FCA US LLC's Automatic Emergency Braking (AEB) system delivers multiple alerts (PRNewsFoto/FCA US LLC)

A partir de 2021, todos os novos carros lançados no mercado vão ser obrigados a ter 11 ajudas à condução. Mas será que valem mesmo a pena? Ou servem outros fins?…

Mais uma exigência europeia aos construtores de automóveis que vendem carros na Europa: a partir de 2021, todos os novos modelos vão ser obrigados a ter de série 11 sistemas de ajuda à condução.

À primeira vista, esta decisão parece acertada, pois visa diminuir o risco de acidente por falha humana. Mas será que é mesmo assim?

Maior exigência

Cada vez mais os automóveis modernos estão a ser equipados com dúzias de sistemas de ajuda à condução, mas a minha experiência de os testar a todos, tem revelado que alguns desses sistemas trazem pouca ou nenhuma vantagem, podendo trazer até inconvenientes.

Sobretudo para os condutores menos interessados em saber como funciona e qual a maneira de reagir a cada um desses sistemas, a intervenção eletrónica na condução pode atrapalhar mais do que ajudar.
Mas vamos ver quais são esses 11 sistemas que passam a ser obrigatórios e ver o que valem realmente.

1 – Travagem avançada de emergência

O que faz? Deteta carros a circular a baixa velocidade, à frente, ou outros utentes da via, ou mesmo obstáculos imprevistos e trava o carro de forma automática, sem que o condutor tenha que tocar no pedal.

Vale a pena? Tenho testado vários destes sistemas que travam quando não devem (por exemplo, quando detetam um carro estacionado em cima do passeio, numa curva) e não travam quando se está à espera (por exemplo, no para-arranca). Se o sistema estiver devidamente afinado, vale a pena.

2 – Pré-instalação de medidor de alcolémia

O que faz? Permite a instalação futura de um medidor de alcolémia, que vai obrigar a soprar no sistema e medir o alcool no sangue. Se ficar acima do limite, o carro é bloqueado e não arranca.

Vale a pena? A ideia é boa, mas um pouco ingénua. O que impede o condutor de pedir ao passageiro do lado, que não tenha bebido, para ser ele a soprar no alcolímetro para desbloquear o carro?

3 – Deteção de cansaço e sono

O que faz? Um sensor em frente à cara do condutor mede o ritmo do pestanejar e outros gestos associados ao sono. Controla também para que direção o condutor está a olhar e dá aviso.

Vale a pena? Se funcionar bem, vale muito a pena, sobretudo numa altura em que quase todos os condutores passam grande parte do tempo a olhar para smartphone.

4 – Gravador de dados em caso de acidente

O que faz? Grava um conjunto de dados, como a velocidade, trajetória, atuação dos travões, da direção, travagem e outros. Serve para perceber o que aconteceu imediatamente antes do acidente.

Vale a pena? As seguradoras vão adorar este verdadeiro “big brother”, como é óbvio. Que ensinamentos poderá trazer em termos de conhecimento da dinâmica de um acidente, já é mais dúbio. Aliás, o que não faltam são dados sobre este assunto.

5 – Sinal de travagem de emergência

O que faz? Acende os quarto piscas em caso de travagem brusca, avisando quem vem atrás que pode ter acontecido algum incidente na estrada, e permitindo assim aos carros que seguem travar mais cedo e evitar outro acidente.

Vale a pena? Sim, porque muitos condutores ainda não fazem isso manualmente, nem seriam capazes de o fazer tão depressa. Contudo, alguns destes sistemas são francamente alarmistas, acendendo os quatro piscas quando a travagem nem sequer é assim tão forte. Em condução desportiva, são um incómodo permanente.

6 – Crash-test frontal e cintos de segurança melhorados

O que faz? O crash-test frontal passa a abranger toda a largura da frente, em vez de apenas metade e os cintos são reforçados.

Vale a pena? Claro que sim! Aumentar a severidade dos crash-tests obrigatórios é sempre uma boa ideia, pois os acidentes por distração ocorrem a velocidades mais altas. Melhorar os cintos de segurança é uma medida que só peca por tardia.

7 – Zonas de impacto para a cabeça de peões e ciclistas

O que faz? Obriga os carros a ter capóts com zonas “macias” que possam absorver o impacto das cabeças dos peões e ciclistas em caso de atropelamento. Também inclui para-brisas de segurança.

Vale a pena? O difícil é criar zonas amplas o suficiente para servirem tanto para peões como ciclistas, como utilizadores de trotinetes. O sistema mais seguro é o de ejeção do capót, mas é mais caro.

8 – Assistente inteligente de velocidade

O que faz? Usa o reconhecimento dos sinais de trânsito para detetar o limite de velocidade em cada zona, e limita automaticamente a velocidade do carro a esse valor.

Vale a pena? É o cúmulo do “big brother” para muitos condutores. Mas já o experimentei e o condutor pode sempre acelerar a fundo e desligar o sistema de imediato, o que é fundamental numa ultrapassagem.

9 – Assistente de manutenção de faixa

O que faz? Avisa e depois intervém na direção, mantendo o carro na sua faixa de rodagem, quando o condutor vai distraído.

Vale a pena? Para quem passa a condução com o smartphone na mão, é uma benção. Mas a sua atuação em alguns carros é demasiado brusca, ou demasiado branda.

10 – Crash-test lateral contra postes

O que faz? Obriga a reforçar a estrutura numa zona em que há pouco espaço para estruturas deformáveis. Levará ao desenvolvimento de melhores airbags laterais.

Vale a pena? Sem nenhum tipo de dúvida que sim. A competição automóvel, por exemplo os ralis, até podem ensinar alguma coisa sobre isto, pois evoluíram imenso nesta área, nos últimos tempos.

11 – Câmara de marcha-atrás e sensores de movimento

O que faz? A câmara deixa ver se algum utente da via está a passar atrás do carro, tipicamente em situações de saída de estacionamento, e pode chegar a travar automaticamente. Há sensores que podem fazer o o mesmo, mas sem imagem.

Vale a pena? Vale muito a pena. Evita possíveis atropelamentos difíceis de evitar. Evita acidentes para quem sai do estacionamento sem cuidado.

Conclusão

A maioria dos 11 sistemas que vão ser obrigatórios em todos os carros novos lançados a partir de 2021 valem a pena, pois proporcionam um real aumento de segurança. Alguns sistemas precisam se ser mais desenvolvidos, outros têm claramente uma faceta de “big briother”. A recolha, armazenamento e manipulação (venda) de dados relativos ao comportamento dos condutores está à espreita, em alguns destes sistemas.

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