31/07/2020. A notícia está a chocar os “puristas” mas a verdade é que os BMW M vão mesmo passar a ser elétricos. O M5 será o primeiro, já em 2024.”

 

Quem tem o mínimo de interesse por automóveis sabe que a letra M, quando colada na tampa da mala de um BMW, quer dizer uma só coisa: potência.

Na verdade, quer dizer mais do que isso, quer dizer que o carro em causa é um dos mais desportivos e divertidos de guiar do seu segmento, com prestações de topo e sensações únicas ao volante.

Entre os carros de série e a competição, a BMW sempre soube aproveitar muito bem o significado desta letra M, construindo uma potente sub-marca.

Mas os tempos dos grandes e potentes motores a gasolina, com centenas de “cavalos” e dezenas de litros de consumo, estão à beira do fim.

Uma questão de imagem

Não que a transição para a eletrificação seja uma questão de breve prazo, todos sabem que isso não será assim.

Mas a bandeira que a M representava, os valores que defendia e que “puxavam” pelo resto dos modelos da BMW, está a perder a cor.

A BMW decidiu não ficar à espera que as coisas aconteçam e que apareça algum político iluminado a propor a interdição de automóveis “altamente poluidores” como os M.

Por isso decidiu que a M vai continuar, mas com um futuro elétrico ou, pelo menos, eletrificado. E a primeira “vítima” será o M5.

M5 elétrico em 2024

As primeiras unidades de teste já andam nas estradas, disfarçadas de Série 5 normais.

O lançamento deverá acontecer um ano após o lançamento da próxima geração da Série 5, agendada para 2023 e terá duas versões, consoante os mercados.

O mais radical será o M5 elétrico, que terá três motores elétricos. Um para as rodas da frente e outros dois, para cada uma das rodas de trás. Terá uma arquitetura de 800 volt e uma potência total que deverá aproximar-se dos 1000 cv.

Ou seja, tração às quatro rodas e uma bateria de, pelo menos, 135 kWh, segundo inconfidências de uma fonte oficial (mas não identificada) da marca.

A “culpa” é da Tesla e da Porsche

Na verdade, não há que ficar muito espantado com esta transição, sobretudo depois de a Tesla ter mostrado a que níveis de potência máxima se pode chegar com um carro elétrico.

E de a Porsche ter provado que é possível ter uma dinâmica de exceção, mesmo com uma berlina elétrica, grande e pesada, como o Taycan.

Mas a BMW está a prever uma opção para os mercados onde os carros elétricos ainda não consigam sobreviver. A solução é, como seria de esperar, um “super-plug-in” a exemplo do que a Porsche fez com o Panamera.

O M5 PHEV terá menos potência, mas deverá ficar pouco aquém dos 800 cv, na potência máxima combinada do seu motor V8 biturbo e motor elétrico.

Memórias dos M5 do passado

Será o fim de uma era. Felizmente tenho o privilégio de ter testado todas as gerações do M5, exceto a primeira. E não preciso de dar grande estímulo à memória para me lembrar das sensações de cada um deles.

O primeiro V8 marcou um salto de potência e o acesso a uma incrível suavidade, na maneira como deixava o pé direito lidar com prestações muito fortes, sem a mais pequena hesitação.

Quando passou para o V10, o choque de o guiar pela primeira vez continua a ser uma das sensações mais radicais de sempre: um motor enorme, mas que obrigava o condutor a levar o conta-rotações ao red-line para dele tirar o máximo. De longe, o mais emocionante.

E depois, os V8 biturbo. Já poucos se lembram, mas a passagem dos M para a sobrealimentação foi um “escândalo” tão grande no M5 como o foi no Porsche 911.

Só que o trabalho feito pelos homens da M foi tão bom, que o gigantesco binário fez esquecer (não fez…) a brutalidade do V10, fazendo subir novamente o nível de prestações.

E nem mesmo a passagem para a tração às quatro rodas foi um problema, pois os homens da BMW deixaram a hipótese de ligar só a tração traseira, para acabar com os pneus em poucas curvas.

Conclusão

O M5 será só o primeiro M elétrico. Os outros vão a seguir. Mas os homens da BMW não estão preocupados, acreditando que vão conseguir manter o prazer da condução nos M, mesmo elétricos. Veremos.

Francisco Mota

Para percorrer a galeria de imagens, clicar nas setas

Ler também, seguindo o LINK:

Nova grelha: BMW foi obrigada a mudar, saiba porquê