1/4/2022. Carlos Tavares continua a colecionar marcas e comprou a Lamborghini ao grupo VW para a acrescentar às 14 marcas da Stellantis. Conheça toda a estratégia por detrás de mais este inesperado negócio do CEO português. (Uma história do dia das mentiras… mas que poderia ser verdade.)

 

Fontes geralmente bem informadas revelaram-me em exclusivo que Carlos Tavares decidiu comprar a Lamborghini, juntando assim uma marca de hiperdesportivos ao portefólio das 14 marcas da Stellantis, num negócio que tem tanto de surpreendente como de lógico.

Desde 2020 que o grupo Volkswagen fez saber a sua intenção de vender a Bugatti e a Lamborghini, marcas que não estariam a ter a performance que o grupo desejava e, pior que isso, entravam numa fase em que necessitavam de grandes investimentos para fazerem a sua transição para a eletrificação.

Depois de fechado o negócio da Bugatti com a Rimac, chegou a vez de o grupo VW resolver o “problema” Lamborghini.

Sempre atento às propostas do mercado, Carlos Tavares não perdeu tempo e estará prestes a anunciar a conclusão do negócio de compra da Lamborghini à VW. Os contornos financeiros desta transação ainda não são conhecidos, mas suspeita-se que Tavares vai fazer mais um grande negócio, como tem sido seu hábito.

A coleção de marcas da Stellantis

Tudo começou com a Opel, cuja compra à GM, para integrar a PSA, foi inicialmente vista como pouco benéfica para os franceses. Contudo, não demorou muito até Tavares conseguir pôr a Opel a dar lucro, iniciando uma profunda mudança do produto, usando as sinergias com as plataformas e motores de origem PSA.

Depois veio o grande negócio da fusão com a FCA, que deu origem à Stellantis, uma empresa que passou a integrar 14 marcas de quatro países e permitiu a Tavares posicionar-se no mercado dos EUA com marcas de grande potencial, como a Jeep.

Os resultados têm sido muito encorajadores e os custos da transição energética estão a ser amortecidos pelas amplas oportunidades de sinergias entre as várias marcas do grupo.

A estratégia da Stellantis tem sido a de agrupar as suas 14 marcas em sub-grupos capazes de partilhar o máximo entre si, de forma a diminuir custos, aumentar receitas e evitar sobreposições.

O pensamento de Tavares é muito simples: todas as marcas e todos os modelos têm que dar lucro, não há espaço para carros que gerem prejuízo.

A intenção da VW de vender a Lamborghini tem sido a razão do protelar da transição energética da marca para a total eletrificação, deixando-se mesmo ultrapassar pela Lotus no mercado dos hiper-desportivos elétricos com o Lotus Evija.

Não vendeu à família Piëch

No ano passado, um consórcio suíço em que estavam envolvidos elementos da família Piëch, o antigo líder do grupo VW, fez um proposta de compra da Lamborghini, mas a VW recusou dizendo que a marca de Sant’Agata não estava à venda.

Na verdade, a VW estaria à espera de um comprador mais sólido, como é o caso de Carlos Tavares e da Stellantis, para vender a marca italiana, que comprou em 1998.

A entrada da Lamborghini na Stellantis irá acelerar rapidamente a sua transição para a eletrificação. A marca do touro será a parceira ideal para complementar a oferta da Maserati, que está a ser fortemente renovada, dentro do grupo Stellantis.

Maserati e Lamborghini juntas

Juntar a Lamborghini à Maserati será a estratégia lógica, em termos de sinergias de grupo. A Maserati já anunciou dois modelos elétricos para os segmentos dos desportivos de luxo: a versão elétrica do superdesportivo de fibra de carbono, o MC20 Folgore; e uma versão de 1200 cv, também elétrica, da nova geração do coupé 2+2 GranTurismo.

Estas diferentes bases de trabalho servem perfeitamente para a Lamborghini desenvolver rapidamente uma oferta elétrica que poderá cobrir os seus habituais hiperdesportivos, com a bateria colocada em posição central do MC20 Folgore, onde antes estavam os icónicos motores V12 e V10.

A segunda plataforma elétrica permitirá à Lamborghini voltar aos coupés 2+2 e também desenvolver variantes SUV-Coupé elétricas. Uma delas servirá para o sucessor elétrico do Urus, que deverá partilhar plataforma e soluções elétricas com a próxima geração elétrica do SUV Levante, que já está a ser desenvolvida em Modena.

Aumentar volume de vendas

Nesta nova realidade, a Lamborghini poderá ainda dar um importante salto em termos de volume de produção e “descer” a segmentos onde não está presente.

O recém lançado Grecale também vai ter uma versão elétrica, mas baseada na plataforma Giorgio da Alfa Romeo. Não se espera que a Lamborghini vá ter uma variante deste modelo.

Em vez disso, a nova plataforma elétrica da Maserati poderá ser usada, também para um novo SUV mais acessível que o próximo Urus elétrico. A procura de modelos deste tipo vai continuar a subir nos próximos anos, levando a produção da Lamborghini a volumes anuais de cinco dígitos, como nunca teve.

Conclusão

A oportunidade do negócio da compra da Lamborghini era demasiado tentadora para Carlos Tavares lhe resistir e, do lado da VW, foi a solução perfeita para uma marca que tem uma forte história entre os modelos hiper desportivos, apesar de ter passado por várias fases de crise ao longo da sua vida. Resta saber se um Miura elétrico poderá vir a estar no catálogo…

Francisco Mota

Nota: Não resisto à brincadeira do 1 de Abril. Tanto quanto sei, Carlos Tavares e a Stellantis não compraram a Lamborghini à VW. Apesar de eu pensar que o negócio faria todo o sentido. Veremos se o futuro vai transformar esta mentira em verdade…

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