Renault Megane E-Tech EV60 x Cupra Born 58 (fotos de João Apolinário)

Born e Megane E-Tech são concorrentes diretos

Born próximo de MPV, Megane próximo de Crossover

O Born é ligeiramente mais comprido que o Megane E-Tech

Duas linguagens de estilo completamente diferentes

Megane E-Tech pouco mais baixo que Born

O primeiro 100% elétrico da marca Cupra

Originalidade no símbolo da Cupra

Faróis do Born de aspeto convencional

Jantes de 20" com desenho muito ao estilo Cupra

Cupra Born partilha quase tudo com o VW ID.3

Imagem de família presente, mas com aspeto moderno

Mesma medida de pneus em ambos: 215/45 R20

Puxador das portas de trás escondido

Frente inspira-se nos mais recentes Renault

Interpretação moderna do estilo Renault

Detalhes em cor de cobre dão ar moderno ao interior do Born

Painel de instrumentos digital pequeno, no Born

Ergonomia não é a melhor no ecrã tátil do Born

Born tem bancos desportivos com bom apoio lateral

Bom espaço atrás no Born, sobretudo em comprimento

Mala do Born tem 385 litros, pois o motor e a tração são atrás

Volante de formato original no Megane E-Tech

Painel de instrumentos digital do Megane E-Tech é maior

Excelente sistema de infotainment com Google Auto Services

Bancos confortáveis no Megane E-Tech

Um pouco menos de espaço em comprimento no Megane E-Tech

Mala do Megane E-Tech tem 440 litros, mas acesso difícil

Preciso e rápido a entrar em curva, o Born

Ao volante do Born sente-se sempre mais aderência

ESC não deixa aproveitar a parte lúdica da tração atrás

Não é difícil colocar a traseira a deslizar, no Megane E-Tech

Condução do Megane E-Tech beneficia de peso inferior e mais potência

Traseira bastante ágil, no Megane E-Tech

A oferta de carros elétricos aumenta e começam a surgir concorrentes diretos que se podem comparar sem restrições. É o caso do Mégane E-Tech EV60 e do Cupra Born 58. Face a face, qual será o melhor familiar compacto elétrico? Respostas neste comparativo Targa 67.

 

À medida que as marcas vão lançando mais modelos elétricos, a oferta torna-se cada vez mais estruturada, começando a construir-se uma matriz em que as marcas se confrontam com produtos que rivalizam diretamente uns com os outros.

A VW entrou no mercado dos familiares compactos elétricos em 2020, com o ID.3, o primeiro de uma família de modelos 100% elétricos que a marca vai desenvolver nos próximos anos.

Duas linguagens de estilo completamente diferentes

A Renault, que está no mercado dos utilitários elétricos desde 2012 (é mesmo, já passaram dez anos!…) com o Zoe, chega agora aos familiares compactos com o Megane E-Tech Electric. São rivais diretos, por isso a comparação é mais do que justificada.

Os GTI dos elétricos?

Só que, a Renault anuncia o seu Megane E-Tech Electric como “o GTI dos elétricos” por isso decidi deixar o ID.3 estacionado no parque do importador da marca e trazer o que estava parado ao lado, o Cupra Born.

Megane E-Tech pouco mais baixo que Born

A Cupra reclama para si uma atitude mais desportiva no Born, em relação ao ID.3. Tem suspensão 15 mm mais baixa, na frente e 10 mm, atrás, além de molas e amortecedores diferentes e uma direção mais direta.

Por tudo isso, seria o rival perfeito para o Renault. Seja como for, a maioria das comparações que se podem fazer, são igualmente válidas entre o Megane e o ID.3 da VW.

Estilos… originais

Parados lado a lado, para a sessão de fotografias do João Apolinário, devo dizer que nem um nem outro me prendem o olhar por muito tempo. A silhueta do Born é mais alongada, com os pilares da frente avançados a dar-lhe um ar quase de monovolume.

Born próximo de MPV, Megane próximo de Crossover

O Megane tenta esconder um perfil que se aproxima de um SUV, como seria de esperar tendo em conta os modelos que vão ser feitos sobre a sua plataforma. Em termos de dimensões, o Born é 10 cm mais comprido e 4 cm mais baixo, com a distância entre-eixos a ser também 7 mm superior.

Tração à frente ou atrás?

Há uma diferença fundamental entre os dois. Enquanto o Megane tem motor e tração às rodas da frente, o Born tem motor e tração atrás, o que lhe dá uma frente mais curta.

