Oliver Blume, CEO da Porsche terá "coragem" de eletrificar o 911?

Cayenne vendeu mais que o Macan no 1º semestre de 2022

Em breve os elétricos da Porsche vão dar mais lucro que os térmicos

A gama de SUV da Porsche vai ter um terceiro modelo, ainda maior

22/7/2022. Na reunião habitual com os seus investidores, a Porsche garantiu esta semana que vai ter maiores lucros a vender carros elétricos do que teve no passado a vender modelos com motor a combustão. E explicou como e quando isso vai acontecer.

 

Nenhuma administração aparece à frente dos seus investidores a falar de más notícias. O discurso vai sempre para as boas notícias e, se não existirem muitas, fala-se das expetativas para o futuro, onde sempre se pode plantar algo de positivo.

Mas a Porsche não precisa de elaborar grandes teorias para convencer os investidores de que estão a pôr o seu dinheiro no sítio certo. Os números têm falado pelos administradores, como aconteceu em 2021, um ano de recorde de vendas para a marca.

Mais de 300 mil carros em 2021

A Porsche ultrapassou a barreira das 300 mil unidades vendidas, entregando em 2021 nada menos do que 301 915 carros. Um número impressionante, tendo em conta os preços dos seus modelos.

Só para ter uma ideia, em 2021, a Mini vendeu um total de 302 144 unidades, praticamente o mesmo que a Porsche, mas a preços incomparavelmente mais baixos.

Mas é um número que tem paralelos noutras marcas, como por exemplo a Lamborghini, que vendeu 10 mil carros e quase ultrapassou a Ferrari em 2021. A verdade é que há cada vez mais pessoas a comprar carros de luxo, mesmo nesta fase de dificuldades a nível global.

No topo das margens

A Porsche tem ainda o mérito de estar no topo das margens de lucro por cada carro que vende, ou seja, o cenário perfeito: volume e margem. Como é isto possível? A explicação é muito fácil.

Apesar de vender produtos de luxo, a Porsche consegue reduzir os custos de fabricação com as sinergias que obtém da partilha de componentes e plataformas com várias marcas do grupo VW, a que pertence. Algo que se torna mais difícil para alguns dos seus concorrentes.

Mas nem a Porsche conseguiu evitar uma descida nas vendas durante o primeiro semestre de 2022, comparando com igual período do ano passado. As dificuldades geradas pela guerra na Ucrânia e a paragem da economia chinesa, devido ao ressurgimento do Covid-19, foram demais.

Quebra de 5% nas vendas

As vendas da Porsche desceram 5% a nível global. A região que mais caiu foi precisamente a China, com 16% menos carros entregues a clientes, com os EUA a descer 10% e a Europa 7%.

Entre 2021 e 2022, também houve mudanças na hierarquia dos modelos mais vendidos da marca. No ano passado, o campeão de vendas foi o Macan (88 362) suplantando o Cayenne (83 071), seguindo-se o Taycan (41 296).

Em 2021, o eterno 911 registou o seu melhor ano de sempre com 38 464 unidades vendidas

Se os SUV dominaram, o eterno 911 registou em 2021 o seu melhor ano de sempre com 38 464 unidades, mais que os 30 220 Panamera ou as 20 502 unidades do 718 Boxster e Cayman somados.

Cayenne passou Macan

No primeiro semestre de 2022, o Cayenne (41 947) superou o Macan (38 039) esperando-se que a tendência continue até final do ano.

Curiosamente, o 911 (21 616) também ultrapassou o Taycan (18 877) no primeiro semestre de 2022, com a Porsche a explicar que os elétricos foram mais atingidos pelos problemas de fornecimento de componentes.

Com os dados que temos agora, podemos fazer uma previsão muito simplista e arriscar um valor de 292 mil unidades até final do ano, mantendo-se a taxa de descida em relação a 2021.

Ainda assim, um número fabuloso, que a Porsche anuncia como sendo 27 vezes superior ao da Ferrari.

Objetivo: 20% de lucro

Nas palavras dos altos dirigentes da Porsche, o objetvo é atingir 20% de margem de lucro, face aos 16% de 2021 que equivaleram a um lucro de 39 mil milhões de euros.

Mas a previsão mais entusiasmante para os investidores foi mesmo a de que, o negócio dos carros elétricos vai dar ainda mais lucro do que o da venda de modelos com motor a gasolina.

Oliver Blume, o CEO da marca, afirmou que os custos de produção dos elétricos da Porsche vão equiparar-se aos dos modelos com motor térmico já em 2024. A partir daí os elétricos passam a custar menos a produzir e a gerar maior lucro.

Clientes pagam mais

Além disso, os clientes já estão recetivos a pagar mais por um elétrico que por um térmico, oferecendo à Porsche uma margem extra de lucro.

Para aproveitar esta onda, o plano de lançamento de novos produtos vai começar já no próximo ano com a nova geração do Macan, que terá uma versão 100% elétrica, além de versões “plug-in”.

Para 2025, foi confirmado por Blume que a gama de desportivos 718 (Boxster e Cayman) vai passar para uma nova geração exclusivamente elétrica. E, cereja no topo do bolo, foi anunciado um terceiro SUV, posicionado acima do Cayenne.

Também o 911 passa a elétrico?…

Em 2030, a Porsche acredita que 80% das suas vendas vão ser de veículos 100% elétricos, mas ainda nada foi dito em relação ao futuro do 911, assunto que tem sido um verdadeiro tabu.

A atual geração 992 foi lançada em 2018 e na apresentação à imprensa foi dito que a caixa de velocidades automática já lá tinha espaço reservado para o motor elétrico da versão híbrida “plug-in”.

também o desportivo mais famoso do mundo virá a ter uma versão 100% elétrica

Por isso, é de esperar que seja esse o próximo passo. Mas não é difícil acreditar que também o desportivo mais famoso do mundo venha a ter uma versão 100% elétrica, provavelmente quando aparecer a próxima geração de baterias, mais pequenas, mais leves e com maior capacidade.

O mais certo é que seja o próprio mercado a exigir que isso aconteça, tendo em conta que a Porsche conseguiu cumprir com aquilo que prometeu quando lançou o Taycan: “é 100% elétrico e 100% Porsche”. Todos os que o guiaram já confirmaram isso mesmo.

Conclusão

Apesar de se prever uma subida de preços para as novas gerações do Macan e 718, sobretudo para as versões 100% elétricas, a verdade é que a Porsche vai continuar a ter esses dois modelos de acesso à marca. Ao contrário de outras marcas, bem maiores, não precisa de optar entre volume e preço. Os dois vão subir nos próximos anos, e com eles o lucro.

Francisco Mota

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