24/12/2021. “Quantas centenas não vão chegar à ceia de Natal?” pergunta a campanha de segurança rodoviária. As causas para os acidentes são várias, mas algumas podem ser evitadas. Por exemplo, não usar o smartphone enquanto conduz.

 

A lei proíbe, a fiscalização nas cidades tem estado a ser intensificada, mas a verdade é que não usar o smartphone enquanto se conduz é uma decisão de cada condutor. E uma decisão que pode evitar acidentes.

São cada vez mais os casos de acidentes provocados por condutores que se distraem a manipular o smartphone, enquanto conduzem. São acidentes que geralmente acontecem “sem rede”, ou seja, o condutor nem chega a travar antes de bater.

São por isso acidentes tendencialmente mais graves, com piores consequências para os envolvidos, até para o condutor que vai a olhar para o seu smartphone e não dá hipótese ao seu corpo de se preparar para um choque eminente.

Chamadas, SMS, redes sociais…

Há de tudo. Desde condutores que pegam no smartphone para atender uma chamada, outros que vão a ler uma SMS ou mesmo a escrever a resposta. Ou a usar as redes sociais, desde ler “posts”, ver imagens ou fotografar e publicar aquela situação bizarra que se acabou de ver.

Para quem tenha um carro das mais recentes gerações, equipado com sistemas eletrónicos de ajuda à condução, como a travagem automática autónoma, a manutenção de faixa, avisador de ângulo morto e cruise control adaptativo, a situação pode ser menos grave.

Ainda há muito poucos carros com ajudas eletrónicas à condução

Mas ainda são muito poucos os carros equipados com esses sistemas, em relação ao parque rolante nacional. E muitos condutores não os apreciam, desligando-os assim que põem o motor em marcha.

Calcular os riscos

Basta pegar numa calculadora e fazer umas contas simples para quantificar o perigo destas atitudes ao volante. Durante o tempo em que a atenção vai virada para o smartphone, muita coisa pode acontecer no trânsito.

Circulando a 50 km/h, a cada dois segundos passam 28 metros. São 140 metros em dez segundos. É o equivalente a uma fila de 27 carros.

Aumentando a velocidade para os 90 km/h, a cada dois segundos passam 50 metros. São 250 metros em dez segundos. É o equivalente a uma fila de 49 carros.

E se circular a 120 km/h, a cada dois segundos passam 66 metros. São 330 metros em dez segundos. É o equivalente a uma fila de 65 carros.

Tempo de reação

São valores que mostram bem o perigo de não estar sempre a prestar atenção à estrada, tanto mais que o tempo de reação de um condutor médio ronda exatamente os dois segundos.

Um condutor médio tem um tempo de reação de 2 segundos

Desde o momento em que reconhece uma situação de perigo, que exige travagem forte, até tirar o pé do acelerador e carregar no pedal de travão, passaram dois segundos. Para um condutor médio.

Se o condutor estiver a prestar atenção ao smartphone durante dois segundos, fica à mercê de uma situação inesperada que ocorra à sua frente. Se algo acontecer durante esses dois segundos, o condutor não tem hipótese de evitar o acidente.

E quanto mais alta for a velocidade, mais grave será o acidente, como é lógico.

Não há chamadas inadiáveis, não há SMS que não possam esperar até se conseguir estacionar o carro. Muito menos há “posts” que não possam esperar publicação para outra altura, ou leitura para quando não se estiver com o volante na outra mão.

Conclusão

“Neste Natal, o melhor presente é estar presente” diz a campanha de segurança rodoviária. Mas talvez valha a pena recuperar um outro slogan bem conhecido dos portugueses e adaptados aos tempos em que vivemos: Se conduzir…  não use o telemóvel. Boas Festas!

Francisco Mota

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