O Born é ligeiramente mais comprido que o Megane E-Tech

Mas isso também lhe rouba volume à mala, que se fica pelos 385 litros, contra os 440 do Megane. A questão é que o acesso à mala do Born é bem mais fácil que à do Megane, muito funda.

MEB contra CMF-EV

Basta ocupar os lugares da segunda fila para perceber as diferenças entre a plataforma MEB, do Born e a CMF-EV, do Megane E-Tech. Há mais espaço em comprimento para as pernas e mais espaço para os pés, no Born. No Megane E-Tech é tudo um pouco mais acanhado e o acesso não é tão fácil.

Born tem bancos desportivos com bom apoio lateral

Passando para o lugar do condutor, as diferenças também são muito fáceis de encontrar. Apesar das regulações, o banco do Renault está numa posição mais alta, porque a linha de cintura (a base dos vidros laterais) é mais alta que no Cupra.

Bancos confortáveis no Megane E-Tech

Isso não impede o Megane E-Tech de ter uma boa posição ao volante. Os bancos são confortáveis, enquanto que os do Born são mais desportivos. Também o volante do Renault, com o seu formato original, parece ter maior raio que o do Cupra, que tem uma pega mais satisfatória.

Ergonomia

Em frente aos olhos do condutor o Born tem um pequeno painel de instrumentos com o comando rotativo da transmissão na sua continuidade, à direita. Está longe de ser a melhor solução ergonómica e obriga a habituação.

Detalhes em cor de cobre dão ar moderno ao interior do Born
Volante de formato original no Megane E-Tech

No Megane há um painel de instrumentos digital maior e mais completo, enquanto que a alavanca da caixa é uma haste na coluna de direção. Uma solução antiquada mas que continua a resultar bem. Estranhamente, o E-Tech continua a ter o satélite de comando do rádio, que já é uma peça “vintage”.

Digitalização do Renault

Quanto ao ecrã tátil central, por onde hoje passam quase todos os comandos dos carros modernos, também há diferenças substanciais. Na Cupra, temos um ecrã horizontal de 12”, mas de utilização confusa. Além de ter comando de volume e temperatura em “sliders” que não são iluminados à noite.

Ergonomia não é a melhor no ecrã tátil do Born

No caso do Renault, temos um ecrã vertical de 12,3” bem maior e mais fácil de usar, além de ter integrado o excelente Google Auto Services que funciona na perfeição e oferece algumas aplicações conhecidas. Os comandos da climatização são teclas rígidas, fora do infotainment.

Excelente sistema de infotainment com Google Auto Services

Mais abaixo, ambos dispõem de bons espaços de arrumação na consola horizontal e quanto à impressão de qualidade do habitáculo, o Cupra tem nos acabamentos em cor de cobre um detalhe que lhe dá originalidade, mas a maioria dos materiais do Renault são de qualidade um pouco melhor.

Regeneração ajustável

Para ligar o Born basta sentar no banco do condutor e tocar no pedal de travão. O arranque é muito suave, desde que não se exagere com o acelerador. Tanto num como no outro, existem modos de condução à escolha, que fazem variar a sensibilidade do acelerador e a assistência da direção. E que fazem diferença.

Painel de instrumentos digital pequeno, no Born

Ambos têm maneira de regular a intensidade da regeneração nas desacelerações. No caso do Cupra, escolhendo o nível “B” no comando da transmissão. No caso do Renault, há patilhas para regular a intensidade em quatro níveis.

Painel de instrumentos digital do Megane E-Tech é maior

São duas opções que funcionam bem e nenhuma imobiliza o andamento por completo, é sempre preciso usar o pedal de travão, que se mostrou progressivo em ambos.

Conforto do Born

Em cidade, a primeira diferença que se nota é no conforto de rolamento, sobretudo sobre bandas sonoras ou pisos imperfeitos. Nos dois casos, são usados pneus 215/45 R20, relativamente estreitos e altos, por isso não são os pneus a fazer a diferença.

Jantes de 20″ com desenho muito ao estilo Cupra
Mesma medida de pneus em ambos: 215/45 R20

Mas há uma ligeira diferença, a favor do Born, que mostra maior tolerância ao mau piso, com o Megane a ser ligeiramente mais firme. O menor raio de viragem do Born e a melhor visibilidade para trás, facilitam a condução em cidade.

Consumos repartidos

Quanto aos meus testes de consumo em cidade, feitos sempre com o A/C desligado, os valores que obtive foram de 13,5 kWh/100 km, no Renault e de 16,5 kWh/100 km, no Cupra.

