8/7/2022. A fábrica de Mangualde celebrou os seus 60 anos e Carlos Tavares, o CEO da Stellantis anunciou os planos para o futuro. O presidente da República marcou presença, distribuindo afetos pelos trabalhadores e encorajando os novos investimentos.
A fábrica da Mangualde celebra os seus 60 anos, seis décadas em que resistiu a dois regimes políticos, muitas crises, muitas mudanças de líder na empresa, muitas alterações de estratégia e sempre com muitos automóveis ali produzidos.
Hoje, o Centro de Produção de Mangualde, como a Stellantis lhe chama, está melhor que nunca. O tipo de automóveis que fabrica está a crescer nas vendas, um fenómeno alavancado em parte pelos tempos da pandemia.
O negócio das entregas veio para ficar e os comerciais ligeiros têm cada vez maior procura, mesmo numa altura em que a economia encara tempos incertos, como resultado da guerra na Ucrânia.
Conjuntura favorável
Mas, desta vez, a situação internacional traduz-se numa oportunidade para Mangualde e não em mais um obstáculo a transpor. Pelo menos por agora. Ninguém sabe como estaremos daqui a um ano.
A fábrica de Mangualde foi lançada em 1962 e tem um volume acumulado de veículos ali produzidos que ultrapassa os 1,5 milhões de unidades.
Pelas contas da Stellantis, Mangualde produz 23,5% de todos os automóveis fabricados em Portugal.
Para quem pensa que apenas a Autoeuropa produz automóveis no nosso país, esse é um dado interessante e que dá uma ideia da dimensão desta operação da Stellantis.
Até lá se fez o DS
A produção começou em 1964, dois anos depois de lançada a primeira pedra, com o 2CV. Em 1969 eram fabricados 10 carros por dia, em 2019 a fábrica chegou aos 330 carros por dia e atingiu o ser recorde anual de 77 607 unidades.
Até 1998, a fábrica dedicou-se a modelos da Citroën, como o furgão HY, Ami, DS, Dyane, Méhari, GS, FAF, CX, GSA, Visa, AX e Saxo. Alguns em CKD, ou seja, apenas montagem final e com incorporação de componentes nacionais obrigatória.
O ponto de viragem aconteceu em 1998, com a entrada em produção dos Citroën Berlingo e Peugeot Partner. A partir daqui, a fábrica especializou-se em comerciais ligeiros, até hoje.
Especialista em comerciais ligeiros
Neste momento, são produzidos o Citroën Berlingo e Berlingo Van, Peugeot Partner/Rifter e Opel Combo/Combo Life, ou seja versões comerciais e de passageiros. A partir de Outubro vai juntar-se o novo Fiat Doblò, que partilha a mesma plataforma. É o 23º modelo diferente produzido na história da fábrica.
Como é lógico, estes comerciais ligeiros dominam o segmento em Portugal, com uma cota de mercado de 32% que deve aumentar com a chegada do Fiat. Em 2021 foram produzidos 67 841 unidades
O presidente dos afetos
Na cerimónia, o Presidente da República atribuiu a Ordem de Mérito ao trabalhador mais antigo da fábrica, um gesto que simbolizou a homenagem a todos os que trabalharam em Mangualde ao longo das últimas seis décadas.
Carlos Tavares, o CEO da Stellantis anunciou a construção de um parque de energia solar, que vai abastecer a fábrica com 31% das suas necessidades de energia, evitando a emissão de 2500 toneladas de CO2, por ano.
Novo parque solar
O parque vai ocupar a área equivalente a seis campos de futebol e terá 6 363 painéis solares fotovoltáicos, com capacidade instalada de 3 436 MWp, o equivalente ao consumo de 320 habitações.
A energia aqui produzida será distribuída também por outras empresas locais e a instalação do parque começa já este ano.
É mais um passo no sentido da neutralidade carbónica que a Stellantis definiu como alvo para 2038, com redução intercalar de 50% para 2030. É um investimento de 3,2 milhões de euros, em parceria com a Prosolia Energy, uma empresa com sede em Valência.
Laboratórios em Mangualde
Talvez menos falado, mas importante para o futuro é o trabalho dos quatro laboratórios instalados pela Stellantis na fábrica de Mangualde, focados na I&D de assuntos relacionados com a IoT (Internet of Things), 5G e 6G, engenharia de processos e treino de pessoal.
Esta atividade engloba parceiros externos, como o Politécnico de Viseu e a Universidade de Coimbra e Porto, bem como fornecedores como a Simoldes, HFA e o centro de tecnologia automóvel da Galiza.
Conclusão
Os comerciais ligeiros não são os veículos mais “sexy” do mercado, mas são cada vez mais necessários nos dias que correm e são conhecidos por conseguirem gerar boas margens de lucro. O reforço da fábrica de Mangualde só pode ser visto como uma das grandes notícias do ano, para a indústria automóvel nacional.
Francisco Mota
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