A incessante procura de novos sistemas de segurança levou a Mercedes-Benz a desenvolver algumas soluções bem originais. O “braking bag” parecia uma boa ideia em 2009, mas…

 

O departamento de segurança experimental da Mercedes-Benz é famoso há muitos anos. O seu trabalho coloca a marca no topo das que mais investiram na segurança em caso de acidente, ao longo das décadas.

O seu programa de veículos experimentais ESF é disso um bom exemplo, pois têm servido para demonstrar as novas ideias dos seus técnicos.

O objetivo é sempre o mesmo: melhorar a segurança a bordo dos seus carros e evitar o acidente ou, pelo menos, reduzir as suas consequências.

Os exemplos são muitos, alguns foram desenvolvidos e chegaram mesmo aos modelos de produção em grande série, sendo hoje praticamente banais.

Mas outros ficaram pelo caminho, pelas mais variadas razões, como foi o caso do “braking bag”, apresentado em 2009.

Qual era a ideia?

A ideia era muito simples. Quando os sensores colocados no veículo experimental ESF 2009, um Classe S W221, concluíam que o acidente estava eminente – mais precisamente a 0,08 segundos do embate – era despoletado um airbag que estava situado entre o sub-chassis dianteiro e uma placa móvel sob o fundo do carro.

O enchimento imediato deste “braking bag” empurrava a placa violentamente contra o asfalto, com dois efeitos benéficos.

O primeiro efeito era um aumento da intensidade da travagem, pois a matéria metálica de que era feita a placa tinha alto atrito e assim contribuía para reduzir a velocidade.

A Mercedes estimava que a desaceleração provocada pelo atrito equivalia a aumentar o comprimento da zona de deformação dianteira em 180 mm, em termos do resultado de um acidente a 50 km/h.

A tendência da frente do carro em baixar, durante a forte travagem antes da colisão, fazia aumentar ainda mais as forças de atrito e potenciava o efeito.

O segundo efeito

O segundo efeito, talvez até mais relevante, era que, com o “braking bag” completamente insuflado, a frente do carro não “mergulhava” o que lhe permitia manter uma maior compatibilidade com o carro à sua frente, no momento do impacto.

A Mercedes anunciava que o “braking bag” evitava uma descida de oito centímetros da frente, sob forte travagem.

Ou seja, o para-choques do carro equipado com o “braking bag”, mantinha-se à altura normal, a mesma do para-choques do carro à sua frente.

Este vídeo mostra uma animação do sistema a funcionar:

https://www.youtube.com/watch?v=lKZspCU8q3Y

Deste modo, o choque acontecia entre as duas zonas melhor preparadas para o embate, em vez de o carro que batia por trás “mergulhar” sob a traseira do carro da frente.

Assim, não iria absorver o impacto com a zona da grelha e radiador, muito pior preparadas para dissipar a energia do choque.

Por que não foi para a frente

A ideia parecia boa e foram feitos testes que o comprovavam, mas um problema acabou por nunca ser solucionado.

Nunca foi encontrado um material suficientemente resistente, a um preço aceitável e capaz de manter o alto atrito, durante a sua atuação.

Se o princípio da travagem por fricção no asfalto nunca mais foi recuperado, já o efeito anti-mergulho acabou por ser conseguido com geometrias de suspensão específicas e com as suspensões pneumáticas de comando ativo.

Além do “braking bag”, o veículo experimental ESF 2009 tinha outras soluções como os airbags nos cintos e os faróis de LED adaptativos, que chegaram à produção.

Conclusão

A prova de que não é possível atingir grandes objetivos, sem alguns recuos pelo caminho, é dada por este “braking bag”, uma ideia que parecia mesmo boa. Mas, mesmo sem ter chegado à produção, este sistema contribuiu para outras ideias serem concretizadas.

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