Frente inspira-se nos mais recentes Renault

Fazendo as contas, isto resulta em autonomias reais de 445 km, para o Megane E-Tech e de 351 km, para o Born. Uma diferença significativa, tendo em conta que a diferença de capacidade útil das baterias é de apenas 2 kWh (58 kWh, para o Born e 60 kWh, para o Megane).

Quanto à condução em autoestrada, a estabilidade é muito boa em ambos, fruto do Centro de Gravidade baixo, devido à colocação das baterias sob o habitáculo. A sensação de potência disponível é muito boa em ambos e a insonorização em relação aos ruídos de rolamento é ligeiramente melhor no Renault.

Faróis do Born de aspeto convencional

Quanto ao meu teste de consumo em autoestrada, os valores que obtive foram de 20,4 kWh/100 km (294 km de autonomia), no Renault e de 18,0 kWh/100 km (305 km de autonomia), no Cupra. Rolando a 120 km/h estabilizados e com o A/C desligado. Aqui os papéis invertem-se, provavelmente devido à melhor aerodinâmica do Born.

Vocação desportiva

Atendendo a uma certa vocação para a condução desportiva que ambos os modelos reclamam, não podia deixar de os levar para uma estrada secundárias com algumas curvas mais exigentes e muito pouco ou nenhum trânsito.

ESC não deixa aproveitar a parte lúdica da tração atrás

Numa reta deserta, a aceleração a fundo impressiona mais no Megane que no Born, apesar de a diferença nos 0-100 km/h anunciados ser quase nula: 7,3 segundos, no Born e 7,4 segundos, no Megane. A velocidade está limitada aos 160 km/h, em ambos.

Traseira bastante ágil, no Megane E-Tech

O Born tem mais binário máximo (310 contra 300 Nm) mas o Renault tem uma vantagem de potência máxima (220 cv, contra 204 cv). Mas a maior vantagem do Megane E-Tech está no peso com 1636 kg, contra 1859 kg do Born, uma diferença de 223 kg, nos valores anunciados.

Dinâmicas diferentes

A tração do Born é sempre melhor, seja em aceleração em reta, seja nas saídas de curvas lentas, situação em que o ESC do Megane E-Tech é mais frequentemente chamado a intervir.

Preciso e rápido a entrar em curva, o Born

O Megane tem bom controlo das massas em encadeados de curvas. Tem uma frente rápida e precisa a entrar em trajetória e depois até aceita provocações.

Desacelerando na altura certa, a traseira desliza com “conta, peso e medida” sendo fácil de controlar e divertida. Um típico “GTI” como diz o CEO da Renault.

Não é difícil colocar a traseira a deslizar, no Megane E-Tech

Curiosamente, o Born também se deixa provocar nas travagens tardias, reagindo como o Megane, talvez até em maior ângulo, mas depois, a deriva não se consegue prolongar com a tração traseira, pois o ESC entra logo em campo.

Não aproveita a tração atrás

Só em pisos escorregadios e depois de entrar em curva sem excesso de velocidade, se consegue sentir a tração traseira a ensaiar uns poucos graus de sobreviragem, que duram pouco tempo até o ESC chegar. A Cupra não arriscou nada com a tração traseira.

Ao volante do Born sente-se sempre mais aderência
Condução do Megane E-Tech beneficia de peso inferior e mais potência

A verdade é que o Born parece ter sempre mais aderência que o Megane, talvez explicado pelo tipo diferente de pneus que cada um usa: Continental EcoContact6, no Cupra e GoodYear EfficientGrip, no Renault.

Conclusão

No final, hora de tirar conclusões. O Megane E-Tech EV60 custa 43 850€, o Cupra Born 58 custa 42 438€, por isso não vai ser o preço a marcar a diferença. O Born tem mais espaço mas a mala menor; o Megane tem melhor infotainment mas a posição de condução não é tão boa. Na dinâmica, o resultado final é muito ligeiramente favorável ao Cupra, mas os consumos em cidade do Megane são melhores. As diferenças são pequenas, mas o Megane E-Tech merece a vitória, por ser mais eficiente e mais fácil de usar no dia-a-dia. Mas pela margem mínima.

Francisco Mota

(fotos de João Apolinário)

 

Renault Megane E-Tech Electric EV60

Potência: 220 cv

Preço: 43 850€

Veredicto: 4 (0 a 5)

 

Cupra Born 58

Potência: 204 cv

Preço: 42 438€

Veredicto: 3,5 (0 a 5)

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