas.

Também no campo da reciclagem a Renault tem um histórico valioso, tendo reciclado já 3300 baterias até hoje. Também aqui este conhecimento vai contribuir para construir baterias mais fáceis de reciclar, um compromisso já assumido pela marca.

Conclusão

A Renault tem como objetivo ser a marca mais eletrificada da Europa, mais cedo. Em 2030, estima que 90% dos seus carros já sejam elétricos. É o resultado de um investimento na eletrificação de 5 mil milhões de euros, nos últimos dez anos, a que se vão somar mais 10 mil milhões nos próximos anos.

Francisco Mota

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