27/1/2023. A Peugeot chama-lhe projeto E-Lion e engloba várias iniciativas que vão todas no mesmo sentido, o da eletrificação. Novos modelos, novas ideias, há por aqui muito para refletir sobre o futuro dos automóveis. Um futuro mais próximo do que alguns pensam.

 

Enquanto a CEO da Peugeot, Linda Jackson apresentava o projeto E-Lion para uma audiência global, através dos meios digitais, Carlos Tavares, o português que lidera o grupo Stellantis, dava início a mais uma participação no Rali de Monte Carlo histórico.

Além de ser um dos CEO mais reputados da indústria automóvel, Carlos Tavares é também um apaixonado pelo desporto automóvel, que pratica com assiduidade.

Há vários anos que participa no rali de Monte Carlo para veículos históricos, uma prova de regularidade, não de velocidade, mas ainda assim com muitos desafios para carros e pilotos.

Tavares tem participado com vários carros antigos das marcas do grupo que dirige e este ano escolheu um pequeno Peugeot 104 ZS. Leve e ágil, é o carro perfeito para as estradas estreitas do rali mais famoso do mundo.

Três objetivos

Mas enquanto Tavares mergulhava num mundo de nostalgia, a sua responsável pela marca do leão saltava para o futuro apresentando o projeto E-Lion.

Os objetivos do projeto são muito claros: em 2023, todos os modelos da marca estarão eletrificados, com versões elétricas ou híbridas.

Em 2025, a marca terá uma gama 100% elétrica, ou seja, a oferta de modelos elétricos vai abranger todos os segmentos, sem desaparecerem totalmente as versões térmicas.

Finalmente, em 2030, todos os Peugeot vendidos na Europa vão ser 100% elétricos. Acabam-se os motores a combustão.

Novidades quase a chegar

O plano de produto para os próximos cinco anos assenta em duas vertentes, a dos 100% elétricos e a dos híbridos, com novidades técnicas em ambos os campos.

Para começar, um novo motor elétrico de 115 kW (156 cv) alimentado por uma bateria que a marca diz ter 400 km de autonomia, graças a um consumo médio anunciado de 12,7 kWh/100 km.

Este sistema vai servir para as versões elétricas das gamas 308/308 SW, 408, 3008 e 5008. Passam todos a receber a letra “E” antes do número, por exemplo, E-308. Nada a ver com os aditivos da indústria alimentar…

E-3008 com 700 km de autonomia

O E-3008 vai passar para uma nova geração no segundo semestre de 2023, sendo o primeiro modelo da Stellantis a usar a nova plataforma STLA Medium.

Terá três versões elétricas, incluindo uma com dois motores e tração às quatro rodas, anunciando-se um autonomia máxima de 700 km.

Quanto aos híbridos, a Peugeot acrescenta os esperados “mild hybrid”, ou MHEV, à generalidade da oferta, ou seja, aos 208, 2008, 308, 408, 3008 e 5008.

O sistema MHEV

O sistema chama-se Peugeot Hybrid 48V, sendo composto por um motor a gasolina de 100 ou 136 cv, associado a uma caixa de seis velocidades e dupla embraiagem que tem um motor de 21 kW (29 cv) lá dentro.

É um sistema semelhante ao usado por outras duas marcas do grupo Stellantis, a Jeep e a Alfa Romeo, sendo alimentado por uma bateria de 0,8 kWh, carregada nas travagens, desacelerações ou pelo próprio motor a gasolina.

A Peugeot diz que o sistema consegue uma redução de 15% nos consumos, sendo capaz de funcionar mais de 50% do tempo em modo zero emissões, em ciclo urbano.

As tendências do futuro

O projeto E-Lion vai mais além, definindo a fisionomia dos modelos nascidos 100% elétricos que devem surgir mais para o final da década.

A Peugeot afirma que o departamento de estilo vai explorar proporções de carroçaria diferentes das convencionais, que aproveitem o espaço interior de outra forma. E também tirar partido dos sistemas de direção “steer-by-wire” para usar volantes retangulares.

Está também em curso um programa de redução de peso e de utilização de materiais reciclados, bem como o aumento do ciclo de vida dos automóveis elétricos para os 20 a 25 anos, contra os 15 que é tida como a média dos automóveis atuais.

Mais eficiente e acessível

Para isso poder acontecer, estão a ser desenvolvidas soluções de renovação do automóvel elétrico ao longo da sua vida útil, como por exemplo dos estofos e guarnições interiores, além das já conhecidas atualizações de software “over the air”.

Também na área da utilização e pagamento, a Peugeot está à procura de soluções que contornem o óbvio: que o preço dos carros elétricos é demasiado alto para muitos compradores.

Em França já há uma modalidade em que o utilizador paga 150 euros por mês para usar um E-208, com 500 km incluídos, acrescentando mais sete cêntimos por quilómetro extra, se necessário.

Conclusão

A Peugeot está profundamente envolvida nas várias ramificações em que se divide a eletrificação do automóvel. Não só nos carros, mas também na sua acessibilidade e ecossistema. São medidas necessárias para que a eletrificação chegue a mais automobilistas, como chegava o pequeno e acessível Peugeot 104 de Carlos Tavares, nos anos setenta.

Francisco Mota

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