Florian Huettl, é o CEO da Opel desde Julho

O Opel Corsa-e foi o segundo elétrico mais vendido em Portugal em Julho

O Opel Combo passou a ser feito em Mangualde

O Manta-e será o segundo elétrico da Opel

16/9/2022. Florian Huettl é o CEO da Opel desde Julho e esteve em Portugal para conhecer “in loco” a realidade da marca no nosso mercado. Foi a oportunidade para uma interessante conversa sobre o presente e o futuro desta nova Opel, que já vai com 5 anos de vida.

 

O ano de 2017 foi o mais recente ponto de viragem da Opel, uma marca alemã que comemora este ano os 160 anos de vida. Foi nesse ano que a GM vendeu a marca à então PSA, que entretanto se tornou na Stellantis, depois de se unir à FCA.

São muitas siglas, mas julgo que já todos conhecemos o seu significado e, sobretudo, o resultado final que é a Stellantis, o grupo que está no “top 3” dos lucros na indústria automóvel.

Em 2017, os objetivos traçados pela equipa de Carlos Tavares para a Opel eram simples, como recordou agora Huettl: atingir o lucro, investir na eletrificação e internacionalizar a operação.

O balanço de 5 anos

Ao fim destes cinco anos, Huettl fez o balanço da situação e avançou dados concretos que demonstram estarem a ser cumpridos os objetivos.

Depois de vinte anos a dar prejuízo à GM, a Opel passou aos lucros com a Stellantis e assim se tem mantido, incluindo em 2021, apesar das dificuldades que todos conhecemos.

O plano de eletrificação também está a percorrer o seu caminho, pois a gama já tem 12 modelos eletrificados, entre PHEV e BEV.

O CEO da Opel mostrou um dado interessante quando disse que a quota de mercado da Opel na Europa é de 4,2%, enquanto que a sua quota de veículos 100% elétrico é superior, atingindo os 4,8%. Um bom indício para os planos futuros.

A partir de 2028: só elétricos

Em 2024, todos os modelos da Opel vão ter uma versão eletrificada e a grande mudança continua a estar marcada para 2028, quando todos os Opel à venda na Europa vão ser 100% elétricos. A situação internacional (ainda?) não levou a nenhum adiamento.

Dentro de seis anos, a Opel só terá modelos 100% elétricos à venda na Europa

Quanto à estreia em novos mercados, Huettl aponta o facto de a marca ter entrado em 14 novos mercados desde 2017, mas 90% das suas vendas ainda são feitas na Europa.

Mas a conversa com o CEO da Opel, que era o anterior responsável pelas vendas e marketing; reportando agora diretamente a Carlos Tavares, esteve muito mais centrada no futuro que no passado.

Design “retro: não!

Os planos da Opel são ambiciosos, não só no que diz respeito à transferência energética, mas também na própria transferência de clientes, na renovação dos compradores dos modelos da marca.

Apesar do sucesso que o “restomod” do Opel Manta elétrico teve nas redes sociais, Huettl garantiu que o futuro do design da marca não está no passado. Ou seja, não esperemos por modelos nostálgicos, não vai haver modelos novos que copiam os antigos.

Na verdade, nem me parece que o experiente chefe do gabinete de estilo, Mark Adams, estivesse muito virado para um tipo de tendência que nunca apoiou, pelo contrário.

O Manta Electric vai ver a luz do dia, mas só herda o nome do passado, numa carroçaria de SUV-coupé de quatro portas e posicionado no segmento C. Vai ser o segundo 100% elétrico da marca, depois do Corsa-e.

German Energy

Sendo alemão e ex-chefe do marketing, não seria de esperar outra coisa do novo CEO que não fosse um plano claro e cheio de nomes, conceitos e chavões. Nem os vou traduzir do inglês em que foram criados.

Como Tavares também gosta, o plano tem um nome e chama-se “German Energy”, um novo mote para o que vem a seguir. E divide-se em três áreas com os nomes Detox, Modern German e Greenovation.

Vamos por partes

No Detox, o objetivo é simplificar. Simplificar a gama em termos de versões e de opcionais, simplificar o contacto dos clientes com a marca, através de um site mais simples e simplificar o habitáculo dos carros.

Quanto ao Modern German, a ideia é reforçar a mensagem da engenharia alemã, do “made in Germany”, mesmo partilhando plataformas e motores que têm origem francesa.

Depois, é trabalhar na comunicação da marca que deve “falar por sí própria” e reforçar um estilo mais simples e puro das carroçarias.

Finalmente, no capítulo Greenovation, a estratégia assenta na transformação das instalações históricas de Rüsselsheim num campus de inovação, a construção de uma Gigafactory em Kaiserslautern e a venda apenas de carros 100% elétricos a partir de 2028, na Europa.

A Opel em Portugal

Quanto à presença da Opel em Portugal, Huettl afirma que se trata de um país importante para a marca, mais ainda depois do início da produção do Opel Combo na fábrica do grupo, em Mangualde, numa altura em que os comerciais ligeiros estão em alta na Europa.

Também no que às vendas da Opel em Portugal diz respeito, Huettl se mostrou satisfeito com os 20% de subida em 2021, o que permitiu voltar ao “Top 10” das marcas mais vendidas.

Em 2021, as vendas da Opel em Portugal subiram 20% face ao ano anterior

Huettl registou também que a gama de produtos está bem adaptada ao nosso mercado e foram ultrapassadas questões como a da classificação de classe 2 nas portagens das autoestrada que afligiu alguns modelos no passado.

Talvez o melhor sinal que o novo CEO leva de Portugal seja que o Corsa-e foi o segundo carro elétrico mais vendido em Portugal em Julho deste ano. Um sinal de que o nosso mercado está em linha com as ambições de eletrificação da Opel.

Conclusão

A Opel tem um passado muito rico no nosso mercado. Durante décadas esteve entre as marcas mais vendidas, graças a uma adaptação rápida e eficiente às particularidades (anormalidades?…) da nossa fiscalidade e não só. Mas o passado está lá atrás e agora é preciso renovar os clientes da marca. O marketing vai dar uma ajuda nesse sentido, dirigindo a mensagem para os mais jovens, mas é preciso que o produto acompanhe. O restyling do Corsa e o novo Insignia vão ser marcos importantes, mas disso, Huettl nada disse.

Francisco Mota

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