14/08/2020. Sabe qual foi o primeiro elétrico fabricado em massa por um grande construtor? Chamava-se Elettra e foi lançado há 30 anos – um pretexto para descobrir como evoluíram os elétricos.

 

Carros elétricos como os conhecemos hoje, ou pelo menos parte deles, não são uma novidade tão grande como se possa pensar. O primeiro modelo movido apenas por baterias e produzido em massa por um grande construtor foi o… Fiat Panda Elettra.

Lançado em 1990, o Elettra foi o primeiro modelo elétrico a ser construído com base num modelo convencional, que por acaso estava à venda há dez anos, o Panda da primeira geração que agora completa 40 anos.

O Panda Elettra foi o primeiro de um conceito a que hoje se chama plataforma multi-energia, um nome inventado pela PSA para o seu Peugeot 208.

Em 1990, a Fiat deu o primeiro passo a caminho dos automóveis elétricos de produção em massa e de carros que o cliente podia realmente comprar e usar.

Um Panda (quase) igual aos outros

O Elettra usava uma versão reforçada da plataforma do Fiat Panda, ao nível da estrutura, da suspensão, dos pneus e dos travões, pois pesava cerca de 450 kg mais do que um Panda a gasolina.

Este era o peso das 12 baterias de chumbo de 6V recarregáveis que o Elettra usava. Duas estavam colocadas sob o capót, junto com o motor elétrico, a unidade de comando e… a roda suplente.

As outras dez estavam dentro de uma caixa de aço estanque, que ocupava a mala e o espaço dos lugares traseiros, abaixo da linha dos vidros. Por isso a lotação ficava reduzida a dois.

Tal como nas outras versões, também no Elettra as modificações da versão base eram as mínimas possíveis, para conter os custos.

Na carroçaria apenas mudava a grelha dianteira, que deixava de ter entradas de ar. Nos lugares da frente apenas surgiam os comandos do sistema elétrico e o indicador do nível da bateria.

Não era emissões Zero…

O pequeno depósito de gasolina foi mantido, para alimentar um sistema de aquecimento do habitáculo, no Inverno, por isso as emissões não eram propriamente zero.

A embraiagem e a caixa de quatro velocidades foram mantidas e ligadas ao motor elétrico.

O velocímetro tinha indicadas as velocidades máximas para cada uma das três primeiras mudanças: 15 km/h, 25 km/h e 40 km/h. A velocidade máxima, em quarta, era de 70 km/h.

No entanto, tanto em cidade como em estrada plana, o condutor podia deixar a caixa em terceira, pois o binário do motor era suficiente para arrancar e mover o Panda nessa relação.

Autonomia de 100 km

O motor começou por ter 9,2 kW (12,5 cv) o que chegava para acelerar dos 0 aos 40 km/h em 10 segundos. Mas a grande vantagem face aos motores a gasolina era a disponibilidade do binário máximo logo no arranque, o que lhe permitia subir rampas com 25% de inclinação.

Guiado a uma velocidade de cruzeiro de 50 km/h, a autonomia anunciada para o Elettra era de uns excelentes 100 km e até existia um sistema de regeneração de energia nas travagens e desacelerações.

O carregador de bordo permitia ligar o Elettra a uma tomada doméstica de 220V e 16A e carregar a bateria totalmente em oito horas, o que é apreciável.

Evolução em 1992

Mas a Fiat não deixou de evoluir o sistema e, em 1992, apresentou o Elettra 2 com um motor de 17,7 kW (24 cv) e trocou as baterias de chumbo por novas unidades de Nickel-Cádmio..

Neste vídeo, a Fiat mostra o conceito e os detalhes do Elettra:

A produção terminou em 1998, depois de o Elettra ter tido algum sucesso nos mercados do Norte da Europa, que começavam a dar incentivos à compra de veículos elétricos, nomeadamente a Noruega.

Também alguns organismos estatais italianos usaram o Elettra, adivinha-se que mais por motivos políticos do que outra coisa qualquer.

A verdade é que o preço do Elettra era o triplo de um Panda 750 a gasolina o que tornava as coisas mais difíceis para um comprador privado, sem incentivos financeiros.

Conclusão

O curioso desta história é o paralelismo com o que se passa neste momento, no que aos pequenos veículos elétricos diz respeito.

Tirando a evolução da tecnologia, sobretudo das baterias e do seu volume, a verdade é que a evolução não foi enorme.

Pelo menos, não foi enorme considerando que se passaram 30 anos entre o Panda Elettra e o novo Honda “e”. Onde estaríamos agora, se a evolução dos carros elétricos tivesse sido constante nas últimas décadas, em vez de ter sido feita aos soluços?…

Francisco Mota

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