Nada a ver com a famosa revista masculina (em princípio…), mas tudo a ver com a tipologia de apartamento luxuoso, lá no topo e com o céu como teto. O “8” cabrio é isso tudo e muito mais.

 

O novo Série 8 cabrio, que toma o lugar do anterior Série 6 cabrio (curiosamente é um pouco menos comprido) é daqueles carros que cumpre com distinção uma enorme lista de requisitos.

Por mais que se queira encontrar um defeito que justifique virar-lhe as costas e ir à procura de outro carro de luxo – estamos a falar de 130 500€, sem opcionais e de 151 810€, para um exemplar bem equipado como o que guiei – a verdade é que não é fácil.

Resposta para tudo

É descapotável de luxo, mas leva quatro adultos e tem capota de lona, que abre e fecha num espetáculo de contorcionismo que dura só 15 segundos. Pode ser visto em andamento até aos 50 km/h. Realmente impressionante.

É um desportivo elitista, com um motor 3.0 de seis cilindros em linha, 320 cv e 680 Nm – abate os 0-100 km/h em 5,2 segundos – mas que gastou só 8,6 l/100 km de gasóleo, na média deste ensaio.

Pesa 2030 kg, mais 125 kg que o coupé, mas nas estradas em que o guiei, ninguém diria, com o acelerador a responder com uma ligeireza que mais parece um carro elétrico.

Dá ideia que os homens da BMW se apostaram em tramar a vida aos potenciais críticos.

Punho de vidro?!

Pela minha parte, aceito o desafio e aponto a crítica mais grave, a mais inadmissível num BMW, a que mais me chocou e desagradou: o punho da alavanca da caixa em vidro facetado. Dizer que é piroso é fazer-lhe um elogio…

Mas vamos retomar a sequência clássica de um teste a um carro. Começando pelo estilo, marcado pelos faróis mais baixos e esguios de todos os BMW atuais e por uma tampa do compartimento da capota com duas bossas.

Olhando para as grelhas dos novos Série 7 e X7, é um “alívio” ver que no 8 os estilistas evitaram o duplo rim “insuflado”.

E a passagem de coupé para cabrio, trouxe ainda mais elegância, mais charme, tanto com a capota para baixo como para cima. Muito melhor que o antigo Série 6 cabrio.

E por dentro?

O habitáculo não terá tanto espaço quanto se poderia esperar e os 350 litros da mala ficam seriamente diminuídos, quando se recolhe a capota. Para dois, é um GT de grandes viagens, para quatro, é melhor reduzir a duração do passeio.

A posição de condução é relativamente baixa, muitíssimo bem enquadrada com o volante e com todos os comandos e instrumentos. Fecha-se a porta e fica-se logo “em casa”.

Continuo a não gostar do painel de instrumentos digital, comum a outros novos BMW, porque não tem a opção de um visual clássico de instrumentos circulares.

Mas o monitor central é excelente, na leitura, na lógica e no manuseamento: é tátil, tem comandos por voz, comandos por gestos (limitados e pouco fiáveis) e pelo iDrive. São capaz de ser opções a mais…

Com muitos modos

Pior são os botões de comando da climatização, injustificadamente pequenos e difíceis de usar. Por baixo, lá está a linha de botões numerados, para memorizar as estações de rádio ou outras funções: duvido que alguém ainda os use.

A consola tem o mais importante, agregado em grupos. A mim interessa-me sempre mais o grupo da dinâmica, para escolher entre os modos de condução Comfort/Eco Pro/Sport/Sport Plus e ainda o Adaptative, que me pareceu o melhor para a maioria das situações: percebe o que o condutor quer e faz o que diz no letreiro: adapta-se.

Conforto não falta

Nas voltas da cidade, impressiona como os amortecedores pilotados são suficientes para manter um conforto muito bom no mau piso, mesmo com jantes de 20” e pneus de perfil 35, atrás.

A caixa automática de oito relações é super-suave e depois a direção às rodas traseiras faz a sua magia, deixando o 8 esgueirar-se por espaços onde parecia mesmo que ia ser preciso fazer marcha-atrás.

