25/3/2022. Não é por ser a marca de luxo da Stellantis que a Maserati escapa ao furacão de mudança das suas 13 primas. O plano já foi anunciado e dele constam mais SUVs e muitos elétricos, a começar já este ano com o Grecale e o GranTurismo elétrico. Mas há mais…

 

A Stellantis não brinca em serviço. Acelerar os planos de eletrificação de todas as suas 14 marcas é hoje o “modus operandi” do gigante industrial que juntou marcas oriundas de dois continentes e quatro países.

Nem mesmo a marca de luxo do grupo escapa ao furacão que sopra pelos gabinetes de planeamento de todas as outras. Para merecer o seu lugar no portefólio da empresa, a Maserati tem que “dar corda aos sapatos” e mostrar que está à altura do desafio.

O lançamento do superdesportivo de motor central MC20 foi um momento especial na reformulação da Maserati, mas foi só um primeiro passo, muito importante em termos de imagem, mas pouco mais do que irrelevante em termos comerciais e industriais.

Um primeiro sinal já tinha sido dado com o lançamento de versões “mild hybrid” do Ghibli e Levante, que tiveram o sucesso esperado. Mas as coisas sérias começam exatamente agora.

Numa semana tudo muda

No espaço de uma semana, a Maserati apresentou o novo SUV Grecale e a nova geração do GranTurismo, este já em versão elétrica. É o sinal dos tempos: mais SUVs e mais elétricos e para entrarem no mercado ainda este ano.

O Grecale posiciona-se abaixo do Levante, ou seja, no segmento do BMW X3 e do Porsche Macan, só para referir dois exemplos dos muitos rivais que vai encontrar no mercado, entre eles o seu “primo” Alfa Romeo Stelvio.

O Grecale partilha a plataforma Giorgio com o Stelvio, como seria de esperar, tendo em conta que o programa começou bem antes de a FCA integrar a Stellantis. Aliás, a crise dos semi-condutores até atrasou o lançamento do Grecale em quase um ano.

Chegou com o vento

Com 4,8 metros de comprimento, o Grecale tem por missão vir a ser o modelo mais vendido da marca, pouco depois do seu lançamento. Será a sequência lógica das subidas nas vendas que a marca registou em 2021, claro que comparadas com o ano terrível que foi 2020.

Grecale é nome de vento, como é hábito na marca e o estilo deste SUV médio não se pode dizer que tenha sido propriamente esculpido pelo… vento. O desenho recupera alguma coisa do que foi visto no MC20, num resultado que, estranhamente, faz lembrar o Ford Puma.

A partilha da plataforma com o Stelvio é virtualmente impossível de descortinar, olhando para o Grecale por fora ou por dentro. A julgar pelas fotos, o Grecale tem um ambiente interior que alude a uma certa ideia de luxo à italiana, à imagem do que se conhece do Levante.

Três a gasolina e um elétrico

A Maserati garante que não falta espaço no interior e que a dinâmica está ao nível daquilo que se espera de um Maserati. Conhecendo bem o Stelvio Quadrifoglio, não é difícil acreditar nisso.

A transmissão é às quatro rodas nas três motorizações disponíveis no lançamento que usam uma variante do motor Nettuno V6 3.0 turbo estreado no MC20, aqui “só” com 530 cv. É a versão de topo e chama-se Trofeo.

Depois há duas variantes do motor de quatro cilindros em linha 2.0 turbo com sistema “mild hýbrid” estreado no Levante, com variantes de 300 cv (GT) e 330 cv (Modena). Quanto à versão 100% elétrica Folgore, vai chegar na primeira metade do próximo ano.

GranTurismo elétrico com 1200 cv

Mas o primeiro elétrico Folgore da Maserati será outro, a nova geração do coupé 2+2 GranTurismo, nos primeiros meses de 2023, com tração às quatro rodas e potência máxima anunciada superior a 1200 cv.

O irmão gémeo GranCabrio também terá versão Folgore, mas ambos continuam a oferecer motores a gasolina, até deixar de haver procura ou a regulamentação o proibir, aquilo que acontecer primeiro.

Depois, o plano continua em 2025 com as novas gerações do Quatroporte e Levante, já sem se prever a existência de versões com motor de combustão, apenas elétricos puros.

O Ghibli desaparece do catálogo, pois os clientes do segmento preferem SUVs e a partir de 2030 deixam de existir motores térmicos na Maserati. Até o superdesportivo MC20 terá uma versão Folgore, mesmo na carroçaria descapotável, que se espera ainda este ano.

Conclusão

A eletrificação da Maserati está em marcha acelerada, ou não estivesse a marca no grupo dirigido pelo português Carlos Tavares, que há muito tempo viu o que o futuro nos vai trazer: uma procura crescente e imparável de carros elétricos.

Francisco Mota

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