11/09/2020. A Maserati anunciou mais um renascimento. Na sua história, perde-se a conta às vezes em que isto foi dito e escrito. Mas agora é de vez, pensam os homens da FCA e os da PSA, ao apresentarem o “livro branco” da marca. Na capa está mais um SUV, de seu nome Grecale.

 

Haverá poucas marcas com uma história tão tumultuosa como a da Maserati e logo desde o seu nascimento, em 1926.

Os cinco irmãos de Bolonha, Carlo, Bindo, Alfieri, Ettore e Ernesto fundaram a Officine Alfieri Maserati. O sexto irmão, Mário, era um artista e não ligava muito a carros, mas foi ele que desenhou o símbolo da marca, o tridente, inspirado no arpão da estátua do Rei dos mares Neptuno, que ainda hoje se encontra na fonte da Piazza Maggiore.

A ideia dos irmãos era construir carros de competição, correr nalguns deles e vender os outros a clientes ricos. O negócio foi dando para o gasto mas Alfieri morre numa corrida em 1931.

Ernesto toma conta da empresa durante mais sete anos, mas acaba por vender a Maserati ao comendadore Alfredo Orsi, em 1938. Os irmãos fundam a OSCA, para fabricar mais carros de competição.

O industrial Orsi vira a empresa mais para os carros de estrada, sem esquecer os de competição. Após anos de algum sucesso, a Maserati acaba por ser vendida à Citroën em 1968 que quase a leva à falência.

De Tomaso evita a falência

Valeu De Tomaso e o Estado Italiano, que a resgataram em 1974, para mais um período com alguns altos e muitos baixos.

A Fiat compra a Maserati em 1993 e “vende-a” à Ferrari em 1998. Em 2005, as duas empresas são separadas, para a Ferrari entrar em Bolsa. A Fiat acha que juntar a Maserati, Alfa Romeo e Abarth é uma boa ideia mas isso não dura muito.

Este ano, a Fiat Chrysler Automobiles junta-se à PSA na nova entidade Stellantis, fundada para agregar todas as marcas dos dois grupos.

Já esta semana, a Maserati apresentou o seu “livro branco” para os próximos anos, mais um anunciado renascimento, que vinha sendo trabalhado há alguns anos.

Renascer… outra vez

Mas o que traz esse “livro branco” de novo? Desde logo a apresentação de um superdesportivo de motor central, o MC 20 de 630 cv, algo a que a Fiat nunca tinha dado autorização, pois essa era a coutada da Ferrari.

A única exceção foi o MC 12 de 2004, um modelo feito com base no Ferrari Enzo, que a Maserati usou sobretudo na competição, vencendo três vezes o campeonanto FIA GT1 entre 2005 e 2007. E a Maserati anunciou agora que vai voltar à competição.

Mais importante que o MC 20, a grande novidade é o Grecale, nome de um vento de Nordeste no Mediterrâneo, recuperando assim a tradição de dar nomes de ventos aos seus modelos, que começou com o Mistral em 1963.

Curiosamente, a Volkswagen também seguiu o mesmo caminho durante vários anos e ainda tem carros com nomes de ventos: Golf e Passat.

Um anti-Macan

Do Grecale espera-se que traga uma nova brisa à oferta de SUV da marca, posicionando-se abaixo do Levante. Um anti Porsche Macan, com potencial de vendas superior.

Mas a Maserati anunciou mais que dois novos modelos. A reestruturação passa pelo recondicionamento da antiga fábrica sita na Viale Ciro Menotti, em Modena, um edifício com mais de 80 anos.

A fábrica recebeu uma nova secção de produção e montagem de motores e, pela primeira vez, uma secção de pintura. Foram feitos investimentos na investigação e desenvolvimento, como o pólo de engenharia “Maserati Innovation Lab”, onde vão ser projetados todos os futuros modelos.

Há também um renovado centro de estilo em Turim e novas ferramentas informáticas como o Virtual Vehicle Dynamics Development, que tem já a reputação de ter desenvolvido 90% da dinâmica do novo MC 20. Não sei se isto será obrigatoriamente uma boa notícia…

Elétricos, personalizados e clássicos

Depois não podiam faltar os elétricos, desenvolvidos sob o plano estratégico “Folgore” e que vai começar com as versões elétricas dos próximos GranTurismo e GranCabrio. Também o MC 20 terá uma versão elétrica.

No total, a marca anunciou que vai lançar três restylings e 13 novos modelos nos próximos tempos, sem especificar tudo ao detalhe.

A eletrificação já começou com o Ghibli híbrido e vai continuar nos outros modelos. Mas as versões a gasolina com muita potência não estão mortas, como o demonstrou a recente apresentação das versões Trofeo das três gamas: Ghibli, Quattroporte e Levante, que usam um V8 biturbo de 580 cv.

Depois ainda há um novo programa de personalização a que foi dado o nome “Fuoriserie” e o negócio da recuperação e certificação de carros antigos, com a Maserati Classiche.

Conclusão

Ideias e planos parece não faltarem pelos lados de Modena. Resta saber como tudo isto se irá integrar no universo da Stellantis. Para já, não se vê nenhuma das sinergias de que Carlos Tavares tanto gosta.

Francisco Mota

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