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9/4/2021. Apesar da subida nas vendas de carros elétricos, o consumo de petróleo para uso rodoviário ainda vai subir até 2030. Qual a razão para este aparente contrassenso?

 

É um facto que a atenção dos compradores de automóveis está cada vez mais alerta para o fenómeno dos modelos elétricos ou eletrificados. Por razões de benefícios fiscais, for razões de custos de energia, por razões de preocupação ambiental ou simplesmente por uma questão de moda.

Do lado da oferta, os construtores de automóveis fazem o que podem para acompanhar esta tendência, diversificando os modelos elétricos que lançam no mercado, mas ainda com a questão do preço a ser um entrave para muitos compradores.

Com este cenário, seria de supor que a parcela do petróleo no total da energia consumida em transporte rodoviário fosse cada vez menor. Mas não é isso que está a acontecer.

Petróleo a subir até 2030

Segundo a BP – que é uma das petrolíferas que está a investir mais nos postos de carregamento para carros elétricos – a percentagem de consumo de petróleo vai continuar a subir até 2030. Só nessa altura deverá começar a descer.

Aos olhos da opinião pública europeia, esta previsão pode parecer estranha. Mas existem algumas razões bem concretas para que se venha a concretizar.

Por um lado, existe uma grande diferença entre a atenção que a transição energética recebe dos meios de comunicação e do público, quando comparada com as compras efetivas de carros elétricos, mesmo na Europa.

O assunto está na agenda do dia, mas quando chega a altura de comprar carro, a maioria esmagadora dos clientes ainda opta por um motor térmico, não por um elétrico.

Assimetrias regionais

Ainda mais importante são as assimetrias regionais que se estão a verificar no caminho para a transição energética. Na Europa, o processo está em curso e acelera a cada mês que passa. Mas isso não acontece noutras regiões do globo.

Nos EUA e na Ásia, a estratégia política para a transição energética é menos vigorosa ou inexistente, em algumas regiões. Em muitas zonas da China, só para dar um exemplo, os compradores ainda estão na fase de adquirirem o seu primeiro veículo, com motor térmico.

O desenvolvimento dos vários mercados não vai permitir uma mudança igual em todas as regiões. A partir de 2030, é muito provável que a predominância dos derivados do petróleo no transporte rodoviário ainda seja a realidade de algumas regiões.

Os três cenários para 2050

A BP antecipa três cenários possíveis para 2050, dependentes do avanço da transição energética em cada região. Nas menos rápidas, o petróleo pode continuar a representar até 80% da energia gasta no transporte rodoviário.

Nas regiões um pouco mais rápidas a fazer a transição, a BP prevê que o petróleo possa descer até uma quota de 40% e só nas regiões onde se faça uma transição mais acelerada será previsível descer a dependência do petróleo para a casa dos 20%.

E se pensa que estes números são uma manobra de pressão das petrolíferas para manter o negócio como está, repare que, no caso da BP, anunciou que tem o objetivo de ser uma empresa com balanço de emissões de CO2 neutro até 2050.

Conclusão

Como sempre, é a quantidade de dinheiro disponível que vai definir a rapidez com que a transição energética vai acontecer. Uma coisa é certa, ao contrário do que se chegou a pensar, as petrolíferas não têm andado distraídas, sendo muito provável que assumam o controlo da distribuição de energia para a mobilidade. Os barões do petróleo vão ser os barões do eletrão.

Francisco Mota

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