A Porsche retocou o Panamera com um “restyling” de meio de carreira. Mas, na Porsche, as coisas nunca se ficam pela estética. Há novidades na mecânica, incluindo nos “plug-in”. Fui descobrir tudo isso no pior dos dias…

 

Dia de chuva, frio, vento e até nevoeiro. Estrada molhada e suja, condutores que parecem perdidos no meio de vias estreitas e sinuosas. Este foi o cenário para um primeiro contacto dinâmico com o renovado Porsche Panamera, durante a apresentação nacional à Imprensa.

Chegado o meio da carreira da atual geração do Panamera, era altura para um “restyling”, de que o modelo realmente nem precisava, dada a elegância intemporal das suas linhas.

Mas não se assustem os atuais proprietários de um Panamera, pois a Porsche segue sempre o mote da “evolução na continuidade”. As diferenças são subtis, para não desvalorizar o modelo anterior.

Para-choques com entradas de ar diferentes e frisos novos (na verdade são os anteriores para-choques do pacote opcional Sport Design), interior dos faróis e farolins com pequenos retoques, mais cores disponíveis e três novos estilos de jantes (agora já são 10), pouco mais mudou por fora no renovado Panamera. Há umas novas grelhas laterais.

Agora são três “plug-in”

Por dentro, a estratégia é semelhante, com a substituição do volante pelo do Taycan e pouco mais. “Não é preciso reparar o que não está estragado”, como dizem os Ingleses.

Para este primeiro contacto dinâmico com o renovado Panamera, guiei a nova versão 4S E-Hybrid, o escalão intermédio na oferta híbrida que agora tem três opções: 4 E-Hybrid (462 cv), 4S E-Hybrid (560 cv) e Turbo S E-Hybrid (700 cv). Todas as potência são valores combinados.

A novidade está no sistema elétrico que passa a usar uma bateria de maior capacidade, subindo de 14,1 kWh para 17,9 kWh, o que lhe dá mais 27% de autonomia. O motor elétrico de 136 cv e 400 Nm está alojado na caixa PDK de dupla embraiagem e oito relações. Com tudo isto, a autonomia em modo elétrico do 4S E-Hybrid que guiei é de 54 km.

Uma berlina (super) desportiva

Como a bateria não estava a 100% quando peguei no 4S E-Hybrid, não tive oportunidade de testar a sua autonomia. Mas pude testar outras coisas.

A suspensão, a direção e os sistemas de auxílio à condução foram apurados em todos os Panamera, no sentido de tornar o comportamento ainda mais desportivo. Os pneus também foram substituídos por novas referências.

A posição de condução do Panamera continua quase tão baixa e envolvente como a de um 911, sobretudo comparando com os rivais das outras marcas alemãs. Chegar aos meus acertos preferidos foi uma questão de segundos.

Excelente apoio lateral, boa leitura do painel de instrumentos e depois aquela consola central que exige demasiada atenção para decifrar a função de cada botão. O mais importante está no volante, o rotativo para escolher os modos de condução, que também foram afinados.

Do E-Power para o Sport Plus

Depois de uma primeira parte em modo E-Power, para aproveitar o que restava da carga da bateria e guiar o Panamera em modo 100% elétrico – suave, silencioso, com poder de arranque – foi altura de passar ao Sport Plus e puxar mais pelo motor 2.9 V6 biturbo, o mesmo do 4 E-Hybrid, pois o Turbo S E-Hybrid usa o 4.0 V8 biturbo.

Mesmo com o indicador nos 0 km de autonomia elétrica, a bateria tem sempre alguma carga, o suficiente para manter as prestações máximas disponíveis, por exemplo a aceleração 0-100 km/h em 3,7 segundos e velocidade máxima de 298 km/h.

Continuando nos números anunciados, o consumo WLTP de gasolina é de 2,3 l/100 km e o consumo de eletricidade é de 19,5 kWh/100 km.

Mesmo com piso molhado, a tração às quatro rodas não tem dificuldade em colocar os colossais 750 Nm no chão e atirar o Panamera para a frente com autoritarismo. Antes de ser um híbrido “plug-in”, é uma berlina superdesportiva, disso não há dúvidas.

4WD com tendência RWD

A largura da frente continua a obrigar a fazer contas, quando se atacam curvas sem visibilidade em estradas estreitas. Mas a precisão da frente é excelente e a direção tem um tato muito bom.

Acelerando com mais determinação, a partir do meio da curva, é o eixo traseiro que toma conta da ocorrência, lançando o Panamera para uma pequena deriva fácil de “agarrar“, que o controlo de estabilidade não “mata” imediatamente.

Muito divertido, mesmo com piso molhado, estradas estreitas e curvas por vezes traiçoeiras.

Enfim, a Porsche continua a refinar o conceito do Panamera, que está cada vez melhor. Esta nova versão “plug-in” está disponível em carroçaria normal, na Executive de chassis longo e na “shooting brake” Sport Turismo.

Conclusão

As emissões anunciadas de CO2 são de 53 g/km e o preço final é de 138 589 euros, neste momento, pois resta saber que variação poderá ter com a anunciada descida nos incentivos estatais aos “plug-in”. A Porsche teme um aumento de dez mil euros, por isso, se está na dúvida…

Francisco Mota

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