O motor acode ao mais pequeno movimento do pé direito, fazendo avançar este 840d com total suavidade e o ruído do Diesel está bem controlado.
Na cidade, espalha o seu charme, que seria maior com outra cor que não este branco. E na estrada?…

Capota para baixo

Ao primeiro raio de sol, dedo no botão e capota para baixo. Deixando os quatro vidros para cima, os turbilhões que entram no habitáculo quase nem chegam para estragar o penteado, até aos 120 km/h.

Para quem se quiser dar ao trabalho, pode sempre montar a rede anti-turbilhão, atrás dos lugares da frente, para ficar protegido a velocidades mais altas. Mas os lugares de trás deixam de ser utilizáveis, como é lógico.

Mesmo com todos os vidros descidos, é possível gozar os prazeres de um descapotável sem demasiado desconforto, mas numa atitude um pouco mais rebelde, um pouco mais “cabelos ao vento”. Por vezes, sabe bem.

Bom de guiar

Mas se pensa que este grande descapotável é só um GT para viagens à beira-mar, está a esquecer-se que os engenheiros da BMW nunca fazem “só” isso. Tudo o que sai de Munique tem que ser interessante de guiar, de uma maneira ou de outra.

E o 840d Cabrio espanta. Desde logo pela rigidez, perdida quando cortaram o tejadilho a esta versão da plataforma CLAR, mas recuperada com barras de trancamento sob o piso, reforço no aro do para-brisas e utilização de peças em alumínio, magnésio e fibra de carbono.

Resultado, quase não há vibrações no para-brisas, nem na coluna de direção, nem no banco.

Desportivo?… Sim!

Levo-o para a Serra, à espera que se sinta o peso e o tamanho. Mas não. A cada golpe de volante, para acertar na trajetória da próxima curva, a direção responde com precisão e rapidez.

É claro o contributo da direção atrás, mas sem nunca deixar de se sentir natural. Sair de frente, só com um notável exagero.

A extração da curva faz-se sem cerimónias com o acelerador, porque a tração às quatro rodas está lá com o mesmo intuito de tornar o 8 ágil.

Vai sempre um pouco mais de binário para as rodas de trás. Por isso as curvas lentas e médias são sempre rematadas com um “powerslide” a pedir correção, em modo Sport Plus e mais ainda com o ESC desligado.

“Som” do motor era escusado

Chega a ser desconcertante ver como um carro tão grande digere encadeados apertados como se tivesse metade do tamanho. A única coisa que se nota é mesmo a largura, o 8 ocupa muita estrada e, quanto a isso, não há nada a fazer.

Mas a maneira como a tração integral, a direção atrás e a disponibilidade do motor Diesel trabalham em conjunto para fazer “encolher” o 8 é notável.

E depois é pôr o pedal a fundo, sentir o motor a esgotar cada mudança em menos de nada, obrigando a gatilhar nas patilhas em modo rajada, deixando mais uma reta para trás. Até à próxima travagem forte, que o sistema suporta sem queixas.

Conclusão

Críticas? O som sintetizado do motor Diesel é muito exagerado em modo Sport Plus, não é agradável nem desportivo.

De resto, a ritmos de condução “dementes”, começa a notar-se a suspensão um pouco macia, perdendo-se um pouco de precisão no controlo das massas. Nisto, o coupé é logicamente melhor.

Voltando a uma condução normal, o 8 Cabrio encanta pelo pisar refinado, pela fluidez da sua condução, só manchada pelo sistema ativo de manutenção de faixa, tão brusco que me levou a desligá-lo logo nas primeiras centenas de metros.

Um grande descapotável de luxo faz sentido com motor Diesel? Sinceramente, o combustível que o seis cilindros queima foi a última coisa com que me preocupei. A não ser quando olhava para o computador de bordo e não o conseguia fazer subir dos 14 l/100 km, por mais exageros que fizesse.

Potência: 320 cv
Preço: 130 500€
Veredicto: 4,5 (0 a 5)

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